Reduzir impactos ambientais e sociais no turismo depende de avanços na cadeia inteira
Viajar é uma das atividades mais antigas da humanidade. O interesse do homem em interagir cultural e economicamente é uma das sementes da globalização. Esse processo avança com a mesma velocidade com que aumentam os viajantes pelo planeta. Hoje o turismo é a atividade econômica que mais cresce. Estima-se que até 2020 cerca de 1,5 bilhão de pessoas viajarão pelo mundo a cada ano. É quase o dobro dos atuais 900 milhões de turistas, que, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), movimentam US$ 860 bilhões.
Se o turismo é cada vez mais lucrativo, seu impacto na sociedade e no meio ambiente também está crescendo. E não é preciso ser um expert para enxergar. Basta visitar uma grande cidade turística no feriado. Tumulto, lixo e criminalidade podem estar tanto em Times Square (foto), em Nova York, quanto em Copabacana, no Rio de Janeiro.
Por isso, em um país como o Brasil, onde o turismo é apontado como uma solução para o crescimento econômico de regiões como a Amazônia e o Pantanal, é tão importante questionar sobre as possibilidades reais de existir um desenvolvimento sustentável do turismo.
O ecoturismo foi a primeira proposta que buscou responder a essa questão. A ideia de turismo responsável em ambientes preservados surgiu no final da década de 80, quando biólogos, cientistas e amantes da natureza decidiram estabelecer critérios para os visitantes irem a ambientes frágeis sem alterar a paisagem com lixo ou provocar outro tipo de impacto. Foram instaladas as primeiras plaquinhas de madeira, que apresentavam o mantra do ecoturismo: “Da natureza nada se tira, a não ser fotos; nela nada se deixa, a não ser pegadas; e dela nada se leva, a não ser lembranças”.
Vinte anos e alguns ambientes alterados e degradados depois, surgiu a compreensão de que a ideia era mais complexa que as palavras. A solução encontrada foi a certificação. Ou seja, a criação de selos internacionais e normas para limitar a visitação e ordenar a forma de viajar a certos destinos. Países como a Costa Rica ficaram famosos por terem sido os pioneiros no processo, ainda em 1997. No Brasil, os selos de certificação surgiram quase uma década depois.
“Devemos isso à criação do Ministério do Turismo, em 2003, que passou a olhar a atividade com mais profissionalismo”, diz Jota Marincek, da operadora Venturas & Aventuras. “No começo, era tudo muito instintivo, não sabíamos quais critérios seguir, só sabíamos que não queríamos impactar a natureza e ao mesmo tempo precisávamos garantir um bom passeio ao nosso cliente”, diz Marincek, que hoje trabalha na aplicação da certificação brasileira, conhecida como “norma ABNT NBR 15401 [1] para meios de hospedagem e requisitos para a sustentabilidade”.
[1] Esta norma nacional segue critérios internacionais promovidos pela International Ecotourism Society (Sociedade Internacional do Ecoturismo, em uma tradução literal).
A elaboração da norma abriu a possibilidade para que hotéis, pousadas e operadoras se alinhassem às boas práticas que norteiam o turismo responsável. O problema é que se trata de um processo novo e lento. Dados do Ministério do Turismo mostram que menos de dez estabelecimentos brasileiros são certificados.
“A certificação não é o início, e sim o fim. Quando ocorre é porque já superamos todos os problemas. Por isso, acredito que só teremos um número significativo de locais certificados daqui a uns 20 anos”, explica Roberto Mourão, diretor-presidente do Instituto Ecobrasil, uma das principais entidades que ajudaram o Ministério do Turismo formular as regras do selo nacional.
O lado positivo é que a certificação brasileira é uma das mais exigentes do mundo. Ao contrário da Costa Rica, que permite ao empreendimento adquirir “folhas de certificação”, à medida que muda de conduta, no Brasiloempresário precisa primeiro atender a todos os critérios da norma, para depois levar o selo.
E os critérios são diversos, como o cuidado com efluentes, a garantia de renda justa aos seus terceirizados, como motoristas e funcionários, e diligência na destinação do lixo. “Quando você leva uma pessoa a viajar, é quase impossível que essa ação não gere um impacto. A grande questão é garantir que o impacto seja minimizado e não vire um dano permanente”, diz Mourão.
Outro ponto favorável para o Brasil são algumas boas experiências de turismo voltado para a sustentabilidade, pelas quais populações tradicionais recebem e compartilham o seu modo de vida com os viajantes. Em Mamirauá, no município de Tefé, no Amazonas, está um dos exemplos mais respeitados do mundo. Uma região onde o turismo é totalmente coordenado e alinhado com as aspirações de uma comunidade local.
