O professor da Universidade de Washington, em Seattle, Amós Nascimento faz abaixo um breve resgate histórico sobre o pensamento que relaciona meio ambiente e filosofia, ética e estética, em várias partes do mundo. Apresentado em verbetes, é útil para consultas:
“Pode-se dizer que a Filosofia Ambiental é algo recente, mas seus temas são parte do milenar repertório filosófico, incluindo questões de epistemologia e ciência (saber), ética (ação correta), estética (percepção), metafísica (questões sobrenaturais) e política”.
Metafísica: O conceito de natureza é central nessa discussão e tem sido interpretado há milênios de modo metafísico e sobrenatural em várias culturas. Para os antigos filósofos gregos, como Platão e Aristóteles (384-322 a.C.), o conceito de natureza (physis) refere-se a algo concreto (plantas, animais etc.), mas depende de algo sobrenatural (metaphysis) e essencial, relacionado a ideias e princípios cosmológicos. Vem daí o termo corriqueiro, natureza humana (algo intrinsecamente único à espécie) ou o adjetivo natural (algo nato, sobre o qual não temos controle, inclusive o processo evolutivo). Na antiga filosofia chinesa, ocorre algo similar, pois Confúcio (551-479 a.C.) insiste na harmonia cósmica entre a natureza e os princípios, o que ele define como sôngnihak. A concepção sobrenatural de natureza de tribos indígenas no Brasil é similar a esses exemplos. Esse conceito metafísico de natureza orienta todas as demais esferas da vida, inclusive a estética. Para Platão, o belo (kalos) é um ideal e a realidade é mera representação desse belo (por exemplo: a rosa na minha imaginação é perfeita, mas a rosa no jardim tem defeitos).
Ciência: No processo de revolução científica, entre os séculos XV e XVIII, os termos natureza e filosofia natural (philosophia naturalis) ganharam novo sentido, mais empírico, levando às Ciências Naturais. Isaac Newton considerava-se filósofo natural, assim como Galileu Galilei e René Descartes. Eles contribuíram para uma visão dualista na qual a natureza é separada da essência humana e vista como algo objetivante e objetivável por meio de experimentos. Descartes radicalizou esse dualismo entre a coisa pensante (res cogitans) e a coisa pensada (res extensa), separando a alma e a mente do corpo e justificando assim a possibilidade de realizar experimentos em seres humanos: após a morte, já sem alma, o cadáver de seres humanos podia ser dissecado (um processo necessário para o desenvolvimento da medicina). Sobre essa mesma premissa dá-se todo o desenvolvimento científico nas Ciências Naturais, inclusive da Biologia e Ecologia, o avanço tecnológico que caracteriza a modernidade, bem como os problemas por ela gerados.
Crítica à modernidade: A concepção moderna de natureza tem sido muito criticada devido a impactos negativos do desenvolvimento tecnológico (uso de inseticidas, acidentes nucleraes, contaminação de água e ar, etc.). Mas a percepção desse problema foi ocorrendo a largos passos. Coincidentemente, ela deu-se inicialmente no campo da estética. Nos séculos XVII e XVIII, desenvolveram-se novos conceitos aplicados não mais ao sobrenatural, mas à observação de reações subjetivas e emoções diferenciadas, como a sensação do “belo” (beau, beautiful, schön) em pequenas coisas na natureza (o canto dos passáros, a visão e aroma da rosa), o sentimento do “sublime” (sublime, erhaben) com relação a processos naturais de grande magnitude e difíceis de compreender (o mar revolto, cataratas, vulcões, montanhas), e o terror (terreur, Terror) diante de experiências violentas (decapitações, catástrofes). Nos séculos XVIII e XIX, justamente quando se via o impacto inicial da Revolução Industrial, o movimento romântico na Europa e nas Américas propôs um retorno à natureza como forma de gerar esse tipo de reações subjetivas. Filósofos como Johann Gottfried Herder e Friedrich Nietzsche na Alemanha, Henry Thoreau nos Estados Unidos, e Gonçalves de Magalhães no Brasil representam essa tendência estética que depois teve um impacto político com a cultura de se cultivar jardins, a criação de parques nacionais (proposta por John Muir ao President Theodore Roosevelt em 1913 e implementada também no Brasil na década de 1930 por Getúlio Vargas).
