Scheila se formou em Artes Plásticas e Design de Interiores em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Quando chegou a São Paulo, há dez anos, viu que seu interesse era aliar design e sustentabilidade. Tanto adequação de produtos e reaproveitamento como novos usos para o excedente industrial passaram a ser o foco das suas atividades. Desde um desenho de produto que apresenta problemas na hora de virar objeto até a troca de embalagens para diminuir custo ou redução do uso de plástico estão sob a mira da designer. “Gosto de fazer com que o lixo que está no local vire algo de bom para quem convive naquele espaço. Penso nos materiais e processos, as pessoas não têm obrigação de saber tudo e fazer a ligação entre todos os setores”, diz.
Seu projeto mais ambicioso e pelo qual tem o maior carinho é a transformação de carretéis de cabos elétricos em mobiliário infantil e brinquedos.
Tudo começou em uma feira em São Paulo que exibiu algumas peças criadas por Scheila feitas daqueles enormes discos de madeira que as companhias de energia elétrica usam para enrolar os fios. “Via aquilo nos canteiros de obra e achava um objeto interessante, com múltiplas possibilidades”, conta Scheila.
Funcionários da Eletropaulo pararam no estande e reconheceram o velho carretel nas cadeiras, gangorras e casinhas de brinquedo.
A empresa de energia paulista propôs a doação do que para eles é lixo, mas a designer não tinha como armazenar. Continuou fazendo os móveis e brinquedos em pequena escala e sob encomenda para empresas privadas e eventos. Mas Scheila ainda acredita que o simples carretel jogado fora pode se transformar num projeto de responsabilidade social das empresas de energia elétrica ou até de outras interessadas. “É possível criar ateliês de baixo custo em que a matéria-prima é o lixo que vai virar brinquedos ou móveis para os próprios funcionários”, explica. Está lançada a ideia. Do plano de negócios e acompanhamento dos ateliês, Scheila diz que se encarrega.