Mais uma empresa gigante do setor elétrico norte-americano se junta ao coro daqueles que se recusam a ignorar as mudanças climáticas.
A maior operadora de energia nuclear dos Estados Unidos, a Exelon, decidiu deixar a Câmara de Comércio norte-americana. Motivo: o lobby contrário à lei climática em tramitação no Congresso feito pela instituição. A notícia foi dada ontem, mostrando que a empresa seguiu os passos de outras duas grandes do setor energético por lá — a Pacific Gas and Electric (PG&E) e a Public Service Company of New Mexico (PNM).
Nas palavras do CEO da Exelon, John Rowe, “a falta de ação no clima não é uma opção” — como noticia o site Carbono Brasil. Ele ocupa o cargo na empresa há 26 anos, e é considerado pela imprensa norte-americana como um dos maiores defensores de ações contra as mudanças climáticas do setor nos Estados Unidos.
Em uma outra ocasião, Peter Darbee, presidente da PG&E, acusou a Câmara de “tentativas não ingênuas de diminuir ou distorcer a realidade” dos desafios associados às mudanças climáticas globais (leia a matéria em inglês)
A Câmara do Comércio dos EUA é contra a regulação de gases do efeito estufa (GEE) pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) e também contra o projeto de lei Waxman-Markey, que deu origem ao atual American Clean Energy and Security Act of 2009 (ACES). O projeto, que espera por votação no Senado, estabele uma variante do sistema cap-and-trade para lidar com gases causadores do efeito estufa, e prevê a redução de 17% dos níveis de GEE de 2005 até 2020.
Mas essa não é a primeira vez que a Câmara de Comércio faz lobby contrário à legislação mais eco-friendly. Em 2007, quando a Waxman-Markey ainda tramitava na casa baixa do Congresso norte-americano, a Câmara lançou uma propaganda em que incitava a população a pressinar congressistas a declinarem o projeto. Veja o video ao lado.
Andando pelos mesmos trilhos da Câmara de Comércio está Associação Nacional das Indústrias dos Estados Unidos, que publicou recentemente um estudo de autoria própria na qual diz que, se aprovada, a lei climática aumentará em 50% o preço da eletricidade em 2030. Mas a Associação não parou por aí: produziu ainda um comercial que dava o número de telefone de senadores para que a população pressionasse contra a lei. O vídeo também pode ser visto ao lado.
Atualização — 30 de setembro
A Nike anunciou que deixa o Conselho de Diretores da Câmara de Comércio dos Estados Unidos. A gigante do consumo alegou que “os Estados Unidos devem caminhar rapidamente em direção a um modelo econômico sustentável para continuarem competitivos e garantirem o crescimento econômico.” Em comunicado, a empresa afirmou que discorda fundamentalmente da posição da Câmara em relação aos assuntos climáticos.