POR MAGALI CABRAL
Um ano e meio depois da crise hídrica instalada, o governo de São Paulo reconheceu oficialmente, por meio de uma portaria publicada em 19 de agosto, que a situação na Grande São Paulo é crítica. A portaria é um instrumento através do qual é possível suspender licenças de captação particular para priorizar o abastecimento público e acelerar a obtenção de licenças ambientais.
A medida poderá também servir de alerta aos que já começam a deixar a torneira mais tempo aberta. Segundo levantamento da Lello, administradora de condomínios no Estado – feito com base nas contas de água de 1,7 mil edifícios residenciais da capital paulista, ABC, Campinas e litoral do Estado –, a adesão dos moradores ao uso racional de água diminuiu justamente depois da estação mais chuvosa. Em junho, apenas 76% dos condomínios economizavam água em relação aos seus consumos médios, contra 82% em abril.
Mesmo não sendo uma redução expressiva na adesão das campanhas de consumo racional, é o suficiente, segundo a empresa, para acender um sinal “amarelo”. A esta altura a luz vermelha talvez fosse mais apropriada, já que a amarela representa a realidade dos últimos e dos próximos anos. Agosto foi o mês mais seco da história para o Sistema Alto Tietê, responsável pelo abastecimento de 4,5 milhões de pessoas. No dia da publicação da portaria, esse sistema operava com apenas 15% de sua capacidade.
Embora a medida do governo se refira apenas à Grande São Paulo, a situação no interior do estado não é melhor. No mês passado empresas de saneamento, indústrias, agricultores e pecuaristas tiveram de reduzir, pela primeira vez na história, a captação de água na Bacia do Rio Camanducaia, na região de Campinas. Em meados de agosto, segundo os órgãos reguladores, apenas 1.320 litros por segundo de água passavam pelo rio, quando o normal é passar de 2.000 l/s.
A restrição à captação atingiu dez municípios parcial ou totalmente: Amparo, Holambra, Jaguariúna, Monte Alegre do Sul, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Santo Antônio de Posse, Serra Negra e Socorro.