Você já ouviu falar de Slow Food-, movimento que ataca a cultura do fast food e que prega a volta das tradições gastronômicas e do prazer convivial de uma boa refeição. Talvez tenha ouvido falar de Slow Travel – que propõe que o turista interaja com as paisagens, as pessoas e a cultura do lugar visitado. Agora, Slow Money? Investir sem preocupação com o tempo de retorno do dinheiro?
O conceito cresce nos Estados Unidos, na ressaca do revertério da economia e dos investimentos tradicionais. Seu lema: “investir como se os alimentos, as propriedades rurais e a fertilidade importassem”. Sua bandeira: que as fundações e outros investidores tirem parte dos seus recursos do mercado financeiro e que os transfiram para a produção local e sustentável de alimentos, fomentando cooperativas e um modelo agrário de microcrédito.
Participei dias atrás do lançamento oficial do conceito, numa reunião que reuniu três centenas de pessoas aqui em Santa Fe.
“A voltatilidade do dinheiro e o fato de que ele está totalmente desconectado da Terra é algo danoso”, afirmou, durante a abertura do evento, Woody Tasch, o principal mentor deste movimento. Tasch é um profissional oriundo do mercado financeiro e fundador da não governamental Slow Money. Tasch prossegue: “enquanto circula pelo globo, com velocidade cada vez maior, o dinheiro retira o oxigênio do ar, a fertilidade do solo e a cultura das comunidades locais”.
Para que o capital não seja danoso à economia, aos indivíduos e ao planeta, ele propõe uma nova modalidade de investimento socialmente responsável. “Quanto do venture capital vai para a produção de alimentos?”, ele pergunta, para logo responder: “um centésimo de 1%”. Tasch diz que uma das razões para número tão baixo é que a idéia de que as fundações invistam de acordo com seus princípios, em projetos igualmente éticos, ainda é considerada radical. Ele cita o exemplo da Bill and Melinda Gates Foundation, que dispõe de mais de US$ 30 bilhões e investe sobretudo na África, mas que admitiu numa reportagem publicada pelo Los Angeles Times em 2007 que faz aplicações em empresas petrolíferas que atuam na Nigéria. Empresas cujo impacto ambiental e político é amplamente questionado. (Leia mais a respeito aqui, em inglês)
Para ele, esses recursos deveriam ser destinados à promoção do orgânico e do local – inclusive por meio de compra de participação em pequenos projetos agrícolas. A proposta do Slow Money é que os investidores arregacem as mangas e acompanhem de perto o progresso de seus investimentos.
Quem tiver interesse no assunto poderá ler mais a respeito num artigo recente da revista Time (leia aqui, em inglês) de semanas atrás.
Qual a sua opinião? O Slow Money tem condições de prosperar ou é apenas mais um modismo passageiro?