A batata da próxima Conferência do Clima (COP16), que começa no final do mês em Cancun, está definitivamente assando. Cientistas da Universidade da Califórnia estimam que, se nada for feito para mitigar o nível de emissões atual, a Terra poderá levar mais de 100 mil anos para se recuperar das consequências da elevação de temperatura.
Nesta semana, a Sociedade Geológica de Londres está sediando uma conferência com pesquisadores de várias partes do mundo para discutir o modo como o planeta lidou com as mudanças climáticas há milhões de anos, quando a intensa atividade vulcânica liberou bilhões de toneladas de gases estufa na atmosfera.
A partir de análises de sedimentos de rochas formadas nessa época, os pesquisadores americanos estimaram os impactos das emissões sobre a temperatura e a vida das espécies. Segundo o professor Jim Zachos, a grande era dos vulcões, que terminou há 55 milhões de anos, fez o planeta aquecer em cerca de 6 °C, o que levou ecossistemas inteiros, inclusive aqueles com mamíferos primitivos, a se adaptarem, migrarem ou mesmo desaparecerem.
A pesquisa sinaliza que as emissões humanas poderão ultrapassar os valores da era dos vulcões, determinando o mais intenso efeito estufa de todos os tempos. A rapidez do aquecimento, com chances de ultrapassar a casa dos 6 °C, poderá causar um impacto nunca antes visto sobre as espécies do planeta. Só para lembrar, há 55 milhões de anos o Homo sapiens nem sonhava em habitar a Terra.
“Modelos numéricos apoiam essa interpretação. À luz das evidências apresentadas, é razoável concluir que emitir grandes quantidades de gases estufa por um longo período é, mais do que inconveniente, uma provável imprudência”, alerta o estudo.
*Com informações do Telegraph.