O projeto nasceu do sonho de uma reserva de desenvolvimento sustentável conquistar sua autonomia econômica sem alterar o modo de vida dos ribeirinhos, e gerar poucos danos à natureza. A prova maior para o projeto ocorreu em 2003, com a morte do idealizador da iniciativa, o cientista José Márcio Ayres. Sete anos depois, Mamirauá conseguiu provar ao mundo que o turismo pode, sim, ser uma boa solução econômica para muitas regiões.
Hoje, os maiores obstáculos para a sustentabilidade do turismo no Brasil estão no setor “tradicional”, que inclui as grandes operadoras e redes internacionais de hotéis e resorts. Empreendimentos muitas vezes acusados de sobrecarregar de forma desordenada regiões como Porto Seguro, na Bahia. A solução para mudar as condutas inadequadas parece vir de uma imposição para mudança de paradigmas imposta por instituições financeiras, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Ser sustentável virou uma exigência permanente para empréstimos de toda nova atividade. E essas exigências vão além dos estudos de impacto ambiental previstos na lei, pois grandes financiadores como o BID querem também informações sobre como ordenar toda a cadeia local, incluindo questões como efluentes e o lixo das cidades”, diz Edimar Gomes, diretor do Programa Regional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), do Ministério do Turismo, que visa desenvolver o turismo nos estados.
A exigência parece ter fundamento. “Até 2007, a cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul, um destino apontado como exemplo de sustentabilidade, não tinha tratamento de esgoto. Como podemos acreditar na sustentabilidade do turismo nessa região sem resolver uma questão tão básica?”, questiona Gomes. “De nada adianta certificar o hotel, se a estrada que leva a determinada cidade vai permitir um acesso ilimitado, o município joga o esgoto no rio e não tem aterro sanitário”, explica. “Só olhando a cadeia como um todo é que vamos evitar que o turismo vire uma ameaça à sociedade.”
Exploração
A prostituição infantil é um dos exemplos mais lamentáveis do impacto social do turismo desordenado. A exploração sexual de crianças e adolescentes por turistas estrangeiros e brasileiros é considerada uma epidemia nas praias do Nordeste. “O Brasil passou muitos anos sendo vendido como o país do sol, do carnaval e da mulher bonita”, diz Elisabeth Bahia, diretora do programa com o curioso nome de Turismo, Sustentabilidade e Infância, do governo federal. Elisabeth diz que seu maior obstáculo é convencer os empresários a treinarem seus funcionários para lidar com o problema. “Atendentes e recepcionistas precisam perder o medo de denunciar.” Ela também concorda que o combate deve envolver toda a cadeia do turismo. “Em Fortaleza, descobrimos que os maiores agenciadores de crianças e adolescentes são os taxistas”, afirma.
Enquanto o setor privado não se organiza, uma das soluções encontradas foi criar programas para profissionalizar as jovens. “Empregamos 900 adolescentes em mais de sete estados, e estamos dando treinamento profissionalizante para outras 800. Melhorar a autoestima delas e dar oportunidade de renda justa é uma forma de resolver a questão, mas ainda precisamos mudar a cultura do turismo que se instalou em determinadas regiões.”
Quatro anos em jogo
A Copa do Mundo em 2014 será a grande chance de o Brasil provar que superou os problemas e conquistou avanços. O País deve receber 600 mil visitantes estrangeiros e a propaganda gerada pelos jogos deve fazer o turismo crescer 15% até 2015. A contribuição da atividade pode ir dos atuais 2% para 4% do PIB.
São turistas que devem visitar regiões de ecoturismo, o turismo sustentável em comunidades tradicionais, e também se hospedar na rede hoteleira tradicional, pois os jogos estão espalhados por 11 estados e o Distrito Federal, cada um com uma vocação diferente. A experiência pode ser a prova de que o setor conseguiu evoluir seguindo critérios de sustentabilidade, ou uma tragédia completa.
A vinda de mais turistas estrangeiros ao Brasil deve agravar um problema: o aumento das emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas, por causa das viagens aéreas. O avião é um dos meios de transporte mais poluentes, responsável pela emissão de quase 2% dos gases de efeito estufa.
Uma das poucas opções para minimizar o problema é reduzir o impacto de suas viagens por meio da neutralização do carbono (por meio do plantio de árvores em um número capaz de compensar a emissão feita no deslocamento). Mas é uma iniciativa que não responde à necessidade de um corte radical nas emissões e de busca de um novo modelo.
