Sem uma conta única global é impossível falar de métodos de redução de emissões de gases do efeito estufa. A partir dessa premissa, o WWF divulgou na semana passada um relatório (leia em inglês) com três métodos para realizar essa tarefa. Entre eles está um método que pode ser uma boa alternativa à difícil tarefa de categorizar os países como ricos ou pobres.
Apesar do nome longo — Direitos de Emissão de Gases de Efeito Estufa por Nível de Desenvolvimento (ou GDR em inglês) – a idéia é simples: não importa se um país é desenvolvido ou emergente, importa quantas pessoas vivem ali e são consideradas afluentes, ou fontes de “emissões de luxo” , sendo consequentemente mais responsáveis pelo abacaxi climático.
A medição dessa capacidade individual seria feita a partir de dados do coeficiente de Gini de cada país, que mede o grau de desigualdade entre os seus habitantes. Com ele, cria-se um indicador de capacidade, que pode resultar acima ou abaixo do limiar global.
O nível de debate passa a girar, então, no estabelecimento e cumprimento desse limiar global – a sugestão dos pesquisadores do Instituto Ambiental de Estocolmo, que criaram o método, é de 7,5 mil dólares per capita por ano.
Para aqueles países cujos níveis estão abaixo do limiar, haveria permissão para que o desenvolvimento seja prioridade, e não precisariam contribuir com os esforços para redução de emissões, chamadas de “emissões de sobrevivência”.
Entretanto, um mesmo país pode ter uma parcela de sua população abaixo desse limiar, mas ainda assim ter de respeitar metas, oriundas de outra parcela populacional considerada geradora de “emissões de luxo”.
A moral da história é a seguinte: se pegada de carbono = afluência, o esforço de fazer o mundo inteiro se enquadrar numa média de emissões pode ser também um instrumento de redução das desigualdades. Em teoria, quanto menor a distância carbônica entre os países, menor o abismo socioeconômico. Quem sabe…