Por Flavia Pardini
A famosa rabitt-proof fence, uma cerca construída há 102 anos para evitar que o Oeste da Austrália fosse invadido por coelhos importados da Europa em 1859, não impediu que os animais se espalhassem pelo país, mas tem ajudado os cientistas a compreender as implicações do uso da terra para o clima local.
Uma das poucas estruturas feitas pelo homem que pode ser vista do espaço, a cerca separa a região agrícola do estado de Western Australia de uma enorme porção de terra, de propriedade do governo federal, em que prevalece a vegetação nativa. Nas fazendas do lado oeste, produz-se cerca de 50% do trigo exportado pela Austrália. Do outro lado, verdeja a vegetação conhecida como mallee, dominada por eucaliptos e arbustos. Sobre a vegetação nativa geralmente há nuvens, enquanto no lado das fazendas reina o sol e o céu azul (foto), com implicações nas taxas de precipitação. “A cerca é uma fronteira política, em termos de solo não há diferença entre os dois lados”, explica Tom Lyons, pesquisador da Murdoch University. “É um perfeito laboratório natural, em que podemos isolar os efeitos da mudança no uso da terra.” A região toda é de deserto, mas o lado das fazendas sofre a cada ano com menos precipitação. Do outro lado, a vegetação nativa, resistente à seca, é escura, absorve calor do sol e, embora transpire pouco, é capaz de gerar o fenômeno da convecção, ajudando a umidade a subir, condensar e cair na forma de chuva. A vegetação nas áreas de plantio é mais clara, usa a umidade do ar para crescer e, mesmo transpirando muito, não favorece a formação de nuvens e a condensação.
A próxima etapa do trabalho de Lyons é elaborar recomendações de políticas para o uso da terra. Em agosto, ele e sua equipe reuniram fazendeiros no pub de uma cidade da região — que consiste numa rua e quatro casas – para explicar sua pesquisa. “Alguns viajaram 80 ou 90 quilômetros para ouvir”, conta. “Estão preocupados com a falta de chuva.” Ao saber que o corte da vegetação nativa tem muito a ver com a estiagem, veio a reação: “Se soubéssemos antes, tudo seria PARIS: 750 estações para alugar bicicletas diferente”.
Por Flavia Pardini
A famosa rabitt-proof fence, uma cerca construída há 102 anos para evitar que o Oeste da Austrália fosse invadido por coelhos importados da Europa em 1859, não impediu que os animais se espalhassem pelo país, mas tem ajudado os cientistas a compreender as implicações do uso da terra para o clima local.
Uma das poucas estruturas feitas pelo homem que pode ser vista do espaço, a cerca separa a região agrícola do estado de Western Australia de uma enorme porção de terra, de propriedade do governo federal, em que prevalece a vegetação nativa. Nas fazendas do lado oeste, produz-se cerca de 50% do trigo exportado pela Austrália. Do outro lado, verdeja a vegetação conhecida como mallee, dominada por eucaliptos e arbustos. Sobre a vegetação nativa geralmente há nuvens, enquanto no lado das fazendas reina o sol e o céu azul (foto), com implicações nas taxas de precipitação. “A cerca é uma fronteira política, em termos de solo não há diferença entre os dois lados”, explica Tom Lyons, pesquisador da Murdoch University. “É um perfeito laboratório natural, em que podemos isolar os efeitos da mudança no uso da terra.” A região toda é de deserto, mas o lado das fazendas sofre a cada ano com menos precipitação. Do outro lado, a vegetação nativa, resistente à seca, é escura, absorve calor do sol e, embora transpire pouco, é capaz de gerar o fenômeno da convecção, ajudando a umidade a subir, condensar e cair na forma de chuva. A vegetação nas áreas de plantio é mais clara, usa a umidade do ar para crescer e, mesmo transpirando muito, não favorece a formação de nuvens e a condensação.
A próxima etapa do trabalho de Lyons é elaborar recomendações de políticas para o uso da terra. Em agosto, ele e sua equipe reuniram fazendeiros no pub de uma cidade da região — que consiste numa rua e quatro casas – para explicar sua pesquisa. “Alguns viajaram 80 ou 90 quilômetros para ouvir”, conta. “Estão preocupados com a falta de chuva.” Ao saber que o corte da vegetação nativa tem muito a ver com a estiagem, veio a reação: “Se soubéssemos antes, tudo seria PARIS: 750 estações para alugar bicicletas diferente”.
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