A conferência da ONU para o Clima, em Copenhague (COP 15), termina sem um acordo incisivo, mas sim com um documento que é uma espécie de declaração política formal, sem metas obrigatórias e assinado pelos países que quiserem, sem unanimidade entre os presentes.
(Texto atualizado na manhã de sábado, 19, com mais informações)
Depois de duas semanas intensas de negociações, a COP chega ao fim como todos temiam: com decisões fraquíssimas e poucos avanços efetivos.
Negociadores passaram a madrugada do sábado em busca do aperfeiçoamento do texto final do acordo, que deve determinar que o aumento médio da temperatura global deve ser no máximo de 2 graus celsius (sem explicar como um aumento maior será evitado).
Segundo agências internacionais, o documento estabelece a doação de um total de 30 bilhões de dólares, nos próximos três anos, para os países mais pobres enfrentarem os efeitos da mudança climática, e 100 bilhões de dólares a cada ano a partir de 2020 para alívio e adaptação.
A posição norte-americana
Dois dos maiores jornais norte-americanos — o The New York Times e o The Wall Street Journal — anunciaram no final da tarde de sexta-feira (18) que o governo dos Estados Unidos considerou o acordo traçado até então como “significativo”, mas ainda muito mais fraco e vago do que se esperava. “Não é o suficiente para combater a ameaça da mudança climática, mas é um importante primeiro passo”, disse uma autoridade dos EUA ao jornal The New York Times.
Já o The Wall Street Journal disse que o documento foi traçado entre a Casa Branca e China, Brasil, Índia e África do Sul, e que os países desenvolvidos e em desenvolvimento aceitaram listar seus compromissos para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.
O acordo não é legalmente vinculante, como disse o presidente norte-americano Barack Obama em pronunciamento oficial transmitido pelo site da Casa Branca. Ele se retirou da COP antes da apresentação do documento final, e disse que os negociadores norte-americanos estavam prontos para assinar o que já estava encaminhado.
Vergonha!
“O Acordo de Copenhagen será um documento vazio de substância. Vergonha!”, escreveu Tasso de Azevedo, consultor do Ministério do Meio Ambiente que assessora os negociadores brasileiros na COP, na plataforma de microblog Twitter.
Lula deixou Copenhague rumo ao Brasil no final da tarde de sexta-feira, enquanto líderes de outras partes do mundo ainda negociavam um possível acordo. Antes da apresentação de uma versão oficial do documento, jornalistas brasileiros em Copenhague diziam que o principal negociador brasileiro e a chefe da delegação nacional, a ministra Dilma Rousseff, já haviam se retirado do Bella Center.
Durante a sexta-feira, o premiê da China, Wen Jiabao, deixou de comparecer a duas reuniões que agregaram líderes mundiais em busca de um documento final. Jiabao mandou em seu lugar um oficial do governo. Posteriormente ele se reuniu com Barack Obama e outras autoridades internacionais.
A conferência contou com inúmeros documentos vazados desde os seus primeiros momentos; países que se retiraram das conversas; impasses enormes quanto à questão de ajuda financeira a países pobres; representantes da sociedade civil já credenciados que foram impedidos entrar no pavilhão das conversas e suspense quanto à participação do presidente norte-americano Barack Obama no último dia da reunião. Veja a cobertura completa da Página 22 direto de Copenhague.