Este primeiro capítulo sobre IA traz definições, riscos, impactos, regulamentações, oportunidades, desafios da realidade brasileira e recomendações. A produção do material completo foi apoiada pelo Instituto Arapyaú, por meio de seu Programa de Fellows
Por Amália Safatle
Embora a Inteligência Artificial (IA) tenha se popularizado em 2022, por meio de ferramentas de linguagem como o Chat GPT [1], os seus primórdios remontam a décadas atrás. A Inteligência Artificial pode ser definida como um sistema que substitui o ser humano em tarefas mecânicas, computacionais ou quânticas[2] nas quais o uso da inteligência é necessária, desde lavar louça a resolver problemas complexos.
“Quando as pessoas desejam hoje um robô que dê um jeito na pia suja, como no desenho dos Jetsons, esquecem que esse robô já foi inventado há muito tempo, e se chama máquina de lavar louça”, diz Ricardo Matsumura Araújo, professor ligado ao Programa de Pós-Graduação em Computação da Universidade Federal de Pelotas e consultor em IA. Por isso, a IA é entendida como um alvo-móvel: depois de alcançado um objetivo, parte-se para o próximo.

Segundo definição obtida por meio do próprio Chat GPT, a “Inteligência Artificial (IA) é o campo da ciência da computação que se concentra no desenvolvimento de sistemas que podem executar tarefas que normalmente requerem inteligência humana. Isso inclui aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural, visão computacional e muito mais. A IA funciona usando algoritmos complexos e modelos matemáticos para analisar dados, aprender com eles e fazer previsões ou tomar decisões com base nesse aprendizado”.
Em 1951, o matemático Alan Turing já havia observado que as máquinas poderiam “pensar” como seres humanos no futuro. Em seguida, computadores passaram a vencer partidas de xadrez usando a probabilidade nas chamadas árvores de decisão: “se isso, então aquilo” – descreve Carlos A. Primo Braga, professor associado da Fundação Dom Cabral, em artigo publicado pelo Valor Econômico.
Em um segundo momento na História da computação, na medida em que o poder computacional aumentou, características comuns de vozes, frases e imagens passaram a ser identificadas com base em grandes bancos de dados, os big data. O passo seguinte foi a adoção de redes neurais digitais, ou seja, programas que permitem a identificação de fenômenos e opções de conduta que imitam o funcionamento do cérebro humano. É neste ponto em que estamos.
A evolução desses modelos poderá resultar na chamada Inteligência Artificial Geral (IAG), na qual sistemas deverão reproduzir com perfeição atividades cognitivas humanas, tais como raciocinar, planejar e refletir sobre as próprias ações e conhecimentos. Há controvérsias sobre quando – e se – essa etapa da IA será atingida.
Também há dúvidas se saberemos que essa etapa foi atingida, porque isso implicaria em definir com exatidão quais são as capacidades cognitivas humanas e até onde elas alcançam. “Nós não temos um catálogo de coisas que o ser humano consegue fazer e nem como medi-las. Além disso, cada ser humano difere do outro”, diz Matsumura, que já atuou como consultor para o Google dos Estados Unidos e da Índia.
Uma outra definição dada à IAG é de que se trata de uma inteligência geral que não foi programada, ou seja, não foi construída para resolver um problema específico, sendo capaz de solucionar uma gama de problemas relativamente grande. Mas Matsumura lembra que o Chat GPT, sigla para generative pretrained transformers[3], de certa forma já opera de forma geral.
Essa tecnologia generativa foi criada como um autocorretor superdimensionado, que usa a probabilidade de prever, a todo tempo, qual é a próxima palavra. Embora originalmente criado para isso, essa tecnologia já traduz texto, cria ficções, faz análises e gera programação. “É bizarro que todas essas coisas emerjam de uma tarefa extremamente simples que é prever as próximas palavras. Então, em alguma definição, a tecnologia do Chat GPT já seria uma IAG, no sentido de que foi feita para um papel específico, mas é capaz de fazer um monte de outras coisas”, diz. Segundo Matsumura, esse foi um fato surpreendente.
“Ninguém esperava que fosse possível. Mesmo versões anteriores ao Chat GPT 2 já demonstraram essa capacidade, chamada de emergente. É quase um artefato alienígena, que ‘caiu no colo’. Isso exemplifica a dificuldade em fazer previsões sobre a evolução da Inteligência Artificial. A gente não sabe o que a gente não sabe”, resume.
Não se sabe, por exemplo, se o Chat GPT vai se tornar 10, 100 ou 1000 vezes maior do que é hoje, ou se já chegou a um topo e serão necessárias novas tecnologias para ultrapassá-lo.
Poder disruptivo
Dora Kaufman, professora da PUC-SP e pós-doutora na Coppe/UFRJ, especializada no tema e autora do livro Desmistificando a Inteligência Artificial (Autêntica, 2022), explica por que a IA se tornou tão estratégica e onipresente nas esferas da sociedade contemporânea. Qualquer decisão ou planejamento feito por governos e organizações ao longo da História requer informação, ou seja, precisa se basear em dados. Com a Revolução Digital, a humanidade tornou-se capaz de criar um volume tão gigantesco de informações que, se não forem processados, não têm serventia.
