O debate sobre o rumo para a economia de Ilhéus abre a oportunidade para que a questão ambiental seja fator determinante na decisão, acredita Alexandre Schiavetti, pesquisador da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), autor do laudo sobre Unidades de Conservação (UC) para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto do Porto Sul. Em sua avaliação, tanto a rede hoteleira prevista para a região quanto o Porto Sul resultariam em geração modesta de empregos. Já na área ambiental, os impactos seriam significativos.
Em seu relatório para o EIA, Schiavetti analisou os caminhos que o mineroduto ou a ferrovia podem percorrer para ligar Caetité a Ilhéus, onde será construído o porto. Um deles, considerado ótimo do ponto de vista de custo, afetaria cinco Ucs: além da APA da Lagoa Encantada e do Rio Almada, a APA Serra Grande-Itacaré, duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e o Parque Estadual da Serra do Conduru. Segundo o pesquisador, o projeto alteraria a conectividade entre os ecossistemas presentes nestas áreas, entre eles restingas, manguezais e mata.
Schiavetti afirma que os impactos ambientais dos empreendimentos turísticos seriam mais difusos. Caso o projeto do Porto Sul vá em frente, ele propõe que os empreendedores paguem uma boa compensação ao adquirir terras do Parque Estadual da Serra do Conduru – que ainda não foram desapropriadas – para que o Estado realize o manejo com o objetivo de conservar a biodiversidade. Schiavetti lembra que a região apresenta uma das maiores taxas de biodiversidade vegetal do mundo. O EIA do projeto do Porto Sul ainda não foi finalizado.