Quanto mais se gasta, menos se produz no modelo de pesca atual. Essa foi uma das conclusões do relatório Economia Verde, lançado em maio pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Os resultados mostraram que, enquanto a capacidade pesqueira aumenta, com o incremento do número de navios e da produtividade por embarcação, verifica-se, numa linha oposta, uma queda na quantidade de peixe capturada e nos estoques pesqueiros disponíveis.
O documento apontou que o manejo inadequado, a carência de fiscalização e a política de subsídios – que ultrapassam os US$ 27 bilhões/ano –, levaram cerca de 30% dos estoques pesqueiros ao “colapso”, ou seja, menos de 10% da capacidade inicial. Só 25% das reservas comerciais apresentaram um estado considerado “saudável” ou “razoavelmente saudável”. O relatório ainda alerta que, se forem mantidos os níveis atuais de captura, praticamente todos os estoques pesqueiros comerciais estarão extintos em 2050.
Para reverter o cenário negativo, o Pnuma recomenda um investimento global da ordem de US$ 220 bilhões a US$ 320 bilhões, distribuídos em US$ 8 bilhões anuais. Esse valor, menos de um terço do que é gasto só em subsídios no modelo atual, seria investido na reforma dos processos de pesca, especialmente por meio de políticas, como a defi nição de cotas comerciais e o estabelecimento de áreas marinhas protegidas, a fim de permitir a recuperação e o crescimento dos estoques prejudicados. Confira os detalhes do relatório do Pnuma (em inglês).