“Esse conjunto extraordinário de dados não serve para nada se eu não tiver uma técnica que extraia insights. É aí que entra o valor da Inteligência Artificial: as redes neurais profundas, ou em inglês, Deep Learning, são o único modelo estatístico atual com capacidade de lidar com grandes volumes de dados”, diz.
A IA, na definição de Kaufman, autora de coluna sobre o tema na revista Época Negócios, é uma tecnologia de propósito geral, ou seja, que muda a lógica de funcionamento da economia, tal como ocorreu com a invenção da máquina a vapor, da eletricidade e da computação. Muitos especialistas dizem o mesmo. O banqueiro Jamie Dimon, CEO do JP Morgan Chase, vê o impacto da IA na proporção do impacto gerado pela imprensa, pela internet e pela eletricidade, ou seja, mudará o mundo tal qual o conhecemos.
Para a professora, são esses dois elementos que fazem da IA um advento tão estratégico: o fato de que a sociedade precisa digerir um enorme contingente de dados para poder tomar decisões, e a capacidade de mudar a lógica de funcionamento da economia global. Isso explica a corrida entre países e entre grandes empresas de tecnologia, as big techs, para dominar uma tecnologia disruptiva e suas aplicações nos mais diversos mercados e setores da sociedade.
Nova dimensão da inteligência
O cientista Silvio Meira, um dos desenvolvedores da internet no Brasil, uma das vozes expoentes em IA, atenta para a semântica:
“A IA não é uma tecnologia, nem uma plataforma. A IA é uma nova dimensão da inteligência. Ou as pessoas e as empresas entendem a Inteligência Artificial como uma nova dimensão da inteligência ou não vão sobreviver nos próximos 15 anos”, vaticina ele, um dos idealizadores do parque tecnológico Porto Digital e cofundador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), em entrevista ao Brazil Journal[4].
Até então, segundo Meira, havia duas dimensões da inteligência na sociedade: a de cada um de nós e a inteligência social – de grupos ou de redes de pessoas. A nova dimensão que passa a existir é a de agentes inteligentes e desencorporados. “Onde estamos é só o começo”, diz.
Riscos
A visão mais catastrofista sobre a IA é associada à Skynet, inteligência artificial altamente avançada que opera principalmente por meio de robótica e sistemas de computador no filme Exterminador do Futuro, de James Cameron (1984). No filme, quando a Skynet se torna autoconsciente e vê a humanidade como uma ameaça à sua existência, envia um exército para exterminar os seres humanos.

Até chegar nessa visão, há uma gradação de olhares. Para o historiador Yuval Harari, existem duas coisas que toda pessoa deve saber sobre Inteligência Artificial. Uma é o fato de ser a primeira ferramenta da História capaz de tomar decisões por si só. Sistemas de armas autônomas, por exemplo, podem decidir por si próprios quem bombardear e matar. Nenhuma outra ferramenta antes inventada pelo homem, fosse uma faca, fosse uma bomba atômica, podia tomar decisões. A segunda coisa é que a IA é a primeira ferramenta com capacidade criar novas ideias também por conta própria. A imprensa podia imprimir as ideias humanas, mas não criá-las.
“IA, portanto, é a primeira ferramenta que, em vez de dar poder aos humanos, tira-lhes”, diz Harari.
Além disso, é uma tecnologia que vai muito além de executar tarefas repetitivas, e adentra o espaço da criatividade, da cultura e da arte, até então prerrogativas humanas. Por razões como essas, Harari classifica a IA como uma nova arma de destruição em massa capaz de aniquilar o mundo mental e social da humanidade.
Outra visão crítica vem do professor Stuart Russell que, assim como Harari, foi um dos signatários de uma carta divulgada no ano passado, a qual pedia uma pausa em pesquisas avançadas em IA por ao menos seis meses. Russell leciona ciência da computação na Universidade da Califórnia em Berkeley, foi vice-presidente do Conselho de IA e Robótica do Fórum Econômico Mundial e atuou como consultor da ONU para o controle de armas. Com Peter Norvig, escreveu Inteligência Artificial a nosso favor, referência acadêmica no assunto.
Em entrevista à Folha de S.Paulo[5], Russell afirmou: “Estamos construindo sistemas cada vez mais poderosos que não entendemos e não controlamos. Temos que resolver o problema do controle antes de criarmos a AIG. Os governos deveriam exigir que as empresas garantam que seus sistemas se comportem adequadamente”. A fala refere-se a uma declaração de Sam Altman, CEO da Open AI, que por sua vez é dona do Chat GPT. Altman havia afirmado que primeiro construiria a AIG para depois descobrir como torná-la segura. Russell define a AIG como um sistema capaz de aprender e executar, em nível humano ou super humano, qualquer tarefa.
Assim como o Chat GPT já surpreendeu executando tarefas para o qual não foi criado, o receio é que a IA apresente uma decolagem rápida, e seja capaz de se auto sustentar, tornando-se independente, segundo Matsumura. Para ele, há um quê de alquimia e bastante experimentação no processo, com pesquisas avançando assim: “Se eu colocar mais desse componente, vamos ver o que acontece?”.
