• Espécie exótica ou introduzida é aquela que tem origem em uma região ou ambiente diferente daquele onde pode ser encontrada e pode conviver com as espécies nativas sem grandes problemas (é também chamada espécie estabelecida). Esta origem pode ser dentro de um mesmo país, mas de um local com características ambientais muito diferentes
• Já a espécie exótica invasora é aquela que, após estabelecida, torna-se apta a avançar sobre ambientes naturais e alterados, transformando-se em invasora. A Convenção sobre Diversidade Biológica define a espécie invasora como “uma espécie introduzida que avança, sem assistência humana, e ameaça habitats naturais ou seminaturais fora do seu território de origem”, causando impactos econômicos, sociais ou ambientais.
A situação no Brasil
Já foram identificadas mais de 380 espécies exóticas invasoras no País, catalogadas pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. A base de dados mantida pelo instituto está em constante atualização, no entanto, já aponta que a principal motivação para o deslocamento das espécies é o uso ornamental e a criação de animais de estimação que, juntas, representam cerca de 40% das introduções intencionais e são a principal causa de introduções de espécies no Brasil.
Para tentar solucionar o problema, Sílvia Ziller, diretora executiva do Instituto Hórus, aposta na intensificação de ações práticas para os problemas já instalados, e na adoção de medidas preventivas e de controle no manejo de espécies exóticas de valor econômico. Para isso, o investimento dos governos em capacitação técnica na divulgação desses problemas, para que sejam de domínio público, é fundamental.
Ela alerta que no Brasil os problemas estão sendo combatidos, de fato, apenas nos estados do Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina, onde as agências de meio ambiente estaduais estão estabelecendo programas de controle ainda praticamente restritos a unidades de conservação. “Não há nada de muito prático além dessas áreas, à exceção de alguns projetos pontuais”, conta. Em 2009, o Ministério do Meio Ambiente publicou uma estratégia nacional para espécies invasoras, porém, por enquanto, nada foi implementado.
Focht sublinha a importância nos investimentos em prevenção. “Já há estudos comparando esta estratégia com a de combate e controle posterior à entrada da mesma espécie invasora, mas em locais diferentes. Considerando-se apenas os custos financeiros, eles são menores na prevenção que no controle, a longo prazo, sem citar que o prejuízo ambiental pode ser incalculável e irreversível, se houver uma invasão”, lembra. Se o princípio da precaução, fundamento da Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica, e os marcos regulatórios fossem respeitados, nossa biodiversidade estaria mais protegida.
Curiosidades
O fenômeno das invasões por espécies exóticas ocorre em todas as parte do mundo, mas em alguns lugares elas são mais visíveis. Telmo Focht, da UFRGS, explica que a dificuldade de se encontrar exemplos de invasões na Europa por espécies com origem na Ásia acontece pelo fato de que desde a Antiguidade existe circulação de pessoas, tropas militares, animais e mercadorias entre estes continentes. Não há barreiras geográficas significativas que impeçam o movimento.
Em trajetórias sem grandes impedimentos e nas quais há muitos anos circulam espécies torna-se mais difícil identificar o que é exótico. O pesquisador cita ainda o caso da Rota da Seda, que liga o Oriente Médio e a China: “o trânsito contínuo e de longa data provavelmente ‘mascarou’ a origem de muitas espécies”, o que dificulta a detecção do que não é nativo.
O que nós podemos fazer:
– Não cultivar plantas ornamentais invasoras (como madressilva e beijinho)
– Nunca soltar animais de estimação em florestas, campos, parques ou outros ambientes naturais
– Nunca jogar o conteúdo do seu aquário em ambientes naturais
– Plantar espécies nativas no seu jardim (isso auxilia a espalhar sementes para recuperar as áreas próximas)
– Castrar seus cães e gatos
– Consultar os órgãos ambientais para saber como eliminar espécies exóticas invasoras
– Comunicar casos de suspeita de invasão de espécies exóticas à Secretaria de Estado do Meio Ambiente
– Adotar medidas para evitar fugas dos criadouros ou tanques
– Não trazer espécies, nem bulbos ou sementes como recordações de viagens
– Evitar o cultivo e a distribuição de mudas de plantas e árvores exóticas invasoras (conheça as espécies invasoras no site www.institutohorus.org.br)