Estética e natureza no século XX: Mais recentemente, porém, a perspectiva estética da natureza foi utilizada mais como reação aos efeitos funestos de duas grandes guerras mundiais na Europa e à limitação da filosofia em refletir sobre esses fatos: um exemplo é Martin Heidegger, que teve a Primeira Guerra como pano de fundo para desenvolver sua hermenêutica existencial, na qual questiona o dualismo de Descartes e propõe que o ser humano não é para ser separado do mundo, mas estar no mundo (in der Welt sein). Outro exemplo é Theodor Adorno, que observou o surgimento da Indústria Cultural como corolário da Revolução Industrial, estudou o uso dessa técnica em propagandas políticas na Alemanha e nos Estados Unidos, e perguntou se seria possível filosofar após Auschwitz. Para Adorno, a resposta estava em questionar a separação entre ser humano e natureza para propor uma ontologia do não-idêntico, que reúne essas dimensões e nos leva à experiência estética. A estética apresenta uma interessante ambigüidade, pois está sendo crescentemente manipulada pela mídia e a indústria cultural, mas ao mesmo tempo consegue escapar e nos apresentar uma “promessa de felicidade” (promesse de bonheur). Em oposição ao conceito de racionalidade instrumental que permite a manipulação objetivante por meio da tecnologia, Adorno propõe a idéia de racionalidade estética, mais relacionada à natureza e à subjetividade.
Filosofia e ética ambiental
Na segunda metade do século XX, por uma série de questões históricas, o foco das discussões filosóficas passou da Europa para os Estados Unidos. Em primeiro lugar, filósofos perseguidos na Europa transferiram-se para universidades estadunidenses. Em segundo, tais universidades tiveram os recursos para atrair os (as) melhores pensadores (as). Em terceiro, o Estados Unidos tornou-se um laboratório no qual se poderia observar uma série de novos processos depois da Segunda Guerra Mundial. Um desses processos foi justamente a aceleração do desenvolvimento tecnológico e a posterior observação dos impactos ecológicos desse desenvolvimento.
Observação de impactos ambientais: Um dos primeiros exemplos, ao final do século XIX, são as experiências do naturalista Henri David Thoreau, registradas no livro Walden. No início do século XX a degradação de áreas naturais (para a extração de ouro, madeira etc), levou John Muir a publicar Our national parks e propor a criação de parques nacionais em 1901, com ênfase em Yosemite e o oeste do país. A filosofia de Muir tinha um caráter mais estético e teológico, mas teve grande impacto político. No sul do país, Aldo Leopold trabalhou como ecologista e engenheiro florestal na região árida do Novo México e no norte, no estado de Wisconsin, desde a década de 1920, observando a degradação ambiental e extinção de animais. Leopold desenvolveu propostas de preservação ambiental e considerou necessário criar uma sensibilidade para com a natureza com base no conceito de ética da terra ou do solo (land ethic) em articulação com a comunidade biótica.
Em 1961, David Brower retomou a linha inaugurada por Muir e publicou Wilderness: America’s Living Heritage, em 1962 Rachel Carson descreveu o impacto do uso indiscriminado de DDT no livro Silent Spring, e nesse mesmo ano Murray Bookchin apresentou sua visão anarquista da ecologia em Our Synthetic Environment. Em 1964, Pau Sears apresenta, sob o ponto de vista das ciências biológicas, novas maneiras de ver a ecologia como algo de impacto social, como se pode ver em Ecology: A subversive subject, publicado na revista Bioscience. Em 1967, Lynn White publicou um artigo na revista Science onde afirmou existir uma crise ecológica, cuja base estava no Cristianismo, pois o livro do Gênesis afirmara que Deus autorizara os seres humanos a “dominar” a natureza. Em 1968, ao mesmo tempo em que Garret Harding publicava seu artigo sobre “A tragédia dos comuns”, Paul Ehrlich publicava The Population Bomb, tratando do crescimento demográfico – ou, como dizia-se então, a “explosão demográfica”.
