Autor: Amália Safatle

Por Amália Safatle O que a maior operadora de viagens da América Latina tem a dizer sobre sustentabilidade?  Como o turismo, de forma geral, poderia ser usado como instrumento de conservação ambiental e cultural? Nesta entrevista, o fundador da CVC, Guilherme Paulus, que trabalha com o setor há 38 anos, nega que a atividade traga impactos negativos a uma região, defende que o “progresso tem que vir forte”, e acredita que cabe aos governos a tarefa de proteger os lugares. Paulus aponta as razões pelas quais o turismo associado à natureza não decolou: falta conforto ao turista.  “O pobre gosta…

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Por Amália Safatle Dípticos são quadros pintados ou esculpidos em dois panos ou tábuas que se dobram, reza a definição.  Aqui, a dobradura serve também para criar pares de lugares diferentes, mas similares em sua oposição ou complementaridade.  Noite e dia, convexos e côncavos, o concreto armado e a mata desarmada. O fotógrafo Ding Musa nos conta sobre o prazer de construir imagens sem tempo ou referência.  Em vez de representar um lugar que existe, prefere retratar uma ideia de lugar.  Pois os locais de referência cansam, enquanto a ideia permanece.  O díptico também está no material e imaterial.  “Apesar…

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Por Amália Safatle O fotógrafo, literalmente, atirou no escuro.  Mirou uma cidade, mas acertou outra.  Quando viu o resultado, não reconheceu a São Paulo onde mora.  Formas impensadas se revelaram, como se a metrópole fosse mesmo feita de camadas, universos paralelos que emergem de surpresa.  Foi assim que apareceu um sinuoso Grajaú.  Um Cadeião de Pinheiros, sorriso aberto na prisão.  E um fulgurante Pacaembu em noite de jogo. Veja na galeria ao lado.

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Por Amália Safatle O que realmente importa?  Essa é a pergunta.  É a pergunta que a discussão da felicidade inspira, a ponto de provocar Eduardo Giannetti a unir as pontas da Filosofia e da Economia, em busca das questões viscerais do indivíduo e da civilização.  “Nós queremos ter mais tempo para conviver com os nossos amigos, nossos filhos, para buscar o conhecimento, para usufruir da natureza?  Ou queremos competir violentamente para consumir cada vez mais e ficar com uma sensação crescente de falta de tempo?”, pergunta o autor de livros como Felicidade, Autoengano e O Valor do Amanhã (Companhia das…

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(…que não teve sogra nem caminhão) Na busca de indicadores de desenvolvimento que destronem o PIB do reinado absoluto, será que a felicidade deve ser o parâmetro? Depois de um caudal de informações e opiniões colhidas em entrevistas durante mais de uma semana, ligo o rádio e quem está lá é Mario Prata, com toda a concisão dos cronistas: “No Brasil, o fracasso não faz o menor sucesso”. Talvez não o faça também em outros lugares, mas no país obcecado pela alegria das celebrações e pelo sucesso esfuziante, o fracasso pega muito mal.  O Velho Mundo que fique lá com…

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Por Amália Safatle No que deu o mundo? A infância é moldada (roubada) por uma rotina de atividades e obrigações ditada pelos adultos. Os pés da gente andam encapsulados em sapatos, sem sentir a terra e as deliciosas imperfeições de sua superfície. Como um filme de PVC, a roupa é a película que separa nossa pele de tudo o que nos cerca. Enquanto a gente se julga protegido, deixa de se contaminar pela vida. Esses pensamentos invadiram a cabeça do fotógrafo Edson Luciano quando imaginou pés que pudessem, plenamente, ser pés. Pisando o chão da cidade, da estrada, da praia.…

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Por Amália Safatle Roberto Lima, presidente da Vivo desde 2005, não teme usar um dos chavões mais repetidos no meio empresarial quando o assunto é sustentabilidade.  Abre esta conversa dizendo que esse valor “está no DNA” da companhia.  Isso para contrariar a velha máxima, de autoria do economista Milton Friedman, nos idos dos anos 1960, segundo a qual “o negócio dos negócios são os negócios”, ou seja, a função de uma empresa na sociedade se limita à boa prestação de serviços e produtos, enquanto o desenvolvimento social cabe ao Estado. Mas para o executivo, assim como na visão de outros…

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Por Amália Safatle Tem que saber disso.  A rima rítmica na fala de Gilberto Gil está no seu entendimento do que é Brasil.  Na leitura do músico, quando José de Anchieta colocou os índios no colo, em profunda manifestação de afeto, reforçou um traço definidor da nossa sociedade.  Traço este que havia começado a se delinear na formação de um reino europeu diferenciado.  Pois, enquanto os demais exploradores foram guiados pela ambição material e pela busca de acumulação de riquezas, o projeto de expansão territorial dos portugueses fundamentou-se “no reino do Espírito Santo, no reino da criança, da inocência”.  Degredados…

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Por Amália Safatle O corte profundo no sistema físico do planeta exige inovações como nunca.  O funcionamento conectado e colaborativo do mundo dá as pistas do caminho: inspiração na ancestralidade e visão utópica ancorada em realidades locais Quem já não observou no próprio corpo a quase mágica cicatrização de um corte?  A pele nova vai surgindo sobre a ferida e, tempos depois, a superfície está toda reconstituída. “O gesto criador dorme em nós”, declarou, com uma simplicidade solene, a linguista francesa Hélène Trocmé-Fabre.  Ela veio ao Brasil lançar o mais novo livro de sua autoria, Reinventar o Ofício de Aprender,…

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Por Amália Safatle Um lugar à parte, como se outro planeta fosse.  Esta é a percepção de quem adentra as cavernas do núcleo Santana, no Vale do Ribeira, entre os estados do Paraná e de São Paulo.  Por configurar um sistema semifechado, cavernas são preciosas para estudar os ciclos da natureza que esses pequenos mundos encerram.  Lá, as horas são visíveis.  A contagem do tempo se dá de um jeito muito concreto, materializada em cada milímetro que escorre das paredes.

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