Dezembro de 2013 entrou para a história como a data em que o sul-africano Nelson Mandela morreu, deixando um exemplo de vida e legado histórico de lutas sociais. Em paralelo, foi em um mês de dezembro que outro líder se foi. Há 25 anos, o brasileiro Chico Mendes, que atuava então como líder seringueiro, foi assassinado, marcando para sempre o movimento socioambiental.
Um breve paralelo entre alguns pontos na vida de ambos foi feito por Claudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônia Viva, do WWF. Ele conheceu o sul-africano em 2003, quando era vice-presidente regional da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da UICN, coordenador do apoio do WWF-Brasil ao Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), e um dos participantes do IV Congresso Mundial de Parques da UICN. O reencontro foi em 2007, quando conversou pessoalmente com Mandela.
Leia os trechos do relato de Maretti, divulgado pela WWF, a seguir.
Os exemplos de Nelson Mandela e Chico Mendes
Por Claudio Maretti
Em 2003, a cidade de Durban, na África do Sul, recebeu o IV Congresso Mundial de Parques da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). As palavras proferidas por Nelson Mandela durante a abertura do congresso foram uma inspiração muito especial, tendo o líder global destacado a importância e o papel das áreas protegidas.
Nelson Mandela nos lembrou como a natureza é maravilhosa e como temos responsabilidade sobre ela. Destacou que o mais interessante é podermos conservá-la para construir um mundo melhor para a humanidade, e como as áreas protegidas podem e devem ser o centro de soluções para esse mundo, mais sustentável, mais justo.
Esse mês de dezembro em que o mundo perde Mandela, também é marcado pelos 25 anos da morte de Chico Mendes. O líder brasileiro ajudou a propor e construir uma solução para conflitos sociais por meio da conservação da floresta, particularmente na Amazônia. As reservas extrativistas, que são áreas protegidas e, portanto, têm também objetivos de conservação da natureza, representam esse apoio direito às necessidades sociais que Mandela nos lembrava em 2003.
Não podemos nos esquecer que as áreas protegidas prestam serviços sociais, econômicos e culturais muito mais amplos, inclusive ajudando a manter o abastecimento de água de qualidade em cidades, e minimizando os impactos das chamadas “catástrofes climáticas”.
Em mais um retorno à África do Sul, em 2007, como membro do Conselho Mundial da UICN, pude encontrar Mandela pessoalmente e agradecê-lo por seu exemplo. Que ele e o seu legado, bem como o de Chico Mendes, nos guie para sabermos sempre ter a natureza como solução para construir esse mundo melhor.