Universidade livre e itinerante é a nova proposta para a descentralização do conhecimento e a democratização da informação
Uma universidade onde o estudo da música, artes integradas, produção cultural, ciências sociais e política transcende o espaço físico das salas de aula já é realidade. Batizada de Universidade Fora do Eixo (UniFDE), a nova academia busca revolucionar o discurso da produção cultural brasileira, apostando na criação de tecnologias sociais por meio da troca de experiências e do compartilhamento livre de conhecimento. “Qualquer ideia por aqui sai desse ponto”, reforça Carol Tokuyo, reitora da UniFDE.
A experiência pedagógica foi formalizada em 2010 e é o recente filhote do Circuito Fora do Eixo, um dos mais ativos coletivos de produtores da cena independente nacional. Desde 2005, quando o Circuito foi criado, a rede colaborativa cresceu para aproximadamente 200 pontos ao redor do País e está presente em 25 das 27 unidades federativas.
Pautando-se, sobretudo, no contato direto com produtores locais e/ou regionais, iniciativas colaborativas fizeram com que os festivais independentes se proliferassem em toda parte. A reflexão sobre o esforço de produção e realização desses festivais fez com que a turma começasse a pensar “fora da caixa”, inclusive no que se refere à grade curricular formal. “Trabalhamos com um público jovem, que sempre criticou muito o afastamento da academia da vida real. Nas atividades que nossa rede propõe ao redor do Brasil, o aprendizado é vivo, é orgânico, e isso é muito mais atraente, interativo e rico na formação de um profissional e de um ser humano”, enfatiza a reitora.
SISTEMATIZAR O SABER
Tanto tempo de estrada – de festival em festival – levou à conclusão de que havia
em cada parada, evento ou encontro uma metodologia de trabalho muito própria, em que as redes ligadas ao Circuito Fora do
Eixo tinham um papel fundamental. “Desde 2007 começamos a ter consciência da tarefa de olhar com atenção para o nosso próprio aprendizado, em um esforço de gerar a
troca de saberes”, relata Carol Tokuyo. “A UniFDE surge então a partir da necessidade de organização e sistematização desse conhecimento e experiência”, esclarece.
Na prática, o conjunto de atividades curriculares possíveis está associado a um festival de música, mas não se limita ou restringe a ele, como lembra a reitora. “Grande parte das atividades da Universidade acontece sim nos Festivais, porém também temos os campi permanentes de formação”.
É no pensar, organizar e realizar uma ideia cultural que a UniFED abre suas atividades em formato de debates, observatórios, painéis, oficinas integradas, intercâmbio etc. “O mote é a música, mas com ela vem todo um universo de criação que cede espaço para todas as tribos da arte.”
O campus temporário é outra característica da UniFDE. Conforme
se cumpre o cronograma de festivais estipulados para o ano letivo, abrem-se vagas para interessados em apoiar e/ou participar das atividades regionais. Como o curso é livre, qualquer pessoa pode procurar as atividades curriculares nos sites dos eventos e definir sua própria programação. “Ele acontece em diferentes partes do País ao longo do ano letivo, promovendo sinergia entre boa música e artes integradas”, pontua Carol Tokuyo, que faz parte do time fora do eixo desde 2007.
RECONHECIMENTO LÁ FORA
A prática de sistematização e troca de conhecimento foi reconhecida recentemente pelo governo de Cabo Verde. Mário Lúcio, Ministro da Cultura do país africano, esteve recentemente no Brasil para celebrar os dez anos da Feira da Música de Fortaleza – criação da Rede Ceará de Música (RedeCem) – coletivo cearense integrado ao Circuito Fora do Eixo – e o lançamento do campus na região. A vinda (e carta) da autoridade trouxe holofotes para a importância das ações socioculturais promovidas no âmbito da UniFED.
