A reunião de cúpula do governo que definiria, hoje, a proposta brasileira para a Conferência do Clima (COP 15) terminou sem consenso. O presidente passou a bola para os ministros que devem se reunir novamente no próximo dia 14, conforme noticiou a Folha Online.
O adiamento é decepcionante, especialmemte depois que um estudo realizado pela Rede Clima (grupo de cientistas chefiado por Carlos Nobre, do INPE, e vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia), divulgado hoje pela Folha de S. Paulo, aventava a redução da trajetória de emissões brasileiras em 35% para 2020.
Essa marca é muito próxima da defendida pelo Ministério do Meio Ambiente, de 40%. As discordâncias entre MMA e MCT são um dos principais entraves para que o Brasil tenha uma proposta oficial finalizada. Já que a Rede Clima é composta por especialistas selecionados pelo MCT, esperava-se que o resultado do estudo pudesse facilitar o acordo entre as duas pastas.
O único ponto pacífico dentro do governo é a redução em 80% do desmatamento na Amazônia, em relação à média de 1996 a 2005 (cerca de 19 mil km²). Com isso, estima-se que o Brasil já reduziria a projeção de emissões até 2020 em cerca de 20%. Para reduzir ainda mais, seria preciso atacar as emissões de setores como agropecuária, transportes e energia, além do desmatamento em outros biomas como Cerrado e Caatinga. Mas, quanto a isso, não há acordo entre os ministros.
A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, saiu da reunião minimizando a necessidade de uma meta numérica para o Brasil e avisou que a reunião do dia 14 não terá esse objetivo. No entanto, uma proposta sem números contraria o acordo de Bali (COP 13, em 2007) através do qual o Brasil e outros países em desenvolvimento concordaram em tomar medidas “mensuráveis”, além de “reportáveis e verificáveis”.