Localizado no Distrito Industrial, coração da Zona Franca de Manaus, o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) reflete o movimento de interação entre pesquisa científica e demandas de mercado para serviços e produtos inovadores da biodiversidade amazônica. Com a busca por modernização dos laboratórios e a abertura dos espaços para o empreendedorismo e novos conceitos de cooperação, o antigo prédio de arquitetura futurística que simboliza a riqueza biológica da região se aproxima das demandas da sociedade.
Em julho de 2023, a instituição ganhou novo perfil jurídico para atrair parcerias de negócios e se consolidar como referência de colaboração entre atores do ecossistema da bioeconomia. Por mais de duas décadas, o então Centro de Biotecnologia da Amazônia foi mantido pela administração pública federal com limitações nos investimentos e na interação com o mundo empresarial. A inclusão de “bionegócios” no nome sinaliza os novos tempos. Hoje o CBA opera no modelo de parceria público-privada, sob a gestão de uma organização social – a Fundação Universitas – em consórcio com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).
“A ideia é sermos o maior parque tecnológico e hub de negócios em bioeconomia da Região Norte, contribuindo na elaboração de normas e prevendo o desenvolvimento de um futuro polo de bioindústrias”, revela Marcio Santos de Miranda Santos, diretor geral do CBA. Para além de um centro promotor de bionegócios, a ambição é tornar-se um lugar para o debate sobre modelos de desenvolvimento regional.
Junto ao portfólio de novos produtos, a novidade está no CBA Open – espaço que abre as portas do centro para a coprodução de inovação, com estrutura de coworking compartilhada entre startups, empresas, eventos e escritórios de órgãos federais como o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A estratégia inclui serviços tecnológicos sob demanda para escalonar processos e levar produtos ao mercado.
O contrato de gestão prevê investimento mínimo de R$ 48 milhões em quatro anos. A meta, porém, é atingir um valor bem maior, em torno de R$ 120 milhões, no período, via recursos obrigatórios da Lei de Informática, agências de fomento e ampliação de fontes de financiamento, como o Fundo Amazônia, além das receitas de contratos com serviços e tecnologias.
A estrutura possui central analítica para testes de qualidade em produtos naturais, como óleos para cosméticos, alimentos e outros bioinsumos de interesse comercial. Entre as exigências de mercado está, por exemplo, o controle da aflatoxina gerada por fungos na castanha.
Na linha de novos materiais e energia, os laboratórios pesquisam o aproveitamento de resíduo agroindustrial com potencial de agregar valor a produtos na sociobiodiversidade. Bioinsumos agrícolas (defensivos e fertilizantes) são obtidos via biotecnologia a partir de um banco genético com mais de 3 mil amostras de microrganismos. Na tecnologia vegetal, os pesquisadores desenvolvem e selecionam mudas para culturas agrícolas de aplicações medicinais e até industriais, como é o caso do curauá. Plantas da espécie, semelhante ao abacaxi, são fornecidas para projeto inovador de produção de bioplástico em uma indústria da Zona Franca de Manaus.