Por Flavia Pardini
Quanto valem os serviços prestados por um ecossistema? A pergunta soa técnica, mas levanta paixões.
Os serviços oferecidos pelos ecossistemas do estado americano de Nova Jersey em um ano, por exemplo, valem de US$ 8,6 bilhões a US$ 19,8 bilhões, concluiu um estudo finalizado em abril. E o valor total do capital natural de Nova Jersey pode variar de US$ 288 bilhões a US$ 600 bilhões, excluindo a produção de bens, como os agrícolas, pescado, minérios e água. Um dos estados mais densamente povoados dos EUA, Nova Jersey é vizinho a Nova York, tem vocação industrial, mas preserva refúgios onde a natureza executa serviços como filtragem da água, contenção de enchentes, polinização de lavouras, entre outros.
O estudo é um de vários que tentam colocar preço em serviços que só o meio ambiente oferece. Levantamento divulgado em janeiro, por exemplo, estimou em US$ 448 bilhões o valor dos serviços na Bacia do Rio Mackenzie, no Canadá, região de floresta boreal.
A avaliação dos ativos naturais de Nova Jersey, encomendada pelo Departamento de Proteção Ambiental do estado, leva a assinatura de Robert Costanza e outros pesquisadores do Gund Institute for Ecological Economics, da Universidade de Vermont. É de Costanza também a estimativa, publicada em 1997, de que a biomassa do planeta valeria aproximadamente US$ 33 trilhões por ano, quase o dobro do Produto Nacional Bruto global, de US$ 18 trilhões.
Economistas ligados à corrente ambiental discordam do trabalho de economistas ecológicos como Costanza. Segundo eles, é impossível que os ativos naturais do planeta superem o valor da renda produzida no mesmo período – o que significa que, mesmo que quisessem pagar por eles, os homens não teriam dinheiro para tanto. Para Costanza e outros, porém, é preciso colocar a questão na agenda e, sem preço, os serviços ambientais continuarão fora das decisões econômicas.