A publicação de The Limits to Growth, editada por Dennis Meadows em 1972, completa a visão do cenário catastrófico apresentado então. A ocorrência de vários outros eventos na década de 1960, bem como o surgimento dos movimentos de libertação de minorias motivou a sensibilização da população e a organização progressiva do movimento ambiental. Porém, a atenção pública a esse fato deu-se sobretudo em relação às celebrações do Dia da Terra (Earth Day) em 1970 e à Conferência Ambiental em Estocolmo, em 1972.
Filosofia ambiental: O termo, propriamente dito, foi utilizado por primeira vez por Baird Callicot como título do curso que ministrou na Universidade de Wisconsin em 1970. Wisconsin, por coincidência fora o lugar onde Aldo Leopold atuara e onde uma nova legislação ambiental estava sendo discutida para o estado naquele momento. Callicott resgatou a ideia original de Leopold, deu-lhe mais sistematicidade e lançou a proposta de se ensinar “ética ambiental” nas universidades. Ao mesmo tempo, vários outros filósofos e filósofas estavam trabalhando na mesma direção e utilizando vários termos como filosofia ecológica, filosofia da natureza, e outros. Em 1979, Eugene Harrove fundou a revista Environmental Ethics, que é hoje a revista oficial da Sociedade Internacional de Ética Ambiental (International Society of Environmental Ethics), também fundada em 1979, que gerou várias iniciativas e publicações sobre o tema e continua sendo a referência em atividades e publicações em ética ambiental. O número e a intensidade das discussões depois de 1979 aumentou significativamente, levando posteriormente à criação da Associação Internacional de Filosofia Ambiental (International Association for Environmental Philosophy), com a ideia de não limitar a discussão somente à ética, mas integrar as demais disciplinas filosóficas como a estética, metafísica, epistemologia, política e outras.
Tendências recentes: Ética Ambiental é hoje matéria obrigatória em grande parte das universidades dos EUA. Além disso, a partir dos estudos de Robert Bullard sobre “racismo ambiental” (ao observar que os bairros negros e habitados pelas minorias pobres sempre são os mais degradados, pois as políticas públicas não os protegem), tem estado cada vez mais em evidência o campo da “justiça ambiental” (environmental justice). Isso vem influenciando a criação de novos programas e definindo os termos da discussão em vários âmbitos, inclusive em outros países. Uma das maiores referências nessa área é a University of North Texas, a sede da International Association of Environmental Ethics e da International Association for Environmental Philosophy e para onde Baird Callicot atraiu uma nova geração de filósofos.
A University of Colorado at Boulder também é um centro nessa área. A University of Washington também está se afirmando como um centro de pesquisa nesse campo, do mesmo modo que a Colorado State University em Fort Collins, e a University of Oregon. Com o tempo, porém, o termo “ética ambiental” tem ganhado consenso e gerado novos programas acadêmicos, além de motivar ações por parte do governo, empresas e o chamado terceiro setor.
Iniciativas em outros países: Esse processo observado nos Estados Unidos também pode ser visto, de modo mais limitado, em outros países. Na Austrália, filósofos como Richard (Routley) Sylvan, John Passmore, Val Plumwwod, Robert Elliott e outros têm discutido essa temática desde a década de 1970. Sylvan publicou um texto já em 1973, Is there a need of a new, environmental ethic?. Na mesma época, John Passmore publicou seu artigo Attitudes to Nature e depois seu livro, Man’s Responsibility for Nature, em 1974. Plumwood associou teoria feminista e ética ambiental em seus escritos desde a década de 1970, depois articulados em Feminism and the Mastery of Nature, em 1993. Peter Singer, por sua vez, publicou o artigo All animals are equal em 1974 e o livro Animal Liberation em 1975, e tem desde então focalizado a ética ambiental sob o ponto de vista dos direitos dos animais (animal rights) e da ética utilitarista.
