Cultivadas sem interferências químicas e desprovidas de alteração genética, as sementes crioulas são pouco encontradas no Brasil. Mas uma iniciativa em Santo Antônio do Pinhal, interior leste paulista, visa mudar tal cenário.
O casal de engenheiros agrônomos Alexander Van Parys Piergili e Laura de Santis Prada, donos do Sítio Gralha Azul, notaram a necessidade de investir em sementes crioulas há dois anos, quando receberam a inspeção de uma empresa de certificação orgânica. Durante a visita, o técnico lhes perguntou sobre a origem das sementes. A menor parte delas era orgânica. “Como agricultor, fiquei tão constrangido com o fato de não produzir minhas próprias sementes que passei a pesquisar sobre as crioulas de polinização aberta, que eu mesmo poderia reproduzir e replantar”, conta Alexander.
Atualmente, há no sítio cerca de 100 variedades, entre elas alface, cenoura, amendoim, girassol, além de flores e frutos. “Temos 10 tipos de milho, que variam de coloração desde o branco, que é mais adocicado, até o preto, duríssimo e bom para armazenamento, já que nunca é atacado por carunchos”, exemplifica Alexander. Existem no mundo aproximadamente 40 mil espécies de tomate. Entretanto, no Brasil, são consumidas apenas cinco. “Nossa dieta é bastante limitada a poucas plantas, e pouquíssimas variedades de cada planta”, constata (mais em “Não aguento mais rúcula“, desta edição).
A base da pesquisa do casal vem de uma ONG americana chamada Seed Savers, que cataloga, multiplica e comercializa mais de 25 mil sementes. “Hoje, se eu quiser adquirir sementes crioulas, preciso fazer uma verdadeira expedição pelos rincões brasileiros, buscando agricultores e comunidades que guardam suas sementes. Quanto mais difícil de encontrá-las, mais difícil plantá-las, menor a chance de serem reproduzidas e maior o risco de perda de um recurso genético precioso.”
Leia aqui a íntegra da entrevista com Alexander Van Parys Piergili.