Enquanto os produtores de alimentos aparentemente disputam terra a tapas com os agricultores que se dedicam a safras para biocombustíveis, cerca de 50% da comida saída dos campos não chega ao garfo, levando consigo quantidades consideráveis de água. A estimativa consta de um estudo do Stockholm International Water Institute e outras três entidades suecas, divulgado em agosto durante a Semana Mundial da Água, em Estocolmo.
O estudo mapeia a cadeia dos alimentos, da produção, passando pelo processamento e distribuição, comercialização e consumo – e em cada etapa identifica o potencial de desperdício de água em consequência da perda de alimentos. Em primeiro lugar, destaca o documento, “a quantidade de alimentos produzida nos campos é mais do que a necessária para que a população global leve uma vida saudável, produtiva e ativa”.
Enquanto o mundo produz mais comida do que precisa – e alguns passam fome e outros comem demais –, cerca de 1,2 bilhão de pessoas vivem em áreas onde não há água suficiente, situação que deve piorar com o aquecimento global.
“Um problema oculto é que os agricultores têm de oferecer comida para satisfazer tanto nossas necessidades de consumo como nossos hábitos desperdiçadores”, diz o estudo. Só nos EUA, mais de 25% da comida preparada nas residências e restaurantes acaba no lixo, segundo a Environmental Protection Agency. Com taxa de compostagem de apenas 3%, o grosso segue para os aterros, onde ajuda a gerar metano, alimentando as mudanças climáticas. Reduzir as perdas e o desperdício ao longo da cadeia, lembra o estudo sueco, é uma boa forma de liberar mais água e terra para outros usos.