Na área da agricultura urbana, Cuba reúne reconhecidas alternativas para reduzir a dependência dos alimentos importados e incentivar o autoconsumo. O governo estimula o cultivo de hortas por empresas e famílias, além da construção dos organopónicos. Trata-se de um eficaz sistema de produção de hortaliças e condimentos erguido em caixas retangulares de concreto sob solos improdutivos para plantação, preenchido com matéria orgânica e terra de boa qualidade. A agricultura urbana já se responsabiliza por 65% de todo o arroz consumido nacionalmente. Mas é possível reaplicar tal modelo em outros países?
PÁGINA22 ouviu o economista Sinan Koont, coordenador de Estudos Latinos- Americanos do Dickinson College, na Pensilvânia, e estudioso da agricultura em Cuba:
Por que Cuba se tornou um dos exemplos mais bem-sucedidos da agricultura urbana no mundo? O país dispensou quase completamente o uso de combustíveis fósseis, fertilizantes petroquímicos e pesticidas – emprega apenas tecnologias agroecológicas. A agricultura urbana se transformou no principal fornecedor de produtos frescos para a população. Além disso, a cadeia de abastecimento é, talvez, a mais curta do mundo: muitas vezes, o produto que é vendido ao consumidor no acostamento de uma estrada está sendo cultivado do outro lado dela. Não há exemplo que seja tão abrangente.
Os organopónicos representam uma alternativa para as metrópoles? Existem milhares de organopónicos operando com sucesso em toda Cuba. Compostos de “cama” e construção do substrato, irrigação e técnicas apropriadas de manejo da cultura, eles produzem em um ano cerca de 25 quilos de legumes por metro quadrado de área cultivada. Acho que Cuba oferece aulas para todos, mas não uma perspectiva imediata de simples cópia.
A agricultura urbana tende a ganhar valor? Ela pode ser, ao menos em parte, uma solução para a crise dos alimentos. O quanto difícil será implantá-la em diversos centros urbanos no mundo vai depender de como as pessoas são estimuladas.