Depois de um mês destrinchando a COP 15 e a geopolítica do clima para edição de novembro, tivemos algumas surpresas. Uma delas é que não imaginávamos o quanto as florestas são fundamentais para a nova legislação americana de emissões, ainda a ser aprovada.
O cap-and-trade dos EUA custará anualmente US$ 5 bilhões em investimentos públicos e US$ 9 bilhões em investimentos privados. Sem a participação de créditos gerados por desmatamento evitado, notadamente nos países em desenvolvimento, as reduções domésticas comparáveis custariam ao país mais de 50 bilhões de dólares até 2020.
Cap-and-trade “for dummies”: Refere-se a um instrumento econômico pelo qual quem emite carbono acima de uma cota estabelecida por lei é obrigado a comprar permissões de quem emite abaixo de seu teto.
É o principal elemento da lei conhecida como Waxman-Markey Bill, que tramita no Senado americano, e deve levar a uma redução de 7% nas emissões daquele país em relação aos níveis de 1990.
Trocando em miúdos, sem a participação de brasileiros, indonésios e demais detentores de floresta para conter o desmatamento e gerar créditos, a (modesta) meta americana se tornaria economicamente inviável.
A estimativa mencionada acima é de uma comissão de clima e florestas tropicais, composta por cientistas, ex-senadores, autoridades públicas e até militares, que nós pescamos no site do World Watch Institute.
Por essas e outras, Governadores de três estados norte-americanos assinaram acordos de cooperação com oito líderes regionais do Brasil e da Indonésia, de acordo com a reportagem do jornal The New York Times, publicada em outubro.
É mais uma evidência de como o avanço das negociações – e dos compromissos -internacionais pode ser um baita negócio para o Brasil.
Pena que o entusiasmo pelo carbono florestal esteja encobrindo a necessidade de se planejar as emissões nacionais em outras áreas…