Na França, Jacques Ellul desenvolveu sua crítica à sociedade tecnológica em La societé technologique, publicado em 1954, expandindo sua crítica durante a década de 1970. Porém, somente recentemente o tema da ética ambiental começa a ser discutido com mais intensidade na França. Em 1990, Jean Serres publicou Le contrat naturel, no qual insite sobre a urgência da questão ecológica. Em seguida, Luc Ferry publicou Le nouvel ordre écologique em 1992, obra na qual expande essa concepção de contrato e estabelece um diálogo com as discussõoes nos EUA, gerando novos debates que refletem sobre a tradição filosófica de língua francesa. Sob a ótica da filosofia ambiental, a discussão de Michel de Montaigne sobre cannibalisme e a ideia de sauvageté em Jean-Jacques Rousseau e Claude Lévi-Strauss ganham novos significados, como se pode ver em escritos recentes de Julien Delord. A interessante revista francesa Philosophie magazine tem dedicado bastante espaço a discussões sobre essa temática, inclusive com artigos recentes, em 2009, sobre mudanças climáticas e os direitos dos animais.
Na Inglaterra, a discussão sobre ética ambiental pode ser remontada à filosofia utilitarista de Jeremy Bentham, que definira um modo de se calcular a relação entre dor ou sofrimento e o prazer e a felicidade como princípio para guiar as ações morais. Também deve-se fazer referência aos estudos sobre crescimento populacional realizados por Robert Malthus, ainda no século XVIII. No século XIX, John Stuart Mill sintetizou essas duas posições ao escrever The amoral status of nature e propor uma economia que estabelecesse um equilíbrio entre os recursos da natureza e as necessidades da população, como parte de seu Principles of Political Economy. Em 1972, o cientista James Lovelock abriu uma linha alternativa de discussão e propôs a necessidade de uma nova metafísica com ênfase ambiental em seu artigo Gaia as seen through the atmosphere. De modo similar, vários outros filósofos de origem inglesa têm participado do debate sobre ética ambiental nos Estados Unidos, culminando com recentes estudos por Robin Attfield, que publicou um dos melhores livros sobre o tema em 2000: Environmental Ethics.
Na Índia, uma das referências fundamentais é Mahatma Gandhi, que combinou a filosofia hindu e o pensamento budista para aplicar o conceito de ahimsa a seres humanos, animais e a natureza. Uma das líderes atuais do movimento ambiental é Vandana Shiva, que associa a filosofia da ciência, o ecofeminismo e a ética ambiental para criticar o uso de organismos geneticamente modificados e a exploração de recursos hídricos, como se observa em seu livro, Water Wars.
Na Escandinávia, o melhor exemplo é visto no filósofo Arne Naess, que cunhou o termo “ecologia profunda” (deep ecology) em seu artigo The Shallow and the Deep Ecology Movement.
Na Alemanha, também há toda uma tradição de discussão sobre esse tema. Embora a reflexão sobre a natureza remeta a filósofos do século XVII, como Kant, Herder, e Humboldt e tenha sido retomada no século XX inicialmente pela fenomenologia (com ênfase no conceito de mundo-da-vida – Lebenswelt), que depois influenciou a filósofos como Heidegger e Adorno, a discussão mais focada sobre esse tema se deu na obra de autores trabalhando o conceito de ambiente (Umwelt) a partir da ecologia, etologia, e cibernética Jakob von Uexkuhl, Konrad Lorenz, e Niklas Luhmann. A dimensão social a esse tema foi dada por Hans Jonas, especialmente com a publicação de Das Prinzip Verantwortung em 1979 (influenciado pelas discussões nos EUA, já que ele era professor em Nova York, e os debates ambientais na Alemanha) e Karl-Otto Apel, que em seu livro Diskurs und Verantwortung e vários artigos, desenvolveu um diálogo com Jonas a partir dos conceitos da ética do discurso. Em ambos casos, a ênfase é sobre o conceito de responsabilidade ambiental. Os filósofos atuantes nessa área no contexto alemão seguem a linha de Apel, tais como Dietrich Böhler, Konrad Ott, Horst Gronke e Angelika Krebs. Böhler tenta combinar Apel e Jonas para desenvolver uma nova ética ambiental (Umweltethik) voltada para o futuro e o bem-estar de novas gerações.
Filosofia e ética ambiental no Brasil
Diferente dos vários outros países mencionados, não encontramos muita reflexão sobre essa temática no Brasil. Embora possa ser observada uma série de ações nas áreas da Economia, Política, Direito, Biologia, Ecologia, Agronomia e Teologia, filósofos no Brasil ainda não se aventuraram a entrar na discussão com profundidade.
