Da ideia de ensinar, durante cinco sábados, moradores do Capão Redondo a fazer fanzines, as jornalistas Amanda Rahra e Nina Weingrill construíram um laboratório intenso de descobertas das periferias na Grande São Paulo. “Começamos como voluntárias e foi impossível parar”, relata Rahra. “A formação que oferecemos parte da mão na massa, da ação. Isso abre a percepção dos participantes tanto para as realidades a sua volta quanto para suas próprias habilidades e identidade”.
Na Escola de Jornalismo que mantêm desde 2009, já se graduaram mais de 300 jovens de bairros afastados, por meio de bolsas de estudo conquistadas em disputado processo de seleção. Em 2017, foram 270 inscritos para as 10 vagas disponíveis.
Os escolhidos desenvolvem visão crítica das mídias, aprendem técnicas de trabalho nas variadas linguagens e realizam suas próprias produções. Entre elas, destaques como “Identidade Parcelada”, reportagem multimídia sobre consumo e influência de marcas na juventude da periferia; “Menina Pode Tudo”, investigação sobre machismo e violência nas periferias de cinco capitais; “Jovens Políticos“, grande reportagem sobre a bancada jovem na Câmara dos Deputados; e o “Prato Firmeza”, primeiro guia gastronômico das periferias de São Paulo.
O aprendizado engloba modelos de negócios e como gerar renda com um jornalismo diverso, plural e de qualidade. A iniciativa, batizada de É Nóis – Inteligência Jovem, conta hoje com ensino on-line e uma agência de notícias sobre as periferias, além de parcerias com veículos da grande imprensa para difundir os conteúdos de seus alunos.