Ficção científica
Já para Dora Kaufman, o receio de que a IA saia do controle humano não passa de mera ficção científica.
“Não estamos nem tangenciando isso. Na comparação que se faz, é como se alguém subisse numa árvore e você achar que ela vai chegar a Marte”. Em sua interpretação, existem interesses econômicos e de negócios por trás da ideia de criar medo sobre a IA.
A professora lembra que Elon Musk e Sam Altman também foram signatários da carta, para logo em seguida investirem no desenvolvimento da tecnologia e fazerem lobby contra a regulamentação, dizendo que tinham como contornar os riscos. Segundo ela, é como se procurassem enfatizar um problema, para em seguida vender as soluções. Criar alvoroço sobre o assunto e anunciar feitos que não necessariamente se concretizam é algo que também ajuda as empresas, em competição voraz, a marcarem território. Kaufman faz um paralelo com o metaverso. Houve um tempo em que só se falava de metaverso, até que o assunto murchou.
Conforme divulgado no Farol Jornalismo, newsletter semanal que mapeia tendências da comunicação e do mundo digital, Gary Marcus, professor na New York University, cientista e empreendedor, tem expressado pessimismo em relação ao futuro da Inteligência Artificial. “Para ele, aquele cenário em que a IA vai substituir a maior parte dos trabalhadores parece bastante improvável – até porque, segundo John Naughton, colunista do The Guardian, corremos o risco real de estarmos vivendo uma grande bolha. A newsletter The Shift[6] elenca uma série de outros textos na mesma linha, inclusive um em que Marcus prevê uma data para o estouro da bolha: os próximos 12 meses.”
Impactos já em curso
Se há controvérsias sobre o futuro da IA e os riscos sobre a humanidade causados pela perda de controle sobre a tecnologia, são inegáveis os impactos já em curso, tais como os ataques à democracia, dada a maior facilidade em manipular imagens, distorcer a realidade, criar e disseminar mentiras; o desrespeito à privacidade e à propriedade intelectual; o crescimento na concentração econômica das big techs; o reforço de padrões dominantes em detrimento de grupos populacionais minoritários; e o aumento das desigualdades entre países detentores da tecnologia e os meros consumidores, com reforço do poderio do Hemisfério Norte ante o Sul Global; além do uso militar da IA.
Um encontro de renomados cientistas realizado em Pequim neste mês de abril, no Diálogo Internacional sobre Segurança e IA (Idais, na sigla em inglês), fez um apelo por uma maior colaboração internacional para que a tecnologia militar seja regulada por acordos como aqueles firmados durante a Guerra Fria entre Estados Unidos e URSS em relação às armas nucleares.
“No momento mais sombrio da Guerra Fria, a coordenação científica e governamental ajudou a evitar a catástrofe da guerra termonuclear. A humanidade novamente precisa de uma coordenação para evitar a catástrofe que pode surgir de uma tecnologia sem precedente”, diz o comunicado do encontro[7].
Carine Roos, fundadora da consultoria Newa, alerta para a necessidade de diminuir o ritmo de avanço da IA para uma avaliação sobre ética, governança e diversidade. A seu ver, a concentração de poder dos Estados Unidos sobre a IA, ao sediar as big techs, eleva o risco de “colonização digital”, enquanto os EUA disputam com a China o multibilionário mercado de microprocessadores[8].
Há ainda um impacto que soa assustador: a dominação da internet pela IA, o que por um tempo foi tratado como uma teoria da conspiração, mas se tem se tornado uma realidade. Ronaldo Lemos, em coluna na Folha[9], afirma que “aquela rede que conectava pessoas e armazenava o conhecimento humano não existe mais de acordo com essa teoria. Ou, ao menos, está sendo substituída por uma rede composta por máquinas que falam entre si e conteúdos gerados automaticamente por inteligência artificial”.
Os dados explicam: hoje, 47,4% de todo o tráfego na rede é gerado por robôs, sendo 30% robôs maliciosos, que atuam para copiar informações ou fazer ataques. Vários são capazes de imitar o humano, se tornando indetectáveis. Enquanto isso, o acesso realmente humano cai a cada ano. De 2021 a 2022, a queda foi de 5,1%. Lemos cita estudo do Instituto de Estudos do Futuro de Copenhague, segundo o qual 99% do conteúdo que será postado na internet em 5 anos será gerado por inteligência artificial.

Impactos no clima e na água
A IA tem contribuído efetivamente para o enfrentamento da mudança climática, devido a melhores sistemas de monitoramento de emissões, modelos climáticos e ganhos de eficiência na produção. Mas não sem gerar importantes impactos ambientais causados pelo desenvolvimento da tecnologia e pela expansão de data centers, necessária para suportar a demanda computacional exigida por aplicações de IA. Os impactos são relativos ao consumo intensivo de energia e a consequente emissão de carbono, e o uso de grandes volumes de água para resfriar máquinas.
Jens Nielsen, fundador da World Climate Foundation, disse – durante o Web Summit realizado no Rio de Janeiro em abril – que, em algum momento, a rede de energia disponível vai limitar o desenvolvimento da tecnologia, e que o uso deve ser de fontes renováveis para não agravar o problema climático.
