Um grupo de cerca de 30 programadores se reuniu no último fim de semana em São Paulo e deu mais uma demonstração do que a mobilização hacker pode gerar. A equipe do Random Hacks of Kindness (RHoK), que já ajudou a população em desatres como os do Haiti e do Chile, desta vez teve a missão de desenvolver projetos para as principais necessidades das metrópoles brasileiras, em especial a paulistana.
Entre as ideias vencedoras , foi selecionado um sistema que fornece informações sobre abrigos às pessoas vítimas de enchentes ou deslizamentos e um outro que possibilita à comunidade denunciar depredações e descarte de lixo nas ruas.
No primeiro projeto, o Shelter me (“abrigue-me”, em inglês), a pessoa que teve sua casa invadida pela água ou que a tenha perdido em um deslizamento, envia um SMS para o “número Shelter me” e recebe uma resposta com as indicações do abrigo mais próximo. A ferramenta tem o objetivo de auxiliar outras vias de ajuda, como o próprio serviço da Defesa Civil do município.
Agora, a próxima etapa é construir um banco com os dados dos abrigos e disponibilizar o programa na rede. A ideia também tem o objetivo de incitar o trabalho colaborativo, permitindo que pessoas cadastrem suas casas ou outros imóveis como possíveis locais para abrigar as vítimas das catástrofes.
Já o outro projeto, o Urban Fact, tem a proposta de tornar públicas informações sobre vandalismo, pichações e ações de deterioração das vias públicas. Para isso, a pessoa registra a situação em foto ou vídeo e a divulga em redes sociais como o Twitter, com a inscrição “#urbanfact” ou “#fatorurbano”.
O Random Hacks of Kindness é formado por profissionais da Google, Microsoft, Yahoo!, NASA e Banco Mundial que decidiram organizar maratonas de desenvolvimento de softwares nos finais de semana, as “hackathons“, para tentar amenizar os efeitos de problemas práticos globais. Os melhores projetos são selecionados por um grupo de juízes e divulgados no site do RHoK (em inglês).
A primeira reunião do grupo ocorreu em novembro do ano passado, na Califórnia, quando os programadores elaboraram projetos que posteriormente ajudaram as vítimas dos terremotos do Haiti e do Chile. Essa foi a primeira edição da maratona no Brasil. Segundo Wagner Bronze Damiani, professor da FGV e um dos organizadores do evento, “as pessoas podem usar seus talentos para transformar a realidade ao seu redor, e a tecnologia é uma grande ferramenta para isso”.