Por Flavia Pardini
Após oito anos de vida e investimentos de cerca de US$ 18 milhões, o programa Biota-Fapesp começa a render frutos diretos para a sociedade. Um deles é a iniciativa inédita de reunir os dados produzidos por 160 pesquisadores no estado de São Paulo para elaborar três mapas-síntese que orientem ações de conservação. “A idéia é juntar os dados para dar uma resposta à sociedade e ajudar na elaboração de políticas públicas”, resume o ecológo Jean Paul Metzger, um dos coordenadores do projeto.
O Biota foi criado em 1999 para mapear a biodiversidade e os recursos naturais do estado e, a partir de então, produziu pesquisa de alta qualidade, um sistema de informações ambientais sem par no País, além de centenas de mestres e doutores. No início do trabalho de elaboração dos mapas, feito voluntariamente pelos pesquisadores com base em dados biológicos e informações sobre a estrutura da paisagem, a idéia era indicar áreas prioritárias para conservação. “Mas sobrou tão pouco que foi preciso mudar a estratégia e recomendar ações prioritárias”, conta Metzger.
O resultado foram os mapas, que indicam as áreas que merecem a elaboração de novos inventários biológicos, a criação de Unidades de Conservação (UC) de proteção integral – aquelas que contêm espécies ameaçadas, por exemplo – e a possibilidade de incremento da conectividade da paisagem por averbação de reserva legal, criação de reservas particulares do patrimônio natural ou de corredores para facilitar o fluxo biológico.
Além disso, o governo do estado estuda a utilização dos mapas no licenciamento de empreendimentos e para ordenar a expansão de plantações de cana-de-açúcar. “O investimento no Biota gerou um conjunto de dados único no Brasil”, diz Metzger. “É natural que seja usado assim”.