Segundo Kaufman, a eficácia dos modelos de IA depende de enormes volumes de dados e cálculos computacionais complexos[10]. Os LLMs (grandes modelos de linguagem), como o Chat GPT e congêneres, demandam servidores com múltiplas unidades de processamento gráfico (GPUs), intensivos em consumo de energia, consequentemente de emissão de carbono. Ela cita Shaolei Ben, professor da Universidade da Califórnia, em artigo publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)[11], que alerta para a pegada hídrica desses modelos. A água é utilizada diretamente nas torres de resfriamento dos data centers e para a produção de energia em si.
Regulamentações
Estabelecer regras sobre o desenvolvimento e o uso da IA é a forma de se coibir os riscos que a tecnologia pode causar à sociedade. A pesquisadora Helen Toner, que integrou o conselho da OpenAI e hoje dirige o Centro para Segurança e Tecnologias Emergentes da Universidade de Georgetown, em Washington, defende a exigência de auditoria externa das empresas, a fim de verificar o que elas estão construindo, como estão gerindo riscos e o que os sistemas são capazes de fazer. Toner e outros dois colegas haviam pedido em 2023 o afastamento de Sam Altman por entender que ele apressava o desenvolvimento da IA sem tomar as devidas medidas de segurança. Quando Altman retornou à empresa, por pressão de investidores, deixou Toner fora do Conselho.[12]
Esse episódio ajuda a ilustrar como as empresas estão buscando avanços tecnológicos, enquanto contornam regras. O argumento é que a regulamentação inibe a inovação, impondo uma camisa-de-força a um advento tecnológico que ainda está nos primórdios.
Para o advogado Leonardo Barbosa, integrante do Understanding Artificial Intelligence (UAI), grupo multidisciplinar do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo[13], qualquer regulação estabelecida agora será insuficiente para os desafios que estão surgindo, e por isso terá de ser aperfeiçoada ao longo do tempo, por meio de um processo contínuo.
Matsumura não vê sentido em regular a IA em si: “Para mim, seria como regular, por exemplo, a matemática”. O caminho seria, portanto, cada setor da economia criar regras próprias de aplicação da IA.
Existem basicamente duas vertentes de regulação no mundo que se aplicam aos usos da IA. A vertente da União Europeia, que é tida no Direito como positivada, estratificada e regrada, resultou na AI Act. A outra vertente, mais principiológica e baseada em melhores práticas, está sendo implementada nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Na regulação da União Europeia, não se chega a definir o que é uma Inteligência Artificial, mas sim em que consiste o sistema cujas funcionalidades se assemelham a uma IA. A partir disso, a AI Act estabelece algumas categorias de usos da tecnologia, de acordo com o entendimento sobre os níveis de risco. Usos considerados de altíssimo risco estão banidos da regulação, por exemplo, aplicar a Inteligência Artificial para ranqueamento social. Já utilizar a IA para seleção de currículo em vagas de emprego, o que pode reforçar vieses discriminatórios, é considerado um risco alto pela regulação.
“A União Europeia está tentando regulamentar tudo para frear o poder das big techs americanas no território europeu”, avalia Kaufman.
Enquanto a União Europeia busca o regramento, estabelece obrigações de reporte e limita usos, os Estados Unidos apresentam duas orientações distintas: uma do governo, voltada para as agências federais, e outra para a indústria. A vice-presidente Kamala Harris anunciou em março que o Gabinete de Gestão e Orçamento da Casa Branca (OMB) emitiu sua primeira política governamental para mitigar os riscos da IA e aproveitar os seus benefícios. O OMB determina que, até dezembro de 2024, as agências federais estão obrigadas a implementar salvaguardas concretas contra os potenciais danos da IA, incluindo uma série de ações para avaliar, testar e monitorar os impactos da IA, mitigar os riscos de discriminação algorítmica e proporcionar ao público transparência sobre como o governo utiliza a Inteligência Artificial.
Já no âmbito empresarial, a ideia é definir princípios para que o mercado se auto regule. Busca-se uma série de boas práticas e guias orientativos para que as empresas adotem de uma forma voluntária, sem estratificação em termos de nível de risco, obrigação de reporte e nenhum tipo de responsabilidade administrativa. A crença é de que os consumidores vão exigir produtos adequados, enquanto as empresas não vão querer se expor a riscos reputacionais.
Em 2022, a Casa Branca havia publicado a Declaração de Direitos da IA, para proteger os direitos civis do público americano[14].
Projeto de Lei no Brasil
Foi a vertente europeia que inspirou o projeto de lei que regula a IA no Brasil (PL nº 2.338/23), e que o Senado Federal deseja aprovar até o fim deste mês. Mas, para especialistas como Ronaldo Lemos, o debate no Brasil ainda não está maduro para tanto. Lemos, que dirige o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, enfatiza a falta de consenso sobre o tema em sua coluna na Folha de S.Paulo[15]. Segundo ele, os diversos setores econômicos, a academia, a sociedade civil, a comunidade científica e as pessoas em geral ainda não puderam contribuir para o texto e tampouco as consultas realizadas foram suficientes.
