Um número pequeno mas crescente de empresas passou a premiar os executivos que apresentam um bom desempenho socioambiental com bônus mais polpudos. Artigo recém-publicado no portal do jornal britânico The Guardian conta histórias como a da Xcel Energy, empresa norte-americana de geração de energia que incorporou metas associadas às emissões de carbono e ao padrão de segurança ao cálculo dos incentivos oferecidos aos seus dirigentes.
A prática também começa a despontar na Europa, com destaque para a Holanda. O banco ING, o conglomerado químico Akzo Nobel, a indústria do petróleo Royal Dutch Shell e a transporadora de encomendas expressas TNT já adotaram mecanismos para remunerar seus executivos que se destacam na promoção da sustentabilidade.
No Brasil, um levantamento do Guia Exame de Sustentabilidade, publicado em 2008, indicou que 29 das 128 empresas de grande porte ouvidas declaravam vincular a remuneração variável tanto aos resultados econômicos quanto aos sociais e ambientais. Outras tantas diziamincorporar apenas os resultados ambientais e um número um pouco superior avaliava só critérios sociais.
É evidente, porém, que há jeitos e jeitos de se fazer isso. O Guardian menciona um estudo realizado no ano passado pela IESE Business School e a Arizona State University que conclui que, em geral, as políticas de “bônus sustentáveis” são mera formalidade, com pouco efeito prático. Na Xcel Energy, por exemplo, os bônus continuam atrelados, majoritariamente, ao desempenho das ações da empresa.
Mesmo assim, este tipo de premiação funciona como uma cenoura colocada à frente do burro. A empresa sinaliza que as questões socioambientais são essenciais para a gestão e a avaliação dos funcionários. E isso faz com que eles vistam a camisa da sustentabilidade com mais gosto.
Por isso, essa estratégia é recomendada pela Ceres – organização que reúne investidores e ambientalistas e trabalha pela integração da sustentabilidade ao mercado de capitais. Num documento lançado em abril, “The 21st Century Corporation: The Ceres Roadmap to Sustainability” (link para a versão em pdf), a entidade sugere aos conselhos que reformulem as políticas de remuneração de executivos para que elas reconheçam a importância da sustentabilidade para a governança da empresa. “Os relatórios anuais devem divulgar o peso dado à sustentabilidade na avaliação do desempenho, para que fique claro para os acionistas e outros stakeholders como os executivos estão sendo recompensados”, propõe o documento.