Maior atenção sobre a agenda da biodiversidade levantou a necessidade de revisar padrões para a divulgação dos impactos das empresas e como são gerenciados. Minuta para consulta da revisão da Norma GRI 304 estará aberta até 28 de fevereiro
A Global Reporting Initiative (GRI) realizará em 8 de fevereiro, das 10 às 11 horas, pelo horário de Brasília, uma sessão online com o público brasileiro para esclarecimentos de dúvidas sobre o processo de revisão da Norma GRI sobre Biodiversidade. Essa é a maior atualização da norma desde a sua publicação em 2016. Ela contém divulgações para que as organizações relatem informações sobre seus impactos relacionados à biodiversidade e como gerenciam esses impactos. O evento, aberto e gratuito, contará com tradução simultânea (inscrições aqui).
“A questão da biodiversidade tem recebido cada vez mais atenção na agenda global de desenvolvimento sustentável nos últimos anos, e o GSSB [Global Sustainability Standards Board] identificou a necessidade de revisar a Norma GRI de Biodiversidade para permitir a divulgação dos impactos das empresas sobre a biodiversidade e como esses impactos são gerenciados”, afirma Elodie Chene, gerente de Normas da GRI.
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Segundo ela, as revisões destinam-se a refletir o pós-2020 da Global Biodiversity Framework (Estrutura Global de Biodiversidade), adotada na Conferência da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (COP 15), e agora chamada de Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework. Outro objetivo é melhorar as práticas emergentes para avaliar e medir os impactos da biodiversidade – por exemplo, a Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD).
“Com o adiamento das negociações da Global Biodiversity Framework devido à Covid-19, os resultados da Conferência foram integrados ao período de consulta pública e serão considerados na finalização do processo de revisão da Norma”, diz Chene. Para a GRI, sem transparência e adesão de todas as partes interessadas, incluindo o setor privado, não será possível deter a perda de biodiversidade até 2030 e alcançar sua recuperação, em linha com o compromisso assumido pela comunidade global na COP 15.
A minuta para comentários estará aberta até 28 de fevereiro de 2023. Após esse período, a GRI processará as sugestões recebidas e espera publicar a norma revisada até o final deste ano. Como em todas suas normas, a GRI está se utilizando de uma abordagem multistakeholder, para garantir a participação de diversas partes interessadas, e incorporar as perspectivas de negócios, investidores, sociedade civil, academia e outros normatizadores.
O objetivo do projeto é fazer com que a Norma GRI 304 represente as melhores práticas internacionais, esteja alinhada aos avanços mais recentes e aos mais relevantes instrumentos intergovernamentais e de autoridades em biodiversidade. A norma apoiará organizações a ampliar a divulgação estruturada de informações sobre seus impactos mais significativos sobre a biodiversidade e como os gerenciam.
Segundo a GRI, a COP 15 busca comprometer a comunidade global a deter a perda de biodiversidade até 2030 e alcançar a recuperação até 2050. Isso não pode ser alcançado sem transparência e adesão de todas as partes interessadas, incluindo o setor privado.
Apesar de apenas seis das 20 metas do Quadro Global da Biodiversidade terem sido cumpridas até 2020, houve resultados positivos. Mas estando a apenas oito anos de 2030, prazo estabelecido internacionalmente para reverter a perda de biodiversidade, a janela de oportunidade para uma ação decisiva está se fechando rapidamente.
De acordo com o relatório The New Nature Economy, do Fórum Econômico Mundial, os vínculos entre atividades produtivas e ecossistemas saudáveis são evidentes: mais da metade do PIB global depende da biodiversidade de forma alta ou moderada. Falta, no entanto, transparência não só dos impactos das empresas sobre a biodiversidade, mas, principalmente, dos impactos das cadeias de suprimentos.
A normatização é importante porque a falta de relatórios de biodiversidade consistentes e comparáveis significa que as empresas geralmente não entendem até que ponto afetam a biodiversidade e nem como e onde precisam demonstrar responsabilidade por meio de suas decisões e ações.
Crescem demandas de várias partes interessadas – incluindo governos, investidores, sociedade civil e consumidores – para que as organizações avaliem e divulguem melhor suas conexões e impactos na biodiversidade, incluindo riscos associados e como eles estão sendo gerenciados, mitigados e reduzidos.
“As sirenes de alerta para a biodiversidade estão tocando mais alto. É por isso que priorizamos a revisão do GRI 304, para aumentar a responsabilidade das organizações sobre essas questões cruciais, fornecendo relatórios eficazes e abrangentes sobre os impactos da biodiversidade. Estou confiante de que podemos divulgar informações confiáveis e aceitas pelas várias partes interessadas – que formam a base das Normas GRI – levando a uma maior transparência em apoio aos esforços globais para proteger a biodiversidade”, diz Judy Kuszewski, presidente do GSSB.
De acordo com um relatório do Banco Mundial, 1 milhão de espécies animais e vegetais, de um total estimado de 8 milhões, correm o risco de extinção, muitas em décadas; menos de 13% das zonas úmidas presentes há alguns séculos permanecem hoje e os recifes de corais vivos caíram quase pela metade nos últimos 150 anos, enquanto um terço dos estoques de peixes são superexplorados.
De acordo com um relatório do Banco Mundial, 1 milhão de espécies animais e vegetais, de um total estimado de 8 milhões, correm o risco de extinção, muitas delas em questão de décadas; há menos de 13% de remanescentes das áreas úmidas (brejos, várzeas, pântanos, manguezais) existentes há alguns séculos; e a quantidade dos recifes de corais vivos caiu quase pela metade nos últimos 150 anos, enquanto um terço dos estoques de peixes é superexplorado.
Das culturas alimentares, 75% dependem, pelo menos em parte, da polinização animal; a perda de recifes de coral reduz a proteção costeira e o hábitat dos peixes, e tem consequências físicas e econômicas significativas para 350 milhões de pessoas que vivem em áreas litorâneas. O desmatamento e a mudança no uso da terra contribuem com cerca de 25% das emissões globais de efeito estufa, enquanto a perda de biodiversidade reduz a resiliência dos ecossistemas à mudança climática e outros distúrbios.
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