Lemos também questiona o fato de o projeto se inspirar em um modelo (o europeu) que nem sequer foi testado e deve vigorar na sua totalidade apenas em 2026. Para o especialista em tecnologia, antes de regular a IA, é preciso antes responder: “O que o Brasil quer da inteligência artificial?”. A seu ver, toda a regulamentação deve ser feita a partir da resposta a essa pergunta, e a resposta deve vir da sociedade.
Robert Muggah, cofundador do Instituto Igarapé, atenta para a desigualdade no que se refere à regulação de IA. Embora os regulamentos e padrões estejam se espalhando rapidamente, distribuem-se de forma desigual pelo globo: 63% de todos os princípios e padrões éticos e de segurança de IA da última década foram criados na Europa, nos EUA e na China, enquanto apenas 2% deles foram desenvolvidos em países africanos, 5% na América Latina e Caribe e 19% no resto da Ásia.
Segundo Muggah, o risco é que a onda de regulamentos e padrões de IA produzidos por governos e empresas não leve em conta as variações políticas, sociais, econômicas e culturais no Sul Global[16].
Oportunidades
Toda vez que o mundo se vê diante de um novo paradigma tecnológico, uma das maiores preocupações é com a destruição de funções e empregos que se tornam obsoletos. Uma pesquisa da consultoria McKinsey, por exemplo, prevê a perda de até 50% dos postos de trabalho no Brasil devido à rápida adoção de tecnologias como inteligência artificial e automação, que podem progressivamente substituir diversas funções – inclusive aquelas exercidas por profissionais altamente especializados.
Em entrevista à Forbes[17], Silvio Meira diz não acreditar que a IA irá substituir as pessoas, mas sim que as pessoas que não utilizam Inteligência Artificial serão substituídas por aquelas que a usam.
“Estas farão seus trabalhos de forma não necessariamente melhor, mas de maneira mais econômica e eficiente”. Segundo ele, as organizações com as quais trabalha têm avaliado o uso da IA por meio de três elementos: da eficácia, para que a tecnologia resolva problemas sem criar outros; da eficiência, para resolver problemas mais rapidamente; e da economia, para reduzir gastos.
Isso não significa substituir a força de trabalho por robôs de IA a fim de baratear custos, pois, em se tratando de um sistema de informação criativo como este, o tiro pode sair pela culatra. Na entrevista concedida ao Brazil Journal, ele relata o caso da Air Canada, em que o chatbot habilitado por Inteligência Artificial foi colocado online para substituir o atendimento humano e, do nada, criou uma política de reembolso para um cliente, que exigiu o cumprimento. O caso foi parar na Justiça e, mesmo alegando que foi um “erro do sistema”, a Air Canada perdeu a causa.
O principal desafio, segundo Meira, será conjugar a Inteligência Artificial com as inteligências do indivíduo e a social (de grupos e redes) para resolver problemas em uma escala completamente diferente da atual.
“Quem conseguir dominar os instrumentos, ferramentas, teorias e conceitos dessa nova dimensão da inteligência aumentará significativamente sua performance individual”, diz Meira.
Uma boa notícia, segundo Ricardo Matsumura, é que, conforme estudos realizados, profissionais menos qualificados podem se beneficiar mais das tecnologias de IA para se capacitarem, em relação aos mais preparados, o que contribui para reduzir desigualdades dentro da força de trabalho.
Dora Kaufman aponta benefícios também para as microempresas, que geralmente não têm equipe suficiente para fazer um email-marketing, criar uma logomarca ou uma identidade visual. Com ferramentas da IA, as microempresas conseguem ficar mais em pé de igualdade com concorrentes maiores.
“A IA é a primeira tecnologia disruptiva que gera um benefício maior para quem é menos qualificado”, diz ela.
Outra oportunidade de ganho relevante está no campo da educação, onde a transformação poderá ser revolucionária, na opinião de Matsumura. Enquanto o ensino tradicional é massivo, ou seja, tem um professor para dezenas de alunos e não permite desenvolver características individuais de aprendizado, a IA permite criar itinerários formativos personalizados. Isso ajuda tanto o aluno com maior dificuldade de aprendizagem, que não consegue acompanhar a turma, como aquele mais avançado, que se entedia com o conhecimento que já domina.
Além disso, a IA generativa trouxe um outro patamar para o uso da tecnologia, pois é de fácil acesso, com uma interface amigável. Todo mundo pode usar, até as crianças, ampliando e democratizando o acesso ao conhecimento – desde que haja, claro, inclusão digital.
Desafios da realidade brasileira
No Brasil, 6,4 milhões de famílias permaneciam sem conexão à rede em casa em 2022. Cerca de 23,79 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade não usavam a internet, sendo 2,92 milhões deles estudantes[18]
Essa é apenas uma ponta do problema. “No caso brasileiro, a transformação digital esbarra em barreiras significativas, incluindo uma infraestrutura tecnológica insuficiente, falta de mão de obra qualificada, questões regulatórias e de segurança de dados e desafios educacionais e culturais. A reformulação dos currículos educacionais para englobar habilidades digitais e o conhecimento em IA desde cedo, junto com programas de treinamento que atendam tanto jovens quanto aos trabalhadores em busca de atualização, são críticos”, diz Carlos Primo Braga, professor da Fundação Dom Cabral.