Reflexão ambiental no Brasil: A desconsideração da temática ambiental pela Filosofia não se justifica, pois o próprio nome “Brasil” já é um problema ambiental. Não se pode falar “Brasil” sem refletir sobre o problema da exploração e extinção de um importante recurso natural (o pau-brasil). Essa falta de reflexão filosófica sobre a ética, estética, política e metafísica ambiental é um sério problema, pois indica que as ações ambientais do governo, de empresas, de cidadãos não têm tido o nível de reflexão que poderiam ter e que o instrumental filosófico poderia emprestar. Assim, embora a filosofia brasileira tenha sido participante em debates centrais como a abolição da escravatura (Romantismo e Abolicionismo), a construção da nova nação (Positivismo, cujo princípio, “Ordem e Progresso” está inserido na bandeira nacional), democratização (Desenvolvimentismo e Marxismo) e tantos outros momentos, observa-se aqui esse déficit.
A contribuição da Filosofia: A filosofia pode contribuir com várias “respostas” possíveis ou pelo menos com a definição de um marco para o diálogo entre várias partes. É nesse ponto que podemos incluir a estética como reflexão sobre a percepção sensorial e os sentimentos e processos gerados pela experiência estética e artística. Observando a riqueza da discussão histórica e conceitual sobre estética, não podemos nos limitar ao belo ou ao terror, duas estratégias que têm sido utilizadas pelo movimento ambiental e pelo marketing de empresas, mas que têm suas limitações. A reflexão atual sobre a estética ambiental vai mais além, incluindo temas como a estética do cotidiano (como o encontro com o meio ambiente pode ocorrer no quintal, na varanda, no banheiro), ao contraste entre o cenário rural e urbano (landscape e cityscape), a necessidade de se utilizar mais categorias estéticas como o feio, o horroroso, o maravilhoso, o familiar e o estranho, bem como novas práticas e categorias que emergem a partir dos estudos ambientais.
A questão da sustentabilidade: esse conceito tem um fundo econômico que está sendo questionado. Herman Daly, economista fundador da disciplina Environmental Economics, começou por mostrar que o termo “desenvolvimento sustentável” era uma contradição. Progressivamente, ampliou-se a discussão para concluir que o termo sustentabilidade (sustainability) é bem melhor, pois coloca um freio na idéia de desenvolvimento desenfreado. Contudo, chegou-se à pergunta: sustentar o quê? A partir dessa pergunta foram surgindo a necessidade de se dar mais especificações quando se fala de sustentabilidade, especialmente por se tratar de um conceito ambíguo: sustentabilidade econômica, sustentabilidade política, sustentabilidade para as novas gerações, etc., sendo que a “sustentabilidade ambiental” (environmental sustainability) aparece como equação capaz de articular os interesses e necessidades humanas, de gerações futuras, da capacidade ambiental do planeta, e outras. De minha parte, tenho criticado o uso desse conceito e proposto a ideia de “responsabilidade ambiental” (environmental responsibility) sob o ponto de vista de uma estética ambiental.
Estética e responsabilidade ambiental: O que seria isso? Para dar uma curta resposta, é simplesmente estar mais atento às várias formas de percepção, de modo a poder entender e captar o que se passa no meio ambiente e entender eventos e situações como “questões” que merecem nossa atenção e resposta. O processo de estar mais atento e sensível ao meio ambiente, a discutir mais sobre isso, a interagir com várias esferas, requer uma atenção mais refinada e atenta. Isso é o que eu denomino “estética ambiental”. O processo de resposta a isso é diferente. Com base nas percepções, problemas e questões levantadas, somos motivados e às vezes forçados a dar alguma resposta. Responsabilidade, em sentido lato, é a habilidade de dar respostas. Vem daí, portanto, o meu conceito de responsabilidade ambiental. Portanto, a responsabilidade ambiental é um processo posterior, que requer primeiro a estética ambiental. Primeiro se escuta, se percebe, se comunica. Depois, temos de dar alguma resposta.