Em movimento inesperado, a China abriu mão de receber financiamento para ações de combate às mudanças climáticas. A questão do financiamento segue como um dos grandes impasses para o estabelecimento de um acordo até o final desta semana, durante a Conferência Global do Clima em Copenhague.
Em entrevista ao jornal Financial Times, o vice-chanceler chinês He Yafei, afirmou que o dinheiro de ajuda deve seguir rumo aos países mais pobres, que a China não será impedimento para que se chegue a um acordo e que alguns países desenvolvidos querem culpar os chineses por um possível fracasso da COP.
“Sei que as pessoas dirão, se não houver acordo, que a culpa é da China. Mas isso é uma armadilha dos países desenvolvidos. Eles têm de olhar para suas próprias posições e não usar a China como uma desculpa. Isso não é justo”, disse He. Leia matéria em português do jornal Valor Econômico.
Essa concessão por parte dos chineses sinaliza uma importante mudança de rumos entre os países emergentes. O Brasil, até o momento, adota posição diferente nas negociações. Em pronunciamento oficial durante o final de semana, a chefe da delegação brasileira na COP, a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, afirmou que dinheiro do mecanismo financeiro da Convenção do Clima poderá ser operado pelo Banco Mundial, mas sob poder decisório da COP.
Esse fundo terá poder para financiar ações em adaptação e mitigação das emissões de gases do efeito estufa nos países em desenvolvimento, que teria um grupo de gestores com equilíbrio de representantes entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Dilma defende que esse dinheiro não será uma doação, “estamos falando de financiamento”, em suas palavras.
O Brasil também irá colaborar com o tal fundo futuro? Para Dilma, quem tem que colocar dinheiro são os ricos, mas os países em desenvolvimento continuariam isentos de uma obrigatoriedade. “Pode haver contribuições voluntárias de quem acha que pode contribuir para este fundo. É como um objetivo. A gente não tem objetivo obrigatório. Quem quiser contribuir, pode”, como noticia a Agência Brasil.
Países africanos saem de cena
Um grupo de países africanos — liderado pela Algéria, com apoio da Nigéria e da África do Sul — seguido por outros países em desenvolvimento chegou a paralisar as negociações na Conferência Global do Clima, em Copenhague, ao se retirar das mesas de conversas, alegando que os dirigentes das negociações estão tentando acabar com o Protocolo de Kyoto, além de tentar deixar o grupo “de lado” nas negociações. (leia matéria em inglês do Guardian). Depois de algumas horas ausentes, os países voltaram a negociar sob garantia de que suas propostas seriam mais consideradas.
O continente africano é uma das regiões do mundo que serão mais diretamente afetadas pelas consequências das mudanças climáticas, e anteriormente na semana os países africanos já sinalizavam que seus líderes não iriam a Copenhague para assinar acordo algum a não ser que avanços significativos fossem feitos.