Um cenário energético para os próximos 100 anos dificilmente pode ser preciso, mas permite vislumbrar quando será possível alcançar a oferta livre de combustíveis fósseis e emissão de gases de efeito estufa – caso se comece, desde já, a caminhar nessa direção por meio do desenvolvimento de fontes renováveis e de ganho de eficiência. É a mensagem dos autores de [R]evolução Energética: Perspectivas para uma Economia Global Sustentável, cenário desenvolvido pelo Centro Aeronáutico e Espacial Alemão por encomenda do Greenpeace e da Comissão Européia de Energia Renovável.
O documento, que acaba de ganhar uma segunda edição e está disponível aqui, é uma espécie de reação aos cenários da Agência Internacional de Energia (AIE), que projetam a oferta e consumo de energia com base no business as usual, comenta Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace (leia mais sobre energia às págs. 36 e 46).
“A AIE baseia-se no retrovisor para projetar o futuro. E, Para combater as mudanças climáticas, considera como alternativas a fonte nuclear e a captura e armazenamento de gases de efeito estufa no subsolo, o que nós do Greenpeace rechaçamos”, diz.
O [R]evolução traça dois cenários. O chamado de Longo Prazo corta pela metade, em relação a 1990, as emissões até 2050, quando as fontes renováveis serão responsáveis por 56% da demanda global de energia primária, e de 80% da elétrica – a fim de manter em até 2 graus o aumento da temperatura. E o Avançado prevê corte total das emissões em 2080.
Para dar conta dessa realidade, novos empregos terão de ser criados. Segundo a Comissão Européia, o mercado de energia renovável movimenta US$ 70 bilhões anualmente e dobra de tamanho a cada três anos. Na visão de Baitelo, a tendência é que as fontes renováveis se tornem mais baratas do que as fósseis, pois cedo ou tarde estas vão se exaurir e serão objeto de taxações crescentes, enquanto o desenvolvimento tecnológico cada vez mais viabilizará as alternativas.