Em nota que circulou via rede social, a UniFDE afirmou que o reconhecimento do governo de Cabo Verde “é uma grande vitória na disputa pela descentralização e democratização do conhecimento, do compartilhamento livre de informações, da valorização das experiências empíricas e culturais como processos formativos fundamentais e efetivos, capazes de transformar e multiplicar as narrativas de mundo existentes”.[:en]Universidade livre e itinerante é a nova proposta para a descentralização do conhecimento e a democratização da informação
Uma universidade onde o estudo da música, artes integradas, produção cultural, ciências sociais e política transcende o espaço físico das salas de aula já é realidade. Batizada de Universidade Fora do Eixo (UniFDE), a nova academia busca revolucionar o discurso da produção cultural brasileira, apostando na criação de tecnologias sociais por meio da troca de experiências e do compartilhamento livre de conhecimento. “Qualquer ideia por aqui sai desse ponto”, reforça Carol Tokuyo, reitora da UniFDE.
A experiência pedagógica foi formalizada em 2010 e é o recente filhote do Circuito Fora do Eixo, um dos mais ativos coletivos de produtores da cena independente nacional. Desde 2005, quando o Circuito foi criado, a rede colaborativa cresceu para aproximadamente 200 pontos ao redor do País e está presente em 25 das 27 unidades federativas.
Pautando-se, sobretudo, no contato direto com produtores locais e/ou regionais, iniciativas colaborativas fizeram com que os festivais independentes se proliferassem em toda parte. A reflexão sobre o esforço de produção e realização desses festivais fez com que a turma começasse a pensar “fora da caixa”, inclusive no que se refere à grade curricular formal. “Trabalhamos com um público jovem, que sempre criticou muito o afastamento da academia da vida real. Nas atividades que nossa rede propõe ao redor do Brasil, o aprendizado é vivo, é orgânico, e isso é muito mais atraente, interativo e rico na formação de um profissional e de um ser humano”, enfatiza a reitora.
SISTEMATIZAR O SABER
Tanto tempo de estrada – de festival em festival – levou à conclusão de que havia
em cada parada, evento ou encontro uma metodologia de trabalho muito própria, em que as redes ligadas ao Circuito Fora do
Eixo tinham um papel fundamental. “Desde 2007 começamos a ter consciência da tarefa de olhar com atenção para o nosso próprio aprendizado, em um esforço de gerar a
troca de saberes”, relata Carol Tokuyo. “A UniFDE surge então a partir da necessidade de organização e sistematização desse conhecimento e experiência”, esclarece.
Na prática, o conjunto de atividades curriculares possíveis está associado a um festival de música, mas não se limita ou restringe a ele, como lembra a reitora. “Grande parte das atividades da Universidade acontece sim nos Festivais, porém também temos os campi permanentes de formação”.
É no pensar, organizar e realizar uma ideia cultural que a UniFED abre suas atividades em formato de debates, observatórios, painéis, oficinas integradas, intercâmbio etc. “O mote é a música, mas com ela vem todo um universo de criação que cede espaço para todas as tribos da arte.”
O campus temporário é outra característica da UniFDE. Conforme
se cumpre o cronograma de festivais estipulados para o ano letivo, abrem-se vagas para interessados em apoiar e/ou participar das atividades regionais. Como o curso é livre, qualquer pessoa pode procurar as atividades curriculares nos sites dos eventos e definir sua própria programação. “Ele acontece em diferentes partes do País ao longo do ano letivo, promovendo sinergia entre boa música e artes integradas”, pontua Carol Tokuyo, que faz parte do time fora do eixo desde 2007.
RECONHECIMENTO LÁ FORA
A prática de sistematização e troca de conhecimento foi reconhecida recentemente pelo governo de Cabo Verde. Mário Lúcio, Ministro da Cultura do país africano, esteve recentemente no Brasil para celebrar os dez anos da Feira da Música de Fortaleza – criação da Rede Ceará de Música (RedeCem) – coletivo cearense integrado ao Circuito Fora do Eixo – e o lançamento do campus na região. A vinda (e carta) da autoridade trouxe holofotes para a importância das ações socioculturais promovidas no âmbito da UniFED.
Em nota que circulou via rede social, a UniFDE afirmou que o reconhecimento do governo de Cabo Verde “é uma grande vitória na disputa pela descentralização e democratização do conhecimento, do compartilhamento livre de informações, da valorização das experiências empíricas e culturais como processos formativos fundamentais e efetivos, capazes de transformar e multiplicar as narrativas de mundo existentes”.