Um movimento de países orquestrados pela China tem colocado pedras no caminho da norma ISO 26000 – um guia de diretrizes em responsabilidade social, que é de uso voluntário pelas empresas e se encontra em reta final de homologação. Ainda em 2008, a chancelaria chinesa chegou a enviar uma carta ao Itamaraty no Brasil e a outros países, com o argumento de que a entidade certificadora (a ABNT, no caso brasileiro), estaria aceitando regras contrárias aos interesses de países emergentes. Tal alegação segue a mesma linha usada nas negociações sobre mudanças climáticas para rechaçar compromissos dos países em desenvolvimento de reduzir emissões.
Segundo Aron Belinky, secretárioexecutivo do Grupo de Articulação das ONGs brasileiras na ISO 26000, o intuito da China e alguns representantes de países como Índia, Indonésia, Malásia e Arábia Saudita, é reduzir as expectativas que a norma trará. Embora não possa ser usada como base para um selo, a ISO 26000 reconhece a importância de processos de certificação na área da responsabilidade social (acesse a última versão da norma). “Sob o pretexto de expurgar as menções a tratados internacionais e a tudo que seja passível de certificação, vemos uma tentativa de inviabilizar a norma. Esse tipo de posição, entretanto, só reforça a certeza de que a ISO 26000 está no caminho certo, e fará uma diferença”, diz.
A norma agora está em votação pelos 105 países que são membros plenos da ISO. Os ajustes finais serão feitos em maio de 2010, para finalmente ser publicada em setembro. Independente do que as pressões lideradas pela China conseguirem como resultado, fato é que as diretrizes já estão escritas e acordadas, prontas para serem colocadas em prática. “Muitas empresas associadas ao Ethos, por exemplo, já estão trabalhando na sua implementação”, diz Belinky.