Silvio Meira partilha da mesma visão crítica: “Não vejo, nem nas políticas públicas, nem nas organizações sindicais, um entendimento do mundo que vá facilitar a transição das pessoas para a sociedade do conhecimento”.
Ao mesmo tempo, o brasileiro é muito aberto a novas tecnologias – “perigosamente aberto”, na opinião do sociólogo José César Martins, investidor em tecnologia e coordenador do coletivo Derrubando Muros, voltado à troca de opiniões e conhecimentos. “Nós, brasileiros, somos um dos maiores early adopters dos aplicativos que usam a IA. O uso é desproporcional em relação à população. O Brasil, com 2,5% da população mundial, tem 6% da base de usuários do [X, antigo] Twitter. O brasileiro se atira mesmo”.
Por isso, Martins teme que a IA se torne um Cavalo de Troia, que o Brasil recebe sem estar preparado, ou seja, sem ter criado as defesas necessárias e estratégias para alavancar a tecnologia a favor do País e da população.
Para Martins, não é de hoje que o Brasil está alienado dos impactos tecnológicos que atingem o País. “Tanto é que a extrema-direita se organizou no meio digital, e a gente ficou sabendo depois que já tinha feito o estrago”, diz. A sociedade civil organizada, a seu ver, também está bastante atrasada no debate sobre riscos e oportunidades da IA.
Estratégia nacional
Foi com indignação que Martins ouviu a recente declaração do presidente Lula: “Eu digo sempre, e não é presunção, que todo país do mundo pode precisar de Inteligência Artificial. Agora um país que tem um povo da qualidade do povo brasileiro, um povo que é capaz de contar piada da pior desgraça, que sofre com futebol, carnaval (…) esse povo que consegue sobreviver ganhando muitas vezes um salário mínimo, não precisa de inteligência artificial porque é suficientemente inteligente para dar a resposta que nós precisamos – declarou o presidente em cerimônia em Goiana (PE).[19] Apesar disso, Lula disse que o governo brasileiro está preparando a regulamentação da IA e pretende apresentar um plano até junho.
Em março, Lula se reuniu com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, para discutir o impacto da tecnologia na disseminação de desinformação e nos empregos. “Eu disse à ministra Luciana [Santos] e aos pesquisadores e cientistas que estavam lá: ‘Vamos criar vergonha’. Vamos ter uma conferência nacional de ciência e tecnologia em junho e até lá vocês estão desafiados a apresentar um projeto brasileiro de inteligência artificial para a gente não ter que copiar de outro país as coisas importantes de que precisamos”[20].
A ministra, que comanda a vertente da IA no grupo de trabalho sobre economia digital do G20, afirmou que a economia digital pode elevar as desigualdades à enésima potência. De acordo com a entrevista, Lula recebeu alertas reservados da ONU de que o Sul Global precisa estar protegido por regras e punições, sem estar a reboque das nações.
Por isso, segundo ela, o tema está na mira da presidência brasileira do G20, que deseja uma resposta de consenso das 19 grandes economias do mundo, mais União Europeia e União Africana, aos desafios impostos pela IA.
“O Brasil trabalha para que um capítulo ou mesmo um parágrafo do documento final a ser anunciado em novembro na cúpula de chefes de Estado no Rio trate do assunto. A ideia é buscar no multilateralismo o equilíbrio entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento e a força para enfrentar os grandes conglomerados, alguns com peso econômico maior do que o de muitas economias internacionais. A IA permeia as agendas de diversos grupos de engajamento no âmbito, entre eles o S20 (de ciência) e o B20 (de empresas)”, segundo ela.
“Naturalmente vamos ter de ser autônomos naquilo que é mais estratégico, em que não podemos ser dependentes. E principalmente no que diz respeito ao aspecto econômico. Temos de estar alinhados com a agenda da nova política de industrialização, a transição energética, o combate à mudança do clima, o enfrentamento da pobreza e da fome”, destaca a ministra.
Recomendações
O caminho para o Brasil lidar com a IA, segundo Meira, é repensar as competências e habilidades das pessoas por meio de um plano nacional. Isso exigiria uma mobilização da estrutura educacional brasileira “numa escala e velocidade nunca antes vistas”, incluindo o Sistema S, todas as escolas técnicas e universidades, bem como empresas e ministérios.
“O Brasil precisa de um plano para isso, mas o País não tem uma estratégia nacional de inteligência artificial, nem mesmo um plano nacional de transformação digital. Existem fragmentos de papel correspondentes ao que deveriam ser as estratégias, os processos de transformação de aspirações em habilidades”, enfatiza Meira em entrevista à Forbes.
Martins, do Derrubando Muros, propõe que se documentem os impactos que a IA terá na sociedade brasileira, nas mais diversas áreas, da educação à segurança, traçando uma coluna de oportunidades e outra de riscos. “Isso deveria se transformar em uma linha quase que editorial, de cobrança e pressão para que o Brasil se adeque – não só o governo. Eu não vi ainda ninguém da sociedade civil trabalhando nisso”, diz ele, que sugere a criação de um think tank especializado em IA.
