Embora mais que nunca a sustentabilidade esteja na ponta da língua do discurso empresarial brasileiro e a transversalidade seja inerente ao seu conceito e à sua prática, o que se vê na imensa maioria das empresas ainda é uma “departamentalização” do assunto, em vez de permear toda a companhia. Uma pesquisa da maior empresa do mundo em recrutamento de executivos, a Korn/Ferry International, identificou que sustentabilidade no Brasil continua subordinada ou associada a departamentos como os de comunicação, relações institucionais ou governamentais, RH e até mesmo vendas e marketing.
Segundo a sócia-diretora da Korn/ Ferry no Brasil, Silvia Sigaud, a figura do chief sustainability officer (CSO) é cada vez mais comum nos EUA, mas ainda rara no País, aparecendo em no máximo 40 empresas. Cabe ao CSO fazer a ponte entre o presidente e as diversas áreas da empresa, organizar e coordenar as ações de maneira transversal.
Ainda assim, os 11 gestores em sustentabilidade ouvidos na pesquisa enxergam mudanças no front brasileiro e acreditam que a área tem se aproximado de forma consistente do presidente ou do grupo decisório. Silvia destaca o setor de papel e celulose, no qualoassunto já é central no corpo diretivo das empresas, e o de redes de varejo.
Os entrevistados listaram 20 competências do CSO em ordem de importância. Ganharam disparadas: “compreender o negócio da empresa” “inspirar as pessoas”, “comunicar com eficiência” e “agir com honra e caráter”. Sem as três primeiras, é impossível praticar a transversalidade. E sem a quarta, por mais que pareça condição implícita, torná-la visível é crucial para servir de modelo por todos na empresa, ainda mais neste período pós-crise.