Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, marcados para agosto deste ano, mais do que uma grande festa para o mundo, representam uma importante oportunidade de deixar um legado de sustentabilidade para o Brasil.
Nesse sentido, o Comitê Organizador da Rio-2016 firmou uma parceria com o FSC (Forest Stewardship Council) para que toda a madeira e produtos florestais adquiridos para a realização dos Jogos Olímpicos seja certificada – ou seja, com boa origem comprovada e fruto de manejo responsável. Na prática, isso significa que todas as 40 mil camas, 120 mil criados-mudos, 80 mil mesas, milhares de certificados e diplomas para os atletas, até as caixinhas das medalhas e o pódio olímpico serão certificados.
Em sintonia com esse esforço, a Casa da Moeda do Brasil (CMB) recebeu recentemente a certificação do FSC para a cadeia de custódia, sendo a primeira empresa do segmento a ganhar esse reconhecimento na América Latina. Esse selo garante que os produtos da CMB para os Jogos Olímpicos têm rastreabilidade definida da matéria-prima, desde a floresta até seu uso na Cidade Maravilhosa durante o evento. Além de produzir as medalhas, a CMB também irá fornecer as embalagens e fitas das medalhas, assim como todos os diplomas e certificados do evento.
Essa certificação abre possibilidade para que outros produtos importantes da CMB, como passaportes oficiais e selos postais, também possam ter sua matéria-prima identificada e rastreada.
“A certificação da CMB é algo muito inovador”, aponta Leonardo Sobral, gerente de certificação florestal do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), que auditou e recomendou a certificação da CMB pelo FSC. “Consumindo papel certificado FSC, ela estimula toda uma cadeia produtiva e contribui para que mais florestas sejam certificadas, garantindo o bom manejo e sua conservação”.
“O Rio-2016 assumiu o compromisso de inserir a sustentabilidade na sua organização, e uma das nossas principais causas é o combate ao desmatamento. Nesse processo, trabalhamos com a área de suprimentos na capacitação e monitoramento dos fornecedores e cadeias de valor”, explica Tania Braga, gerente de sustentabilidade do Comitê Rio-2016.
Indução de boas práticas
O esforço do Comitê Rio-2016 em garantir a rastreabilidade da matéria-prima dos produtos utilizados durante os Jogos Olímpicos é um exemplo do potencial que os grandes eventos esportivos têm na promoção de boas práticas socioambientais, com legados positivos para a sociedade brasileira.
O livro “Compras Sustentáveis & Grandes Eventos”, publicado pelo FGVces, Ministério do Meio Ambiente e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) no começo de 2015, destaca esse potencial dos grandes eventos em criar escala para essas práticas e ajudar na conscientização de produtores e de outros consumidores de grande porte. A publicação indica a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) como uma ferramenta útil para obter informações confiáveis para a tomada de decisão de compra mais alinhada à sustentabilidade.