Os aviões talvez sejam uma prova do tamanho do desafio de viajar com menos impactos, algo talvez somente possível quando buscarmos a sustentabilidade em toda a cadeia do turismo. O que inclui até o engajamento para encontrarmos combustíveis menos poluentes para os aviões que nos levam pelo planeta.[:en]Reduzir impactos ambientais e sociais no turismo depende de avanços na cadeia inteira
Viajar é uma das atividades mais antigas da humanidade. O interesse do homem em interagir cultural e economicamente é uma das sementes da globalização. Esse processo avança com a mesma velocidade com que aumentam os viajantes pelo planeta. Hoje o turismo é a atividade econômica que mais cresce. Estima-se que até 2020 cerca de 1,5 bilhão de pessoas viajarão pelo mundo a cada ano. É quase o dobro dos atuais 900 milhões de turistas, que, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), movimentam US$ 860 bilhões.
Se o turismo é cada vez mais lucrativo, seu impacto na sociedade e no meio ambiente também está crescendo. E não é preciso ser um expert para enxergar. Basta visitar uma grande cidade turística no feriado. Tumulto, lixo e criminalidade podem estar tanto em Times Square (foto), em Nova York, quanto em Copabacana, no Rio de Janeiro.
Por isso, em um país como o Brasil, onde o turismo é apontado como uma solução para o crescimento econômico de regiões como a Amazônia e o Pantanal, é tão importante questionar sobre as possibilidades reais de existir um desenvolvimento sustentável do turismo.
O ecoturismo foi a primeira proposta que buscou responder a essa questão. A ideia de turismo responsável em ambientes preservados surgiu no final da década de 80, quando biólogos, cientistas e amantes da natureza decidiram estabelecer critérios para os visitantes irem a ambientes frágeis sem alterar a paisagem com lixo ou provocar outro tipo de impacto. Foram instaladas as primeiras plaquinhas de madeira, que apresentavam o mantra do ecoturismo: “Da natureza nada se tira, a não ser fotos; nela nada se deixa, a não ser pegadas; e dela nada se leva, a não ser lembranças”.
Vinte anos e alguns ambientes alterados e degradados depois, surgiu a compreensão de que a ideia era mais complexa que as palavras. A solução encontrada foi a certificação. Ou seja, a criação de selos internacionais e normas para limitar a visitação e ordenar a forma de viajar a certos destinos. Países como a Costa Rica ficaram famosos por terem sido os pioneiros no processo, ainda em 1997. No Brasil, os selos de certificação surgiram quase uma década depois.
“Devemos isso à criação do Ministério do Turismo, em 2003, que passou a olhar a atividade com mais profissionalismo”, diz Jota Marincek, da operadora Venturas & Aventuras. “No começo, era tudo muito instintivo, não sabíamos quais critérios seguir, só sabíamos que não queríamos impactar a natureza e ao mesmo tempo precisávamos garantir um bom passeio ao nosso cliente”, diz Marincek, que hoje trabalha na aplicação da certificação brasileira, conhecida como “norma ABNT NBR 15401 [1] para meios de hospedagem e requisitos para a sustentabilidade”.
[1] Esta norma nacional segue critérios internacionais promovidos pela International Ecotourism Society (Sociedade Internacional do Ecoturismo, em uma tradução literal).
A elaboração da norma abriu a possibilidade para que hotéis, pousadas e operadoras se alinhassem às boas práticas que norteiam o turismo responsável. O problema é que se trata de um processo novo e lento. Dados do Ministério do Turismo mostram que menos de dez estabelecimentos brasileiros são certificados.
“A certificação não é o início, e sim o fim. Quando ocorre é porque já superamos todos os problemas. Por isso, acredito que só teremos um número significativo de locais certificados daqui a uns 20 anos”, explica Roberto Mourão, diretor-presidente do Instituto Ecobrasil, uma das principais entidades que ajudaram o Ministério do Turismo formular as regras do selo nacional.
O lado positivo é que a certificação brasileira é uma das mais exigentes do mundo. Ao contrário da Costa Rica, que permite ao empreendimento adquirir “folhas de certificação”, à medida que muda de conduta, no Brasiloempresário precisa primeiro atender a todos os critérios da norma, para depois levar o selo.
E os critérios são diversos, como o cuidado com efluentes, a garantia de renda justa aos seus terceirizados, como motoristas e funcionários, e diligência na destinação do lixo. “Quando você leva uma pessoa a viajar, é quase impossível que essa ação não gere um impacto. A grande questão é garantir que o impacto seja minimizado e não vire um dano permanente”, diz Mourão.
Outro ponto favorável para o Brasil são algumas boas experiências de turismo voltado para a sustentabilidade, pelas quais populações tradicionais recebem e compartilham o seu modo de vida com os viajantes. Em Mamirauá, no município de Tefé, no Amazonas, está um dos exemplos mais respeitados do mundo. Uma região onde o turismo é totalmente coordenado e alinhado com as aspirações de uma comunidade local.
