Autor: Amália Safatle

Por Amália Safatle Jamais seremos os mesmos desde que a técnica e a máquina atravessaram nosso caminho civilizatório. A filósofa Marcia Tiburi discorre nesta entrevista sobre a construção de um novo homem e suas relações, definitivamente mediadas por aquilo que chama de artificial – segundo ela, próteses que cada vez mais substituem nosso arcabouço natural e as capacidades de realizar trabalhos pelo próprio corpo, de pensar e de produzir conhecimento. O alerta é para que as tecnologias sejam usadas como meio a serviço do homem, e não como fins em si mesmos, de modo que sejam preservados a palavra, a…

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Por Amália Safatle Na Praia de Catuama, próxima à Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, um observador atentou que o lixo ali entre pedras e areia não era legado recente da presença humana. E sim devolvido e capturado continuamente pelo vaivém das marés, jogado fora tantas vezes, tantas vezes recuperado. Daí a vontade de congelar uma fração desse movimento cíclico, em forma de retratos. Ricardo Aguiar – que, depois de 20 anos como diretor de arte em cinema, renomeou-se RAG para identificar a nova fase da carreira como artista visual –, registrou esses instantes nietzschianos do eterno retorno, em que os…

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Por Amália Safatle A economia verde não passará de mais uma história da carochinha se não for olhada através de uma lente “macro”. É com estes termos que o professor da FEA-USP José Eli da Veiga alerta para o que chama de armadilha da Rio+20: a ilusão de que basta migrar do crescimento marrom, poluente, para o crescimento verde que os nossos problemas estarão resolvidos. “Não”, frisa ele. A reforma necessária é estrutural e vai no coração do modelo macroeconômico sobre o qual o capitalismo moderno foi construído. E que fez do consumo o motor de tudo, inclusive da estabilidade…

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Por Amália Safatle Nunca os atores da sociedade civil estiveram tão institucionalizados e tecnologicamente conectados. Mas, a nove meses da Rio+20, ainda falta enxergar o todo do qual fazem parte, as causas em comum e as bandeiras capazes de arregimentar as pessoas. “Tem marcha dos indignados, a Primavera Árabe, a campanha do clima. Existe uma energia latente, mas que não está canalizada”, constata Aron Belinky, coordenador de processos internacionais do Instituto Vitae Civilis e integrante do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira na Rio+20. Essa desarticulação é preocupante, tendo em vista que a governança não cabe mais na caixinha institucional,…

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Por Amália Safatle Desde que os meninos deixaram a sala de aula pela última vez, há mais de 40 anos, o corpo da velha escola da vila abriu-se definitivamente aos sinais do tempo. Abandono, vai pensar a maioria. Mas quem sabe tenha outros tipos de vida brotando lá, lançando raízes entre paredes e escadarias. A palavra é dignidade, posto que a seu modo conserva a memória cultural do passado, sem medo da transformação natural em curso. Maria Zélia, morta por tuberculose quando adolescente, deu nome à primeira vila operária do Brasil – construída a partir de 1911 –, onde casas…

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Por Amália Safatle Implantar uma obra de grande porte na Amazônia requer uma engenhosidade bem além da engenharia. Vem justamente de um engenheiro – Victor Paranhos, presidente do consórcio Energia Sustentável do Brasil – o relato dos desafios políticos que definem contornos de uma obra que afeta tanta gente, da população local aos governantes, dos trabalhadores ao consumidor final, sem falar na natureza transformada e nas cidades que brotam nos confins do País. Nesta entrevista concedida no fim de maio, Paranhos e o diretor de meio ambiente e sustentabilidade do consórcio, Antonio Luiz Abreu Jorge, mostram, do ponto de vista…

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Por Amália Safatle O que a maior operadora de viagens da América Latina tem a dizer sobre sustentabilidade?  Como o turismo, de forma geral, poderia ser usado como instrumento de conservação ambiental e cultural? Nesta entrevista, o fundador da CVC, Guilherme Paulus, que trabalha com o setor há 38 anos, nega que a atividade traga impactos negativos a uma região, defende que o “progresso tem que vir forte”, e acredita que cabe aos governos a tarefa de proteger os lugares. Paulus aponta as razões pelas quais o turismo associado à natureza não decolou: falta conforto ao turista.  “O pobre gosta…

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Por Amália Safatle Dípticos são quadros pintados ou esculpidos em dois panos ou tábuas que se dobram, reza a definição.  Aqui, a dobradura serve também para criar pares de lugares diferentes, mas similares em sua oposição ou complementaridade.  Noite e dia, convexos e côncavos, o concreto armado e a mata desarmada. O fotógrafo Ding Musa nos conta sobre o prazer de construir imagens sem tempo ou referência.  Em vez de representar um lugar que existe, prefere retratar uma ideia de lugar.  Pois os locais de referência cansam, enquanto a ideia permanece.  O díptico também está no material e imaterial.  “Apesar…

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Por Amália Safatle O fotógrafo, literalmente, atirou no escuro.  Mirou uma cidade, mas acertou outra.  Quando viu o resultado, não reconheceu a São Paulo onde mora.  Formas impensadas se revelaram, como se a metrópole fosse mesmo feita de camadas, universos paralelos que emergem de surpresa.  Foi assim que apareceu um sinuoso Grajaú.  Um Cadeião de Pinheiros, sorriso aberto na prisão.  E um fulgurante Pacaembu em noite de jogo. Veja na galeria ao lado.

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Por Amália Safatle O que realmente importa?  Essa é a pergunta.  É a pergunta que a discussão da felicidade inspira, a ponto de provocar Eduardo Giannetti a unir as pontas da Filosofia e da Economia, em busca das questões viscerais do indivíduo e da civilização.  “Nós queremos ter mais tempo para conviver com os nossos amigos, nossos filhos, para buscar o conhecimento, para usufruir da natureza?  Ou queremos competir violentamente para consumir cada vez mais e ficar com uma sensação crescente de falta de tempo?”, pergunta o autor de livros como Felicidade, Autoengano e O Valor do Amanhã (Companhia das…

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