Índice mapeia dez questões relacionadas à exploração sustentável e mostra que o País precisa cuidar melhor de seus mares
Pela primeira vez, os mares do Brasil receberam uma análise de sua saúde – biológica, física, econômica e social – para mensurar o quão sustentável é a exploração que sofre. Os resultados mostram uma situação mediana e expõem o desafio que o País tem pela frente quando o assunto é a proteção de seu bioma marinho. A nota nacional foi 60 em uma escala de zero (pior resultado) a 100 (melhor).
O chamado Índice de Saúde do Oceano do Brasil (OHI-Brasil, em inglês) foi lançado na última quarta-feira, 2 de abril, na revista científica PLOS ONE. Baseado na definição em que “um oceano saudável oferece de forma sustentável uma série de benefícios para as pessoas, hoje e no futuro”, o estudo mapeou dez metas nos 17 estados na costa brasileira. São elas: provisão de alimentos (pesca e aquicultura); oportunidade de pesca artesanal; produtos naturais; armazenamento de carbono; proteção costeira; subsistência e economias costeiras; turismo e recreação; identidade local; águas limpas e biodiversidade. Os dados que puderam ser utilizados são referentes a 2012.
Cada estado teve uma nota própria como forma de respeitar e entender melhor as diferenças regionais. O Rio de Janeiro teve a melhor (71) e Piauí a pior (47). Esses resultados podem ser explicados porque para o estado fluminense a meta Turismo e Recreação, por exemplo, recebeu nota 100 enquanto para o Piauí, nota 1. Esse estado do Nordeste também se saiu mal no quesito aquicultura (nota 1).
Na média nacional, as melhores índices foram para Armazenamento de Carbono (89), Proteção Costeira (92) e biodiversidade (85) – todas dependentes da saúde dos habitats marinhos. Já Produtos Naturais (29), Turismo e Recreação (31) e Provisão de Alimentos (36) foram os menores.
A pontuação baixa para Produtos Naturais indica que o País não está utilizando da maneira apropriada os recursos não-alimentares disponíveis. “Seria proveitoso rever essas oportunidades de produção sustentável”, afirma Cristiane Elfes, esquisadora da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e coordenadora do estudo – que contou com colaboração de outras universidades americanas e da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil).
Outro ponto de destaque, de acordo com Guilherme Dutra, diretor do Programa Marinho da Conservação Internacional e coautor do estudo, é a pequena área protegida no mar, que não chega a 0,35% – ou 1,6% se considerarmos as Áreas de Proteção Ambiental.
O OHI-Brasil é uma variação do estudo global lançado em 2012 em um trabalho colaborativo de várias universidades e ONGs. Para conferir os detalhes do índice acesse seu site. Leia também a edição especial sobre oceanos que PÁGINA22 publicou em outubro do ano passado.