Programas auxiliam negócios inovadores e alinhados com a sustentabilidade
Seis inovadoras empresas brasileiras foram apresentadas em junho a um fórum de investidores na BM&FBovespa, em São Paulo. O evento é o ápice do programa New Ventures, iniciativa do World Resources Institute (WRI), que apoia negócios sustentáveis em países emergentes. Durante três meses, elas passaram por um processo que Marcelo Torres, diretor do programa no Brasil, chama de aceleração. Um intensivo de cursos, tutoriais, reuniões e simulações desenhados para que os empreendedores afinem suas estratégias e planos de negócios e sintam-se preparados para sentar-se à mesa com investidores.
O objetivo é fortalecer negócios de empresas inovadoras preocupadas não apenas com o lucro, mas também com resultados sociais e ambientais positivos. Criado em 1999, o programa já envolveu 346 milhões em investimentos. Aqui, o programa tem 49 empresas em seu portfólio e coleciona histórias de sucesso, como a Dry Wash.
Lito Rodrigues tocava a Dry Wash há dez anos, quando se inscreveu para a primeira edição do New Ventures Brasil, em 2004. Preocupado com o alto consumo de água em seu lava a jato, desenvolveu uma tecnologia de lavagem de carros a seco.
Quando entrou no programa, sua empresa já tinha a tecnologia consolidada, práticas de valorização dos funcionários e uma rede de franquias. Mas carecia de uma ferramenta básica: o plano de negócios. Além de elaborar seu plano, Rodrigues enxugou a rede franqueada, melhorou a padronização do serviço e conseguiu investimentos para diversificar seus produtos. Recentemente, a tecnologia chamou a atenção de um investidor americano. O contato, facilitado pelo New Ventures, resultou em duas lojas franqueadas na Índia.
O caso ilustra bem a história de muitos negócios nascentes, de micros a médias empresas. O empreendedor brasileiro, em geral, é criativo do ponto de vista da inovação, mas, segundo Torres, tem dificuldades em definir o modelo de negócio. “Esse tem que responder questões importantes como posicionamento no mercado. É larga escala ou nicho? O produto é customizado ou atende ao público em geral?” Sem estratégias bem definidas, o empresário faz investimentos equivocados e não consegue deslanchar.
Também falta fôlego para o empreendedor pensar no futuro de seus negócios. Roberto Murat, sócio-diretor de uma das seis empresas apresentadas no evento da BM&FBovespa, diz que a participação no programa o ajudou a dedicar tempo para isso. Ele é sócio-diretor da Bio Ventures Brasil, que desenvolve combustíveis, solventes e outros químicos à base de pinhão-manso. A empresa dominou a tecnologia de bioquerosene para aviação e vem testando o combustível em parceria com a TAM. “Às vezes, você se envolve muito nas questões do dia a dia e não tem tempo para definir estratégias e buscar o investidor adequado”, conta.
Um dos focos do New Ventures é ajudar o empreendedor a falar uma linguagem que faça sentido ao investidor, peça fundamental para garantir a sobrevivência de negócios altamente inovadores como o de Murat, cujo bioquerosene ainda deve levar dois anos para chegar ao mercado.
Mas não são só os empreendedores que precisam aprender a falar a linguagem dos investidores. Acostumados com negócios convencionais, muitas vezes o investidor não percebe a lógica sustentável desses empreendedores. “Estamos falando em empresas cujos resultados socioambientais nem sempre são reconhecidos pela lógica de retorno financeiro a curto prazo”, aponta Paulo Durval Branco, coordenador do programa Inovação na Criação de Valor (ICV), do GVces.
Para Branco, o Brasil possui um ambiente desfavorável à inovação. “Há pouco investimento na formação de empreendedores, nossa indústria de capital de risco é embrionária e é difícil registrar patentes.” Por isso, programas como o ICV e o New Ventures prestam relevante contribuição à educação para o empreendedorismo. (leia mais sobre as dificuldades para obter patente no Brasil na reportagem “Fora do Clube”)
Um dos objetivos do ICV é melhorar a inserção de pequenas e médias empresas (PME) nas cadeias de valor de grandes companhias. Até agosto, o ICV selecionará nove PME que possuam inovações em sustentabilidade e estejam inseridas na cadeia de valor de grandes empresas. Três casos selecionados pelo programa já estão disponíveis. Contudo, em vez de focar nos investidores, o programa trabalha para que as grandes empresas incluam paradigmas de sustentabilidade na gestão de suas cadeias de suprimentos, abrindo mais espaço aos fornecedores que atendam a esses critérios.[:en]Programas auxiliam negócios inovadores e alinhados com a sustentabilidade
Seis inovadoras empresas brasileiras foram apresentadas em junho a um fórum de investidores na BM&FBovespa, em São Paulo. O evento é o ápice do programa New Ventures, iniciativa do World Resources Institute (WRI), que apoia negócios sustentáveis em países emergentes. Durante três meses, elas passaram por um processo que Marcelo Torres, diretor do programa no Brasil, chama de aceleração. Um intensivo de cursos, tutoriais, reuniões e simulações desenhados para que os empreendedores afinem suas estratégias e planos de negócios e sintam-se preparados para sentar-se à mesa com investidores.