“Minha sugestão é chamar três pessoas – por exemplo, Silvio Meira, Ricardo Matsumura e Ronaldo Lemos – para ficarem fully dedicated a ajudar o governo a se proteger de medidas relacionadas à Inteligência Artificial e a difundi-la uma maneira sã, competitiva e, ao mesmo tempo, equânime, para que mais gente possa usufruir dos benefícios”, diz.
Kaufman, da PUC-SP, dá um passo atrás. Ela lembra que, para se ter estratégia nacional de Inteligência Artificial, o País precisa investir em infraestrutura. “Grande parte da população brasileira não tem acesso de qualidade à internet, então, isso é básico. Além disso, o Brasil não tem uma base de dados importante em português. Como se incentiva e financia a pesquisa? O financiamento da nossa pesquisa é muito baixo e foi diminuído ao longo desses últimos anos. Como qualificar as pessoas? Como responder ao processo de automação que vai deslocando o trabalhador?”, questiona. Em suma, são necessárias políticas públicas, inclusive para garantir recursos para investimento.
Ela lembra que todos os países mais avançados em IA já montaram, um tempo atrás, a sua estratégia. O Canadá, por exemplo, acaba de anunciar o investimento de US$ 1 bilhão em um centro de pesquisa importante de IA do país no Canadá. “Não adianta ter políticas, se não houver recursos para investir”. Por isso, uma das discussões mais importantes, segundo ela, é como o Norte Global pode ajudar o Sul Global neste processo.
Em síntese – mensagens-chave:
A Inteligência Artificial pode ser definida como um sistema que substitui o ser humano em tarefas mecânicas, computacionais ou quânticas, nas quais o uso da inteligência é necessária. Foi idealizada já nos anos 1950, mas somente se popularizou em 2022, com o lançamento de grandes modelos de linguagem, como o Chat GPT.
Com a Revolução Digital, a humanidade tornou-se capaz de criar um volume tão gigantesco de informações que, se não forem processados, não têm serventia. É aí que entra o valor da Inteligência Artificial: as redes neurais profundas, ou Deep Learning, são o único modelo estatístico atual com capacidade de lidar com esses grandes volumes de dados.
É uma tecnologia de propósito geral, ou seja, que muda a lógica de funcionamento da economia, tal como ocorreu com a invenção da máquina a vapor, da eletricidade e da computação, com impactos disruptivos na sociedade e evolução humana.
Vozes mais críticas identificam grandes riscos na IA, por entendê-la como a primeira ferramenta da História capaz de tomar decisões e ter ideias por si só. Portanto, é vista como a primeira ferramenta que, em vez de dar poder aos humanos, tira-lhes. Além disso, é uma tecnologia que vai muito além de executar tarefas repetitivas, e adentra o espaço da criatividade, da cultura e da arte, até então prerrogativas humanas. Mas há quem não veja risco de perda de controle humano sobre a IA.
Impactos, contudo, já estão em curso, como ataques à democracia, dada a maior facilidade em manipular imagens, distorcer a realidade, criar e disseminar mentiras; o desrespeito à privacidade e à propriedade intelectual; o crescimento na concentração econômica das big techs; o reforço de padrões dominantes em detrimento de grupos populacionais minoritários; e o aumento das desigualdades entre países detentores da tecnologia e os meros consumidores, com reforço do poderio do Hemisfério Norte ante o Sul Global.
Outro impacto é o ambiental: embora a IA tenha contribuído para o enfrentamento da mudança climática e a proteção da natureza, o desenvolvimento da tecnologia e os data centers exigem consumo intensivo de energia e grandes volumes de água para resfriar máquinas.
Para conter riscos da IA, há duas vertentes principais de regulamentação. A da União Europeia, mais rigorosa com as empresas, e a dos Estados Unidos, que busca uma auto regulação do mercado. Acredita-se que a UE busca uma regulamentação mais rígida para frear o poder das big techs americanas no território europeu.
O Brasil inspirou-se na vertente europeia de regulamentação, mas especialistas dizem que o debate ainda não está maduro para se estabelecerem regras no País.
Há um entendimento que a IA não irá substituir as pessoas, mas as pessoas que não utilizam Inteligência Artificial serão substituídas por aquelas que a usam. Estas farão seus trabalhos de forma não necessariamente melhor, mas de maneira mais econômica e eficiente.
Organizações têm avaliado o uso da IA por meio de três elementos: da eficácia, para que a tecnologia resolva problemas sem criar outros; da eficiência, para resolver problemas mais rapidamente; e da economia, para reduzir gastos.
O principal desafio será conjugar a Inteligência Artificial com as inteligências do indivíduo e a social (de grupos e redes) para resolver problemas em uma escala completamente diferente da atual. Quem conseguir dominar os instrumentos, ferramentas, teorias e conceitos dessa nova dimensão da inteligência aumentará significativamente sua performance individual.