O projeto nasceu do sonho de uma reserva de desenvolvimento sustentável conquistar sua autonomia econômica sem alterar o modo de vida dos ribeirinhos, e gerar poucos danos à natureza. A prova maior para o projeto ocorreu em 2003, com a morte do idealizador da iniciativa, o cientista José Márcio Ayres. Sete anos depois, Mamirauá conseguiu provar ao mundo que o turismo pode, sim, ser uma boa solução econômica para muitas regiões.
Hoje, os maiores obstáculos para a sustentabilidade do turismo no Brasil estão no setor “tradicional”, que inclui as grandes operadoras e redes internacionais de hotéis e resorts. Empreendimentos muitas vezes acusados de sobrecarregar de forma desordenada regiões como Porto Seguro, na Bahia. A solução para mudar as condutas inadequadas parece vir de uma imposição para mudança de paradigmas imposta por instituições financeiras, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
“Ser sustentável virou uma exigência permanente para empréstimos de toda nova atividade. E essas exigências vão além dos estudos de impacto ambiental previstos na lei, pois grandes financiadores como o BID querem também informações sobre como ordenar toda a cadeia local, incluindo questões como efluentes e o lixo das cidades”, diz Edimar Gomes, diretor do Programa Regional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), do Ministério do Turismo, que visa desenvolver o turismo nos estados.
A exigência parece ter fundamento. “Até 2007, a cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul, um destino apontado como exemplo de sustentabilidade, não tinha tratamento de esgoto. Como podemos acreditar na sustentabilidade do turismo nessa região sem resolver uma questão tão básica?”, questiona Gomes. “De nada adianta certificar o hotel, se a estrada que leva a determinada cidade vai permitir um acesso ilimitado, o município joga o esgoto no rio e não tem aterro sanitário”, explica. “Só olhando a cadeia como um todo é que vamos evitar que o turismo vire uma ameaça à sociedade.”
Exploração
A prostituição infantil é um dos exemplos mais lamentáveis do impacto social do turismo desordenado. A exploração sexual de crianças e adolescentes por turistas estrangeiros e brasileiros é considerada uma epidemia nas praias do Nordeste. “O Brasil passou muitos anos sendo vendido como o país do sol, do carnaval e da mulher bonita”, diz Elisabeth Bahia, diretora do programa com o curioso nome de Turismo, Sustentabilidade e Infância, do governo federal. Elisabeth diz que seu maior obstáculo é convencer os empresários a treinarem seus funcionários para lidar com o problema. “Atendentes e recepcionistas precisam perder o medo de denunciar.” Ela também concorda que o combate deve envolver toda a cadeia do turismo. “Em Fortaleza, descobrimos que os maiores agenciadores de crianças e adolescentes são os taxistas”, afirma.
Enquanto o setor privado não se organiza, uma das soluções encontradas foi criar programas para profissionalizar as jovens. “Empregamos 900 adolescentes em mais de sete estados, e estamos dando treinamento profissionalizante para outras 800. Melhorar a autoestima delas e dar oportunidade de renda justa é uma forma de resolver a questão, mas ainda precisamos mudar a cultura do turismo que se instalou em determinadas regiões.”
Quatro anos em jogo
A Copa do Mundo em 2014 será a grande chance de o Brasil provar que superou os problemas e conquistou avanços. O País deve receber 600 mil visitantes estrangeiros e a propaganda gerada pelos jogos deve fazer o turismo crescer 15% até 2015. A contribuição da atividade pode ir dos atuais 2% para 4% do PIB.
São turistas que devem visitar regiões de ecoturismo, o turismo sustentável em comunidades tradicionais, e também se hospedar na rede hoteleira tradicional, pois os jogos estão espalhados por 11 estados e o Distrito Federal, cada um com uma vocação diferente. A experiência pode ser a prova de que o setor conseguiu evoluir seguindo critérios de sustentabilidade, ou uma tragédia completa.
A vinda de mais turistas estrangeiros ao Brasil deve agravar um problema: o aumento das emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas, por causa das viagens aéreas. O avião é um dos meios de transporte mais poluentes, responsável pela emissão de quase 2% dos gases de efeito estufa.
Uma das poucas opções para minimizar o problema é reduzir o impacto de suas viagens por meio da neutralização do carbono (por meio do plantio de árvores em um número capaz de compensar a emissão feita no deslocamento). Mas é uma iniciativa que não responde à necessidade de um corte radical nas emissões e de busca de um novo modelo.
Os aviões talvez sejam uma prova do tamanho do desafio de viajar com menos impactos, algo talvez somente possível quando buscarmos a sustentabilidade em toda a cadeia do turismo. O que inclui até o engajamento para encontrarmos combustíveis menos poluentes para os aviões que nos levam pelo planeta.