Nestes dias de COP16 três momentos vividos me fizeram por um instante parar de pensar apenas nos possíveis resultados e conseqüências deste encontro, e olhar para o processo de uma forma mais ampla.
O primeiro foi no ônibus lotado a caminho do Moon Palace, olhei ao meu redor e foi muito interessante notar que um terço do veículo era ocupado por negros no melhor estilo Africano, o segundo terço por orientais de diversas origens e os ditos brancos preenchiam a terceira parte, isso falando de uma forma bem generalista pois o numero de etnias no veículo era muito maior.
O Segundo foi na Plenária, com os representantes de todos os 194 países devidamente identificados por placas nas mesas, alguns deles ainda vestidos com roupas típicas. Uma plenária multicolor, um hot spot biodiverso…
O ultimo momento de reflexão foi durante o coquetel de abertura da COP que ocorreu na noite de segunda, onde todos os tipos de gringos possíveis saboreavam um banquete de nachos e tortilhas ao som de los mariaches.
É cliché, eu sei, mas esta mistura me relembrou a sensação de cidadão do mundo, de que estamos no mesmo barco. A escala e natureza da questão tratada aqui não respeita fronteiras, e isso gera o que talvez seja o maior desafio para o enfrentamento das mudanças climáticas, a colaboração global. Em aproximadamente 100 milhões de anos nunca tivemos que pensar no conjunto espécie para a tomada de decisão. Nossa visão, moldada pela necessidade, sempre se limitou aos parentes, vizinhos e, no máximo, compatriotas.
É interessante pensar que são as conseqüências de termos nos multiplicado absurdamente e nos espalhado por todos os cantos do Planeta que agora exigem que tenhamos que pensar conjuntamente, parece controverso e é um desafio inédito.
Tentando buscar a essência da questão, é só através desta visão de cidadania global compartilhada que conseguiremos resolver o problema. Se isso ocorrer, será uma rara conseqüência positiva das mudanças climáticas, valiosa para diversos outros problemas socioambientais que não estão na agenda deste encontro.
* cobertura completa da COP 16 aqui
Roberto Strumpf