Profissionais menos qualificados podem se beneficiar mais das tecnologias de IA para se capacitarem, em relação aos mais preparados, o que contribui para reduzir desigualdades dentro da força de trabalho. Do mesmo modo, microempresas conseguem ficar mais em pé de igualdade com concorrentes maiores. A IA é vista primeira como a primeira tecnologia disruptiva que gera um benefício maior para quem é menos qualificado.
No campo da educação, a transformação poderá ser revolucionária, na medida em que a IA permite criar itinerários formativos personalizados, substituindo o ensino massivo e menos eficaz.
Com interface amigável, todo mundo pode usar, até as crianças, ampliando e democratizando o acesso ao conhecimento, desde que haja inclusão digital.
No Brasil, 6,4 milhões de famílias permaneciam sem conexão à rede em casa em 2022. A falta de infraestrutura é um dos entraves para o uso da IA no Brasil.
Há temores de que IA se torne um Cavalo de Troia, que o Brasil recebe sem ter criado as defesas necessárias e estratégias para alavancar a tecnologia a favor da sociedade, o que demanda planejamento, políticas públicas e investimentos.
A sociedade civil organizada também se encontra bastante atrasada no debate sobre riscos e oportunidades da IA.
O Brasil deve repensar as competências e habilidades das pessoas por meio de um plano nacional. Isso exigiria uma mobilização da estrutura educacional brasileira em escala e velocidade nunca antes vistas, incluindo o Sistema S, todas as escolas técnicas e universidades, bem como empresas e ministérios.
A sociedade civil deveria mapear os impactos que a IA terá na sociedade brasileira, nas mais diversas áreas, da educação à segurança, traçando uma coluna de oportunidades e outra de riscos, pressionando para que o Brasil se adeque.
Uma das discussões mais importantes é como o Norte Global pode apoiar o Sul Global em políticas que gerem benefícios para as pessoas, o que requer transferência de conhecimento e investimentos vultosos.
Acesse os próximos capítulos, que tratam das aplicações de IA em:
Bioeconomia florestal – por Sérgio Adeodato:
Inovações cadeia do cacau – por Martina Medina:
Diversidade na produção de conhecimento – por Martina Medina:
Monitoramento das florestas para agendas de clima e biodiversidade – por Eduardo Geraque:
[1] Os large language models, ou LLM, são modelos de linguagem compostos por uma rede neural com muitos parâmetros. São treinados com grandes quantidades de textos usando aprendizado de máquina não-supervisionado. Os LLM surgiram por volta de 2018, com o modelo BERT.
[2] A mecânica quântica é uma teoria fundamental da física que descreve o comportamento das partículas subatômicas. Esses sistemas têm propriedades únicas, como superposição e emaranhamento, que são diferentes das leis da física clássica.
[3] https://openai.com/research/gpt-4
[4] https://braziljournal.com/silvio-meira-estamos-na-era-da-pedra-lascada-da-ia-mas-o-futuro-chega-em-800-dias/
[5] https://www1.folha.uol.com.br/tec/2024/04/nada-impede-a-criacao-de-ia-que-destruira-o-mundo-diz-professor-de-berkeley.shtml
[6] https://mailchi.mp/theshift.info/h-bolha-de-ia-generativa?utm_source=substack&utm_medium=email
[7] https://valor.globo.com/opiniao/noticia/2024/04/02/deter-o-uso-militar-da-ia-deve-se-tornar-preocupacao-global.ghtml
[8] https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/04/16/na-corrida-dos-softwares-a-regulacao-fica-para-tras.ghtml
[9] https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2024/04/a-internet-morreu-e-esquecemos-de-enterrar.shtml
[10] https://epocanegocios.globo.com/colunas/iagora/coluna/2024/01/custo-ambiental-da-ia-pouco-conhecido-pegada-hidrica.ghtml
[11] https://oecd.ai/en/wonk/how-much-water-does-ai-consume
[12] https://www1.folha.uol.com.br/tec/2024/04/ex-conselheira-da-openai-diz-que-empresas-precisam-de-auditores-externos.shtml
[13] https://understandingai.iea.usp.br/
[14] https://www.whitehouse.gov/ostp/news-updates/2022/10/04/blueprint-for-an-ai-bill-of-rightsa-vision-for-protecting-our-civil-rights-in-the-algorithmic-age/
[15] https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2024/04/o-que-o-brasil-quer-da-inteligencia-artificial.shtml
[16] https://theglobalobservatory.org/2024/04/when-it-comes-to-responsible-and-safe-ai-a-global-divide-is-emerging/
[17] https://forbes.com.br/forbes-collab/2023/06/rumo-futuro-silvio-meira-discute-perigos-e-oportunidades-no-trabalho-na-era-da-ia/
[18] Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação 2022, a Pnad TIC, e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
[19] https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/04/04/lula-diz-que-governo-tera-plano-para-desenvolver-ia-mas-que-brasileiros-nao-precisam-da-tecnologia.ghtml
[20] https://www1.folha.uol.com.br/tec/2024/04/lula-diz-que-brasil-nao-precisa-de-inteligencia-artificial-mas-tera-plano-proprio-para-a-tecnologia.shtml