Quando a realidade é muito dura à sua volta, nada como encontrar pessoas que enfrentam situações semelhantes e sonham em transformá-las. Mesmo que elas estejam a quilômetros de distância. O fenômeno das redes on-line possibilitou que pares se encontrem, conversem e desabafem para fazer frente aos desafios do seu dia a dia. Além de facilitar o compartilhamento e a disseminação de soluções criativas e inovadoras.
Ciente do poder dessa conexão, nasce no Brasil uma proposta inédita, a formação da rede Internacional das Periferias, lançada pelo Instituto Maria e João Aleixo. Este, por sua vez, criado pelo Observatório das Favelas, é uma organização voltada para firmar uma agenda de Direitos à Cidade, através da ressignificação das favelas e melhores políticas públicas. “Periferia é plural. Não existe modelo único. Reuniremos pessoas de diferentes periferias do mundo para que, juntas, por meio de vivências e trocas, formulem um novo pensamento sobre seus territórios. Um olhar transformador que desperte para as diversas realidades e potenciais que elas contêm”, diz Eliana Sousa Silva, filha de Maria e João Aleixo, criadora das Redes de Desenvolvimento da Maré e idealizadora do projeto.
Como base para essa rede, o instituto selecionou, em 2017, dez bolsistas para um programa de formação com residência no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, entre os quais seis participantes da América Latina (três de diferentes estados do Brasil), três de países africanos e um de Portugal, priorizando grupos historicamente marginalizados. Estes construirão em conjunto uma visão tomando por base a vitalidade da comunidade, que possa ser uma referência para o fortalecimento da democracia contemporânea.