Da saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, uma conclusão é possível: se a ex-ministra perdeu alguma batalha significativa – que não é só dela, mas de todos os que advogam pela sustentabilidade –, foi a da comunicação. Tomando-se comunicação como o “entendimento do outro”, é preciso reconhecer que os defensores de um novo modelo de desenvolvimento não conseguiram se fazer entendidos. O diálogo se perdeu não pela consistência do argumento de seus opositores, mas sob a força de interesses hegemônicos e de uma visão simplista, segundo a qual Marina, entrevistada nesta edição, personificava um entrave ao crescimento.
Pouco foi e ainda é pouco compreendida a sua maior bandeira, a da transversalidade, ou seja, a idéia de que a questão socioambiental permeia a sociedade e por isso deve ser contemplada nas políticas das diversas pastas e alas do governo. Tal qual a sustentabilidade, a comunicação também é fenômeno transversal, à medida que perpassa tudo e todos. Usar seus meios é forma eficaz de transformar a sociedade, como mostra o material especial deste número.
Mas para isso é preciso lançar mão da ética, da democracia e, antes de tudo, da educação, a fim de formar cidadãos esclarecidos e questionadores, capazes de usar os meios de comunicação para dar vazão à multiplicidade de opiniões. E, assim, criar uma verdadeira rede, em contraposição ao pensamento hierárquico e hegemônico.
Comunicar em redes é mostrar que não há verdades absolutas e que somente um debate conjunto, com equilíbrio de forças – seja dentro, seja fora dos governos –, será capaz de encontrar soluções para os complexos problemas socioambientais, transversais a cada um de nós.
Boa leitura!