Causou espanto aqui na redação um post do blog The EnvironmentaList, ligado ao site americano Earth Island Journal. O texto revela que o plástico não tem a mesma capacidade de reciclagem de outros materiais, como o metal e o vidro, e que, muito do que é vendido como “reciclado” não passa de plástico reutilizado.
A diferença é sutil. A reutilização apenas retarda o destino macabro do material, ou seja, o lixo. O exemplo escolhido pelo blog foram as camisas produzidas pela Nike para as seleções na Copa Do Mundo com fibra de garrafa pet. Inevitavelmente serão descartadas um dia. Já o vidro e o alumínio podem ser derretidos e transformados nos mesmos produtos continuamente, fechando o ciclo.
Polêmica à parte, fomos atrás de uma explicação científica sobre o caso. Segundo o professor Helio Wiebeck, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da POLI-USP, plástico é sim um material reciclável. O pulo do gato é que a reciclagem compreende um processo muito mais complexo e controlado do que o do metal ou o do vidro, o que o torna, por consequência, mais demorado e caro.
Um dos problemas nas etapas do processo é a possibilidade de contaminação desse material. As garrafas muitas vezes comportam combustíveis, materiais de limpeza e outras substâncias tóxicas antes de serem descartadas definitivamente. Para que se tornem novamente garrafas que contenham alimento, é necessário empreender um rigoroso processo de descontaminação, o que acaba onerando a atividade.
O plástico virgem, infelizmente, continua sendo mais barato do que a resina que se pode obter com a reciclagem, além de ter melhor qualidade. Assim, apenas a reutilização do plástico não está diminuindo em nada a demanda por petróleo e seus polímeros derivados.
Para Silvia Rolim, do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, o que falta é coleta seletiva. Segundo dados do Instituto, cerca de 10% das cidades de todo o Brasil contam com esse tipo de serviço. “Intensificar o processo significaria abastecer uma indústria recicladora ociosa em 30% a 40%”, revela. Hoje, cerca de 21% de todo o plástico utilizado no País vai para a reciclagem.
Manuel Maqueda, citado pelo The EnvironmentaList como um dos fundadores da organização Plastic Pollution Coalition, diz que a única solução eficiente é mesmo reduzir o consumo. Taí uma tarefa digna de McGyver nos dias de hoje!