A arena para a mais recente batalha travada pela indústria fonográfica em defesa do copyright é quase insuspeitada: as academias de ginástica australianas. Para quem curte um step e frequenta a academia regularmente, exercitar-se ao som de música original ficou muito mais caro com a decisão do Tribunal de Copyright australiano anunciada no dia 18 de maio.
Depois de um processo que se arrastou por cinco anos, movido pela Phonographic Performance Company of Australia (PPCA), a corte decretou que as academias devem pagar A$ 15,00 (R$ 23,06) por classe ou A$ 1,00 (R$ 1,54) por aluno. Antes, a taxa era de 96,8 centavos por classe. A PPCA representa gravadoras como Sony, EMI, Universal e Warner.
Em um comunicado, o Tribunal disse que o processo serviu para que fosse feita uma análise abrangente sobre o uso de música nas academias e “revelou que a música gravada é acompanhamento essencial” para as classes. De fato. Instrutores e alunos estão de cabelo em pé tentando substituir as canções por covers ou por outras que estejam no domínio público.
A Fitness Australia, uma rede internacional de academias com forte presença na Austrália, calcula que uma academia de tamanho médio, com 1.500 sócios e 30 classes por semana, teria de pagar A$ 23.400 por ano para que seus clientes malhem ao som de música original. Se o aumento for repassado aos clientes, quem sairá perdendo no final é a sociedade, diz a Fitness Australia, destacando que no país mais de 65% dos homens e de 55% das mulheres estão acima do peso ideal.
Mas a PPCA diz que a indústria de fitness está fazendo tempestade em copo d’água. A organização cita os nightclubs, cuja licença para tocar música gravada subiu de A$ 0,07 por pessoa para A$ 1,05 em fevereiro de 2009, mas que acabaram se adaptando. Isso mostra, segundo a PPCA, o grande valor da música para esses setores da economia. Os próximos alvos da indústria fonográfica são shopping centers e, acredite se quiser, funerárias.
Academias de ginástica e nightclubs fazem uso do trabalho de artistas e músicos para seu sucesso comercial – nada mais justo do que pagar por ele. Mas o caso escancara mais uma vez as parcas alternativas da indústria fonográfica diante do colapso das vendas de CD e do uso da internet para download de música. E fica a questão: será que o novo modelo de negócio das gravadoras vai ser colocar um batalhão de fiscais nas academias para garantir que a nova taxa seja paga?