Neste domingo, a violência da polícia brasileira fez mais uma vítima: a cidadã Claudia Silva Ferreira, baleada pela Polícia Militar na sua própria comunidade, no Rio de Janeiro. Ela era mãe de quatro filhos e, como tantas outras mulheres brasileiras, responsável pela criação de mais quatro crianças da família. Claudia era negra, pobre e moradora de uma comunidade carente, assim como a esmagadora maioria dos brasileiros vítimas da violência – institucional ou não.
A situação lamentável não só expõe o despreparo da polícia, mas também a maneira como a sociedade naturalizou a violência que acontece fora das áreas nobres da cidade. O professor da UERJ e ex-subsecretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Soares, lembra que cada morte deveria causar desconforto: “A cidade não pode dormir sobre tantos corpos e tanta dor. E despertar amanhã para outro dia, mais uma vez, indiferente ao genocídio”. Claudia é mais um símbolo triste da luta pelos direitos da população que vive no fogo cruzado da guerra entre polícia e bandido, em que muitas vezes não se sabe quem é quem.
Para registrar o luto, mas também o respeito, o think tank feminista Think Olga propôs o projeto 100 vezes Claudia. A ideia é expor artes colaborativas que ajudassem a retratar Claudia com a humanidade que merecia, para além dos clichês do noticiário sensacionalista. “Cláudia também tinha família. E sonhos, coragem, dores e medos como qualquer ser humano”, descreve o site do projeto. Em menos de 24 horas, mais de 100 homenagens de diversos artistas chegaram e podem em breve formarão uma exposição. Confira algumas das artes: