Da planta à planta: acaba de ser lançado no Brasil um papel que traz o conceito de ciclo fechado da natureza. Fabricado artesanalmente com a fibra da bananeira, contém sementes de hortaliças e presta-se à confecção de convites, envelopes, cartões de fim de ano, marcadores de livro. Depois de usado, se for “plantado” e cuidado corretamente, as sementes se transformam em mudas de rúcula, agrião e cenoura. O lançamento é uma aposta para as vendas de fim de ano do Grupo Eco, empresa nascida sob princípios da sustentabilidade que atua em eventos, marketing e comunicação.
Foi em um evento na Espanha que o fundador do grupo, Davis de Luna Tenório, conheceu a tecnologia do “papelsemente”. Adaptou-a ao Brasil, associando-a um trabalho social. O papel é produzido por uma comunidade parceira da empresa em Itariri (SP), no Vale do Ribeira, em um processo que gera 16 empregos diretos. Para confeccioná-lo, são aproveitados os troncos de bananeira cortados depois que o pé produz os cachos. As fibras são processadas até formar uma pasta, onde são colocadas as sementes. Prensada e seca ao sol, transformase em folhas de papel.
“Houve grande investimento humano no desenvolvimento da tecnologia.Testamos sementes de flores, mas as que responderam melhor, com germinação em oito dias, foram as hortaliças”, conta Tenório.
O setor em que o Grupo Eco atua é um dos mais sensíveis à atual crise econômica. “Brindes e eventos sustentáveis são os primeiros itens que as companhias cortam na hora do aperto”, diz ele. Mesmo assim, o empresário acredita que a crise será favorável a seus negócios. “Como ela está baseada em uma questão ética – hoje todos desconfiam de todos – haverá uma depuração e crescerá o espaço para as empresas realmente confiáveis e de fato comprometidas com a sustentabilidade.” Como diria Gil, tem que morrer pra germinar.