Os chamados “subsídios sujos” – aqueles que dão uma vantagem competitiva a tecnologias poluentes – ainda são a norma em inúmeros países.
Cerca de US$ 300 bilhões – algo na faixa de 0,7% do PIB mundial – são gastos anualmente para subsidiar a geração de energia. Segundo estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a maior parte desta dinheirama destina-se aos combustíveis fósseis. Tais recursos reduzem artificialmente o preço do petróleo, do gás, do carvão mineral e da eletricidade gerada por eles. Isto, obviamente, aumenta o consumo e as emissões de gases-estufa. Por isso, afirma o Pnuma, num relatório publicado no ano passado, “o cancelamento desses subsídios poderia reduzir as emissões de gases promotores do aquecimento global em até 6% por ano, contribuindo com 0,1 do PIB global”.
Outro estudo, divulgado em setembro pelo Environmental Law Institute, uma não-governamental bastante tradicional de Washington, reforça as conclusões da ONU. Ele revela que, entre 2002 e 2008, os Estados Unidos ofereceram cerca de US$ 72 bilhões em subsídios para os combustíveis fósseis. Menos da metade desse valor – US$ 29 bilhões – foi para os combustíveis renováveis.
É possível que esta realidade comece, lentamente, a mudar. Em setembro, os líderes do G20 anunciaram, durante a reunião de cúpula de Pittsburgh, que pretendem eliminar progressivamente “subsídios ineficientes a combustíveis fósseis”. O G20 não detalhou quando isto deverá ocorrer, mas a morte anunciada dos subsídios já está provocando reações constrangedoras. A Arábia Saudita, maior exportador de petróleo, convocou os demais países produtores para que, juntos, reivindiquem uma compensação pela queda no consumo do combustível. Leia mais aqui.
Os subsídios que ajudam a promover o aquecimento global são apenas a face mais visível de um problema presente em outros setores da economia. É o caso da pesca industrial. Estudo de Daniel Pauly, pesquisador da University of British Columbia, no Canadá, calcula que pelo menos U$ 30 bilhões em subsídios são destinados à promoção de um modelo de pesca extremamente insustentável, que está conduzindo à extinção de boa parte das espécies comerciais.
Os subsídios sujos sabotam o esforço de redirecionar a economia para que se torne mais sustentável. Morte aos subsídios idiotas!