Gerente de Meio Ambiente da LAN explica os entraves para a diminuição do impacto ambiental do setor de aviação
Enrique Guzmán é gerente de Meio Ambiente da LAN Airlines e está à frente do projeto de biocombustíveis da empresa. Em agosto, o grupo Latam, ao qual a empresa pertence, promoveu seu terceiro voo teste com biocombustível. Em entrevista por e-mail, Guzmán mostra a importância da iniciativa para outra grande meta: o compromisso voluntário de redução de emissões de CO2.
O investimento em desenvolvimento de biocombustíveis de aviação é muito alto. A LAN vislumbra um retorno desse investimento?
Os três voos realizados pela TAM Linhas Aéreas e LAN Airlines demonstram o grande interesse do grupo em implementar futuramente o biocombustível em suas operações. Mesmo que, em curto prazo, a holding não venha a operar regularmente com biocombustível, essas iniciativas são um chamado para o desenvolvimento futuro do setor.
A meta da LAN é que, em 2020, seu consumo de biocombustível alcance 1% do total de combustíveis da companhia. A indústria aérea e o mundo tecnológico têm dado grandes passos para que metas como essa se tornem realidade. Hoje, enfrenta-se a etapa de industrializar a produção deste insumo, para assim haver um abastecimento constante num médio prazo. Atualmente, não há oferta suficiente de biocombustível que permita seu uso regular nos voos. Além disso, é preciso contar com sistema de infraestrutura que permita o armazenamento e abastecimento das aeronaves com biocombustível nos aeroportos pelo mundo.
Quais são os gargalos estruturais para Colômbia e Brasil ampliarem a produção de biocombustíveis de aviação?
A indústria dos biocombustiveis de aviação precisa de mais apoio em termos de políticas públicas que incentivem os cultivadores de suas matérias-primas a ter mais áreas cultivadas, mais biomassa e até uma biorefinaria, que seria a primeira na Colômbia ou no Brasil. Dessa forma, seria possível ter um abastecimento maior de biocombustível no mundo, com um custo mais competitivo.
Por outro lado, os dois países estão estrategicamente posicionados para produzir biocombustíveis devido ao seu clima, à disponibilidade de áreas para cultivo e à localização geográfica. Eles também têm um marco regulatório que estimula a produção e a comercialização de biocombustíveis.
A LAN, em sua pesquisa, tem ações para garantir que a produção de biocombustíveis não pressione a produção de alimentos e nem áreas de proteção ambiental? Quais?
Os biocombustíveis como os utilizados nos três voos das empresas do Grupo LATAM Airlines são obtidos a partir de matérias-primas que não concorrem com fontes de alimento ou recursos básicos utilizados por seres humanos. As plantações não utilizam superfícies cultiváveis pelo homem, o que é essencial para o desenvolvimento desse recurso em escala e para preservação do planeta. Além disso, estamos fazendo alguns estudos na região para poder identificar as melhores localidades para cultivo por clima, solo e políticas públicas.
Aparentemente, a participação de até 1% de biocombustíveis nas operações é baixa em relação à diminuição de emissão de gases de efeito estufa, tendo em vista a grande meta de redução de 50% na emissão até 2050. Que outras ações estão planejadas e sendo executadas, com vista a 2050?
A LAN assumiu um firme compromisso de cuidar do meio ambiente, o que já se materializou em diversos tipos de medidas que também beneficiam as comunidades onde a empresa opera. Tal atuação vem em linha com as diretrizes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) em termos de políticas voluntárias por parte das companhias aéreas de reduzir as emissões de CO2: avanços tecnológicos, medidas operacionais, infraestrutura e melhorias na gestão do tráfego aéreo. (Confira as inciativas de redução de emissões da empresa em seu relatório de sustentabilidade.)