Adendos inseridos pelos dois países enfraquecem Redd, segundo Tasso Azevedo, consultor do MMA
Os adendos dos Estados Unidos e a Colômbia inseridos na ultima versão do texto sobre o mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), desfiguraram uma proposta que já estava azeitada para ser apreciada pelos ministros no segmento de alto nível da COP-15, que começa nesta quarta-feira.
Os trechos inseridos pelos dois países abrem caminho para a compra de créditos de carbono do Redd diretamente dos projetos que serão realizados na floresta para conter o desmatamento e conservar os estoques de carbono. São os chamadosoffsets (créditos de carbono de países em desenvolvimento que compensam parte das emissões de empresas nos países ricos).
Segundo Tasso Azevedo, consultor do Ministério do Meio Ambiente que assessora os negociadores brasileiros na COP-15, a operação com projetos, sem relação com um esquema nacional para o Redd, fragiliza o instrumento, apesar de facilitar a compra de créditos por empresas localizadas em países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos.
O Brasil defende que as operações de Redd sejam implementadas em âmbito nacional. Desse modo, o dinheiro de doações e offsets seria repassado a um fundo, que o aplicaria segundo as prioridades do país para proteger as florestas. Nesse modelo nacional de governança do Redd, seria mais fácil, entende o Brasil, evitar que as emissões tolhidas em uma área vazassem para outra onde houvesse menor presença policial, por exemplo.
No sistema de créditos gerados por projetos individuais, o país enfrentaria maior dificuldade para monitorar eventuais vazamentos das emissões (deslocamento da frente de desmatamento para áreas com menor presença do Estado).
A lei de clima e energia em tramitação no Senado dos EUA prevê a possibilidade de compra anual de 2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em offsets. Créditos equivalentes a 1 bilhão de toneladas anuais poderiam ser comprados de projetos de desmatamento evitado nos países em desenvolvimento.