O objetivo é fortalecer negócios de empresas inovadoras preocupadas não apenas com o lucro, mas também com resultados sociais e ambientais positivos. Criado em 1999, o programa já envolveu 346 milhões em investimentos. Aqui, o programa tem 49 empresas em seu portfólio e coleciona histórias de sucesso, como a Dry Wash.
Lito Rodrigues tocava a Dry Wash há dez anos, quando se inscreveu para a primeira edição do New Ventures Brasil, em 2004. Preocupado com o alto consumo de água em seu lava a jato, desenvolveu uma tecnologia de lavagem de carros a seco.
Quando entrou no programa, sua empresa já tinha a tecnologia consolidada, práticas de valorização dos funcionários e uma rede de franquias. Mas carecia de uma ferramenta básica: o plano de negócios. Além de elaborar seu plano, Rodrigues enxugou a rede franqueada, melhorou a padronização do serviço e conseguiu investimentos para diversificar seus produtos. Recentemente, a tecnologia chamou a atenção de um investidor americano. O contato, facilitado pelo New Ventures, resultou em duas lojas franqueadas na Índia.
O caso ilustra bem a história de muitos negócios nascentes, de micros a médias empresas. O empreendedor brasileiro, em geral, é criativo do ponto de vista da inovação, mas, segundo Torres, tem dificuldades em definir o modelo de negócio. “Esse tem que responder questões importantes como posicionamento no mercado. É larga escala ou nicho? O produto é customizado ou atende ao público em geral?” Sem estratégias bem definidas, o empresário faz investimentos equivocados e não consegue deslanchar.
Também falta fôlego para o empreendedor pensar no futuro de seus negócios. Roberto Murat, sócio-diretor de uma das seis empresas apresentadas no evento da BM&FBovespa, diz que a participação no programa o ajudou a dedicar tempo para isso. Ele é sócio-diretor da Bio Ventures Brasil, que desenvolve combustíveis, solventes e outros químicos à base de pinhão-manso. A empresa dominou a tecnologia de bioquerosene para aviação e vem testando o combustível em parceria com a TAM. “Às vezes, você se envolve muito nas questões do dia a dia e não tem tempo para definir estratégias e buscar o investidor adequado”, conta.
Um dos focos do New Ventures é ajudar o empreendedor a falar uma linguagem que faça sentido ao investidor, peça fundamental para garantir a sobrevivência de negócios altamente inovadores como o de Murat, cujo bioquerosene ainda deve levar dois anos para chegar ao mercado.
Mas não são só os empreendedores que precisam aprender a falar a linguagem dos investidores. Acostumados com negócios convencionais, muitas vezes o investidor não percebe a lógica sustentável desses empreendedores. “Estamos falando em empresas cujos resultados socioambientais nem sempre são reconhecidos pela lógica de retorno financeiro a curto prazo”, aponta Paulo Durval Branco, coordenador do programa Inovação na Criação de Valor (ICV), do GVces.
Para Branco, o Brasil possui um ambiente desfavorável à inovação. “Há pouco investimento na formação de empreendedores, nossa indústria de capital de risco é embrionária e é difícil registrar patentes.” Por isso, programas como o ICV e o New Ventures prestam relevante contribuição à educação para o empreendedorismo. (leia mais sobre as dificuldades para obter patente no Brasil na reportagem “Fora do Clube”)
Um dos objetivos do ICV é melhorar a inserção de pequenas e médias empresas (PME) nas cadeias de valor de grandes companhias. Até agosto, o ICV selecionará nove PME que possuam inovações em sustentabilidade e estejam inseridas na cadeia de valor de grandes empresas. Três casos selecionados pelo programa já estão disponíveis. Contudo, em vez de focar nos investidores, o programa trabalha para que as grandes empresas incluam paradigmas de sustentabilidade na gestão de suas cadeias de suprimentos, abrindo mais espaço aos fornecedores que atendam a esses critérios.