Autor: Amália Safatle

Por Amália Safatle Nunca os atores da sociedade civil estiveram tão institucionalizados e tecnologicamente conectados. Mas, a nove meses da Rio+20, ainda falta enxergar o todo do qual fazem parte, as causas em comum e as bandeiras capazes de arregimentar as pessoas. “Tem marcha dos indignados, a Primavera Árabe, a campanha do clima. Existe uma energia latente, mas que não está canalizada”, constata Aron Belinky, coordenador de processos internacionais do Instituto Vitae Civilis e integrante do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira na Rio+20. Essa desarticulação é preocupante, tendo em vista que a governança não cabe mais na caixinha institucional,…

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Por Amália Safatle Desde que os meninos deixaram a sala de aula pela última vez, há mais de 40 anos, o corpo da velha escola da vila abriu-se definitivamente aos sinais do tempo. Abandono, vai pensar a maioria. Mas quem sabe tenha outros tipos de vida brotando lá, lançando raízes entre paredes e escadarias. A palavra é dignidade, posto que a seu modo conserva a memória cultural do passado, sem medo da transformação natural em curso. Maria Zélia, morta por tuberculose quando adolescente, deu nome à primeira vila operária do Brasil – construída a partir de 1911 –, onde casas…

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Por Amália Safatle Implantar uma obra de grande porte na Amazônia requer uma engenhosidade bem além da engenharia. Vem justamente de um engenheiro – Victor Paranhos, presidente do consórcio Energia Sustentável do Brasil – o relato dos desafios políticos que definem contornos de uma obra que afeta tanta gente, da população local aos governantes, dos trabalhadores ao consumidor final, sem falar na natureza transformada e nas cidades que brotam nos confins do País. Nesta entrevista concedida no fim de maio, Paranhos e o diretor de meio ambiente e sustentabilidade do consórcio, Antonio Luiz Abreu Jorge, mostram, do ponto de vista…

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Por Amália Safatle O que a maior operadora de viagens da América Latina tem a dizer sobre sustentabilidade?  Como o turismo, de forma geral, poderia ser usado como instrumento de conservação ambiental e cultural? Nesta entrevista, o fundador da CVC, Guilherme Paulus, que trabalha com o setor há 38 anos, nega que a atividade traga impactos negativos a uma região, defende que o “progresso tem que vir forte”, e acredita que cabe aos governos a tarefa de proteger os lugares. Paulus aponta as razões pelas quais o turismo associado à natureza não decolou: falta conforto ao turista.  “O pobre gosta…

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Por Amália Safatle Dípticos são quadros pintados ou esculpidos em dois panos ou tábuas que se dobram, reza a definição.  Aqui, a dobradura serve também para criar pares de lugares diferentes, mas similares em sua oposição ou complementaridade.  Noite e dia, convexos e côncavos, o concreto armado e a mata desarmada. O fotógrafo Ding Musa nos conta sobre o prazer de construir imagens sem tempo ou referência.  Em vez de representar um lugar que existe, prefere retratar uma ideia de lugar.  Pois os locais de referência cansam, enquanto a ideia permanece.  O díptico também está no material e imaterial.  “Apesar…

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Por Amália Safatle O fotógrafo, literalmente, atirou no escuro.  Mirou uma cidade, mas acertou outra.  Quando viu o resultado, não reconheceu a São Paulo onde mora.  Formas impensadas se revelaram, como se a metrópole fosse mesmo feita de camadas, universos paralelos que emergem de surpresa.  Foi assim que apareceu um sinuoso Grajaú.  Um Cadeião de Pinheiros, sorriso aberto na prisão.  E um fulgurante Pacaembu em noite de jogo. Veja na galeria ao lado.

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Por Amália Safatle O que realmente importa?  Essa é a pergunta.  É a pergunta que a discussão da felicidade inspira, a ponto de provocar Eduardo Giannetti a unir as pontas da Filosofia e da Economia, em busca das questões viscerais do indivíduo e da civilização.  “Nós queremos ter mais tempo para conviver com os nossos amigos, nossos filhos, para buscar o conhecimento, para usufruir da natureza?  Ou queremos competir violentamente para consumir cada vez mais e ficar com uma sensação crescente de falta de tempo?”, pergunta o autor de livros como Felicidade, Autoengano e O Valor do Amanhã (Companhia das…

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(…que não teve sogra nem caminhão) Na busca de indicadores de desenvolvimento que destronem o PIB do reinado absoluto, será que a felicidade deve ser o parâmetro? Depois de um caudal de informações e opiniões colhidas em entrevistas durante mais de uma semana, ligo o rádio e quem está lá é Mario Prata, com toda a concisão dos cronistas: “No Brasil, o fracasso não faz o menor sucesso”. Talvez não o faça também em outros lugares, mas no país obcecado pela alegria das celebrações e pelo sucesso esfuziante, o fracasso pega muito mal.  O Velho Mundo que fique lá com…

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Por Amália Safatle No que deu o mundo? A infância é moldada (roubada) por uma rotina de atividades e obrigações ditada pelos adultos. Os pés da gente andam encapsulados em sapatos, sem sentir a terra e as deliciosas imperfeições de sua superfície. Como um filme de PVC, a roupa é a película que separa nossa pele de tudo o que nos cerca. Enquanto a gente se julga protegido, deixa de se contaminar pela vida. Esses pensamentos invadiram a cabeça do fotógrafo Edson Luciano quando imaginou pés que pudessem, plenamente, ser pés. Pisando o chão da cidade, da estrada, da praia.…

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Por Amália Safatle Roberto Lima, presidente da Vivo desde 2005, não teme usar um dos chavões mais repetidos no meio empresarial quando o assunto é sustentabilidade.  Abre esta conversa dizendo que esse valor “está no DNA” da companhia.  Isso para contrariar a velha máxima, de autoria do economista Milton Friedman, nos idos dos anos 1960, segundo a qual “o negócio dos negócios são os negócios”, ou seja, a função de uma empresa na sociedade se limita à boa prestação de serviços e produtos, enquanto o desenvolvimento social cabe ao Estado. Mas para o executivo, assim como na visão de outros…

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