Na última década, o Brasil avançou bastante na contenção do desmatamento da floresta amazônica. De acordo com dados do governo federal, a taxa anual de desmatamento na área da Amazônia Legal (que compreende os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins) caiu 82% entre 2005 a 2014.
Uma das ferramentas mais importantes para viabilizar essa redução significativa do desmatamento da Amazônia é a tecnologia – no caso, o desenvolvimento de sistemas de monitoramento via satélite, como o PRODES e DETER (administrados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial/INPE) e o SAD (gerenciado pela ONG Imazon). O monitoramento permite observar possíveis mudanças na cobertura florestal no decorrer do tempo em diferentes áreas na Amazônia Legal. Com essa informação em mãos, as autoridades conseguiram melhorar a fiscalização in loco, essencial para restringir o desmate ilegal.
Mesmo com o sucesso do uso dessas ferramentas tecnológicas para redução do desmatamento, a taxa de desmate na Amazônia continua significativo – tanto que, a despeito dos avanços da última década, o Brasil continua sendo o país tropical que mais perde cobertura florestal a cada ano. Assim, para continuar e aprimorar o sistema de controle e combate ao desmatamento, o Brasil precisa de novas ferramentas, que consolidem informações mais precisas e mais frequentes sobre a cobertura florestal na Amazônia Legal.
Para isso, a Global Forest Watch lançou no dia 24 de agosto o sistema GLAD, que oferece alertas semanais sobre perdas de cobertura florestal no Brasil. Criado pela Universidade de Maryland (Estados Unidos), o Google e o World Resources Institute (WRI), este sistema utiliza dados de satélite para monitorar a situação das florestas brasileiras de forma rápida e com maior precisão em comparação com os sistemas já existentes.
O sistema GLAD identifica áreas com maior probabilidade de apresentar perdas na cobertura florestal a partir de imagens geradas pelo satélite Landsat, o que permite oferecer alertas mais frequentes e com melhor resolução. Cada alerta cobre uma área de 900 metros quadrados. Os alertas são disparados a cada nova imagem gerada pelo satélite, que serão disponibilizadas no máximo a cada oito dias.
A alta resolução das imagens do Landsat pode ser bastante útil no combate ao desmatamento de pequeno porte – com a melhoria na fiscalização do desmatamento de grandes áreas, os traficantes de madeira ilegal adaptaram sua operação e reduziram as áreas de exploração, de forma a escapar do monitoramento via satélite.
Além disso, o sistema GLAD expande o monitoramento da cobertura florestal para o todo o Brasil, e não apenas à região da Amazônia Legal (como são os casos do PRODES/DETER e SAD). Assim, biomas igualmente ameaçados, como o Cerrado e a Mata Atlântica, poderão ser monitorados via satélite.
Por fim, um diferencial deste sistema é a disponibilização dos dados de forma aberta ao público em geral, que ganha uma ferramenta para contribuir com a continuidade dos esforços nacionais de combate ao desmatamento. O envolvimento do público no monitoramento da cobertura florestal é importante para reduzir o tempo de resposta das autoridades na fiscalização de áreas sujeitas à derrubada de árvores. Qualquer pessoa pode se inscrever para receber informações semanais sobre o monitoramento de qualquer área e compartilhar essas informações publicamente.