À primeira vista, um terreno baldio pode parecer inútil. Mas, se corretamente cultivado, é capaz de transformar a rotina de uma comunidade. É essa a bandeira levantada pela Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, organização não governamental criada há 24 anos em Belo Horizonte. O objetivo, desde 1995, consiste na pesquisa e no desenvolvimento da agricultura urbana, aquela realizada em espaços reduzidos dentro da cidade ou em seu entorno.
Daniela Almeida, uma das coordenadoras-executivas da Rede e professora dos cursos de agricultura urbana, trabalha na ONG há 12 anos. Ela conta que muitas famílias de baixa renda melhoram de vida sensivelmente, graças ao cultivo, ao consumo e à comercialização de plantas medicinais, hortaliças e legumes provenientes de quintais e espaços comunitários. As plantações também são feitas em áreas como laterais de vias férreas e terrenos baldios particulares. “É um trabalho especial em várias esferas”, ressalta, citando iniciativas bem-sucedidas nos municípios mineiros de Betim, Nova Lima, Ribeirão das Neves, entre outros.
Em meados de maio, foi inaugurado o primeiro Centro de Agricultura Urbana e Familiar de Minas Gerais, instalado em Contagem, a terceira maior cidade do estado. Lá, Daniela e outros 40 colegas ministraram um curso sobre o manuseio do solo e os cuidados requeridos pelas hortas comunitárias.
Organizado em parceria com a prefeitura, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Associação Betel de Assistência Social (Abas), o Centro de Contagem tem capacidade para atender 350 agricultores. Nele, há um espaço reservado à piscicultura, uma estufa destinada à produção de mudas e um sistema agrofl orestal que auxilia no desenvolvimento de pomares e hortas.
A instituição, aberta à população e a grupos gestores como a Rede, deve integrar ações já desenvolvidas no município, entre elas as cozinhas comunitárias e o banco de alimentos.